Ansiedade mil

Controlar a ansiedade é uma tarefinha bem difícil… Mas eu chego lá. Minha mãe está pra chegar, as 5:30 chega em Miami, e de lá vai me ligar, até lá a ansiedade corroendo, e eu até essa hora não consegui dormir. Marido trabalhando, entrega de projeto e também não chegou.

Hoje, quase 1 hora da manhã fui passear com a Luana, e a rua estava deserta, quando ouço uma velhinha: “Miss, Miss, can you give me some help?” ela estava na porta de casa aí atravessei a rua e fui até lá. Ela me pediu para ajuda-la a levantar sua irmã que havia caído no chão. Claro, já calejada com as sacanagens que existem no meu país eu pensei duas vezes, acho que se tivesse no Brasil pensaria 10 vezes (depois conto um espisódio da minha inocência/burrice). Bom entrei na casa e ela foi me levando até o quarto e eu vi sua irmã no chão, de fraldas, deitada no carpete tentando se levantar. Me cortou o coração, fui ajudá-la (e a Luana rosnando) mas cada movimento que tentávamos fazer, ela reclamava de dor. Achei mais prudente tentar achar alguém mais forte, mas aquela hora na rua não tinha ninguém. Falei então para chamar o 911, e ela ligou e ficamos aguardando, eu fazendo carinho nela para ver se distraía um pouco.

Fiquei indignada, as duas senhoras morando sozinhas, numa casa imensa, sendo que a mais nova que cuida da mais velha que não consegue andar, também tem dificuldades. Como a família deixa elas assim? Se acontece algo mais sério, elas não tem a quem chamar numa hora dessas, tarde da noite. Naqueles minutos esperando a policia eu pensava, pra que viver assim? Ela não vive, sobrevive… fica na cama, não anda, e ainda sente dores. Não é opção nossa é claro, mas acho que não merecemos isso no final de nossa vida. Deveriamos morrer dignamente, sem sofrimentos.

A mais nova me disse que eu não precisava esperar, eles já estavam a caminho, mas eu não iria sair dalí e deixa-las sozinhas naquele estado. Contive a Luana que estava meio endiabrada e fiquei lá, ela agradecendo muito perguntando de onde eu era, pois meu sotaque parecia de francês, HUNF!

Nada da polícia chegar, eu já estava agoniada com a senhora sentindo dor quando ela começou a chorar, dizendo que o braço doía. Tentei ao menos virar o tronco para que ela apoiasse o braço de outra maneira e finalmente consegui sentá-la no chão, coloquei todas as minhas forças e conseguimos colocá-la na cam, arrumar sua camisola e deixá-la numa posição confortável. Fiquei ali ainda um instante para ver se precisavam de algo, mas estava tudo bem, e nada da polícia. Disse a ela que quando chegassem para que olhassem se o braço dela estava ok, pois ela ainda reclamava de dores, e como idosos quebram facilmente os ossos, fiquei com receio de ter acontecido algo mais sério.

Deixei meu telefone com ela caso ela precisasse de mais alguma coisa ou em caso de emergência.Dei um abraço e até ganhei um beijinho. Fiz minha noite, como é bom fazer uma boa ação, ajudar as pessoas ainda mais assim numa situação de extrema necessidade.

Bom acho que se eu dormir, o tempo passa mais rápido, vou tentar.

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