Barrichello

Estava lendo uma reportagem sobre Barrichello, e resolvi colocar abaixo, pois concordo com tudo que foi dito. Gosto dele, acho uma pessoa de bem, e eu simplesmente ADORO pessoas do bem. Não pessoas como Nelson Piquet, que eu acho simplesmente desprezível. Não estou julgando suas qualidades profissionais, e sim pessoais, pois eu acho que as duas coisas andam juntas. Muita gente falou muito mal do Rubinho quando ele permitiu a passagem de Schumacher naquele GP que já me esqueci qual era, mas eu me pergunto, qual brasileiro, na equipe que ele está, ganhando o salário que ele está não faria o mesmo? Todos falam que Senna não faria, mas ninguém pode julgar, pois a carreira dos dois aconteceu de uma maneira completamente diferente.

“Cansei de ver discussões do locutor da rádio com o jornalista Flavio Gomes, especializado em automobilismo, em que o primeiro tentava convencer o interlocutor de que tudo de ruim só acontecia com Barrichello. Até o dia em que o carro de Schumacher pegou fogo. Era o dia da caça.
Não sejamos maniqueístas. Alimentar a fama de azarado do brasileiro da Ferrari é dar asas às gracinhas, ao preconceito, às rodinhas de gozação que até podem fazer rir. Mas também destroem reputações, anos e anos de trabalho sério, duro e competitivo. Dizem.

Barrichello suporta a pressão de correr na mesma equipe de um dos maiores pilotos de todos os tempos. Agüenta as piadinhas, na maioria das vezes sem a mínima graça, de um país inteiro. Mora na Europa desde os 16 anos, onde construiu uma carreira vitoriosa no automobilismo ― falta-lhe um título na F-1, é certo. E se, agora, suporta “assédios morais” (assim seria o termo no jargão de recursos humanos) na renovação do contrato de todos (menos do dele) e na imputação de culpa por um acidente em que virou passageiro do próprio carro em Hungaroring, mantendo-se competitivo, é porque no mínimo ele tem inteligência emocional acima da média (para continuar nos termos de RH).

Alguns ainda buscam racionalizar. “A nota da Ferrari não tem nada a ver. O Senna sempre dizia que, para ele, zebra é pista”, me disse na última semana o editor de uma conceituada revista brasileira de competições. O que se discute, porém, não é o fato. É a versão. Dizem.

Por fim, só queria dizer que o brasileiro médio foi mal acostumado. Com as vitórias de Émerson, depois de Piquet, depois de Senna. O Brasil é ufanista sem nem sempre poder ser. Sem olhar as condições de trabalho (a cultura do improviso dá até motivos para se orgulhar dos bons resultados apesar da falta de condições). Como no Pan, em que o Brasil se equiparou a um país como o Canadá no quadro de medalhas… Motivo de orgulho. Dizem.

Arrisco-me a afirmar que, por ter começado na F-1 no distante ano de 1993, por ter se acidentado à véspera do fatídico 1º. de maio de 1994, à época da perda do ídolo e colega, por ter sobrevivido à era pós-Senna e por se manter zen em meio a tanto diz-que-diz, Rubens Barrichello já pode ser considerado um vencedor. Mesmo sem título na F-1.

Que venham as explicações lógicas, seja para a não-renovação (seria precoce discutir agora um contrato que só acaba no final de 2004), seja para os boatos que surgem na imprensa (na italiana se inventa muito, e isso sai como verdade no Brasil, afirma o piloto). Se há razão para ser persecutório, não sei. Fato é que Barrichello vem reagindo muito bem às piadinhas de mau gosto de sua equipe, a Ferrari, respondendo com desempenhos como o de Silverstone, na Inglaterra. Sou Barrichello desde criancinha. Dizem.”

por Luís Perez

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