INTOLERÂNCIA

Aqui no metrô de Nova Iorque você vê tudo que é tipo de gente e situação. Eu até já tive uma briga de quase rolar porrada com uma mulher pinel, tiveram que nos separar. Não espero mais nada de bizarro para ver numa viagem de metrô, mas hoje presenciei uma cena muito desagradável. Estava sentada lendo um livro e ouvindo alguém falando alto, como isso é normal aqui, nem me liguei de nada. O tom de voz começou a aumentar e aí liguei meu tradutor que estava desligado 😉 e comecei a prestar atenção na conversa. Era um rapaz que devia ter entre 25-30 anos, discutindo com outro que parecia ter a mesma idade, sobre russos, judeus etc. Não estava entendendo direito, mas os ânimos de um deles estava bem alterado e pelo que pude perceber, o que estava mais calmo estava tentando mostrar que a coisa não era bem daquele jeito, com todo o radicalismo que ele estava mostrando sua opinião.

Percebi que ele estava acusando os judeus, falando que eles só se preocupam com a própria raça deles, que sugam dinheiro do país e mandam pra Israel matar gente, que os alemães fizeram bem em tentar exterminar essa raça, e mandando que eles fossem embora do país dele. Na frente deles estavam sentados dois judeus, com idade entre 20-25 e ouviam aquilo tudo calados. Reparei que quando o doido falava de judeus, começava a olhar diretamente para os dois garotos, estava mesmo bem declarada a revolta. Depois de uma estação, o rapaz com quem ele estava discutindo saiu do metrô, até então não sei se eram conhecidos ou não. Achei que sozinho, ele iria se calar, mas ficou ainda mais irado e começou a chamar os judeus a sua frente de “motherfuckers” falando que fossem embora do país dele e os acusando de outras coisas que eu não pude entender, mas muito, muito agressivo.

Fiquei imaginando aquela mesma situação no Brasil, os judeus já teriam descido a porrada nele, aliás era o que ele merecia mesmo, estava louca para que isso acontecesse, mas aqui é dificil. Já presenciei várias cenas assim, em que as pessoas se agridem verbalmente até o máximo que podem, mas não se tocam, conseguem ficar naquele bate boca por muito tempo sem agressão física. Estranho né, nosso sangue é bem diferente. Os meninos ficavam quietos, só ouvindo os absurdos, e ninguém no metrô se intrometia. Começou a entrar gente na proxima estação que ficaram chocados com o que estavam ouvindo e acabaram se intrometendo, dizendo que não eram obrigados a ouvir a opinião dele. Um outro senhor que entrou vendendo lanches, também se tocou com aquilo e tentou dar uma lição de moral no indivíduo, mas ele berrava, estava completamente transtornado de raiva. Ainda bem que ele desceu na outra estação e ficamos livres de todo aquele stress, mas morri de pena dos meninos judeus, terem que ouvir tudo aquilo e aguentar calados. Haja paciência e controle…

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