Unplugged, com Sandy e sem Luana – DIA 2

CarroHoje amanhecemos com curiosidade de ver o estrago. Pela janela já dava para perceber que era enorme, dei café da manhã para as crianças, agasalhei-as e pegamos nossas lanternas. O corredor do prédio estava uma escuridão sem fim, mas a lanterna nos ajudou a achar a porta das escadas. Cinco andares com Lorenzo em um braço, carrinho pendurado em outro, lanterna na mão e olho nas escadas e na Luna que descia logo na frente iluminando o caminho com sua lanterninha. Acho que eu nunca tinha subido as escadas do prédio antes, nada parecia familiar, ainda mais sem iluminação alguma. Estava frio, mas a movimentação era grande, todos queriam ver a mesma coisa, o estrago que Sandy deixou. Assim que chegamos no lobby do prédio já percebemos a sujeira que deixou. Os vidros estavam muito sujos, folhas e lama grudados por toda parte. Pessoas procuravam saber quando a energia voltaria, e para minha surpresa, espanto e desespero, ouvi o que não esperava, que no mínimo demorariam de 4-5 dias, sendo otimista. Nessa hora me veio a cabeça todas as vezes que achei exagero ter que ir correndo comprar lanternas, baterias, água e alimentos. Pensei na minha comida da geladeira, que o mercado ficaria fechado, o quanto ainda teríamos de comida até que tivesse que providenciar mais, como carregaríamos nossos celulares, etc etc. Todo mundo estava assustado com essa notícia, que foi essencial para fazer muita gente fazer a mala e deixar os apartamentos em busca de vagas em hotéis e casa de amigos/familiares. Apesar de morar numa zona que não foi de evacuação, nosso prédio foi bastante castigado, não sei como ousam não nos incluir na zona A (a que corre mais risco e foi evacuação mandatória), já que estamos há 1 quadra do rio. O cenário foi árvores caídas, carros no meio da rua que foram arrastados pela água, motos no chão, placas de trânsito distorcidas, muita sujeira na rua, e os basements dos prédios inundados. O que mais impressionou no nosso quarteirão, foi um pilar de madeira, que deve ter vindo do rio, que foi parar em cima de um Mustang. Foi a atração, junto com um Mini Cooper (que inclusive pela minha janela, ví o dono tentando salvá-lo, mas teve que abandonar por que a água começou a invadir com muita força bem na hora) que de janelas abertas, ficou inundado por dentro e cheio de folhas secas.

Depois de andar pela redondezas, fomos atrás de algum lugar que vendesse bateria para nossas lanternas. O único lugar aberto era uma Deli na esquina, que para minha surpresa não estava enfiando a faca no valor das pilhas, estavam vendendo pelo mesmo preço que sempre venderam, achei espetacular não se aproveitarem desse momento para explorar as pessoas. Muita gente na rua, celulares na mão, mandando mensagens txt, e o assunto era apenas um, o furacão, as consequencias e os planos de fuga para não encarar uma semana sem luz, aquecimento e água quente que estavam por vir. Muita gente com mala, outras procurando wi-fi na frente do starbucks, carros ligados para carregar bateria dos celulares. Andamos até a Union Square e nada estava aberto, nenhum supermercado, banco nem farmácia. Procuravamos um lugar para comprar água, mas não achamos. Hora de voltar pra casa, fazer comida e planejar o que faríamos. A ordem era abrir a geladeira o menos possível para que o frio não fugisse, então pegavamos tudo rápido, e o almoço foi arroz, salmão e legumes. Confesso que até fiquei um pouco feliz com a falta de luz temporária, assim não teríamos computador para distrair e eu achei que conseguiria por minhas tarefas domésticas em ordem sem ter essa distração, mas esqueci do detalhe que sem energia a loça teria que ser lavada toda na mão, o banho demoraria mais pois teríamos que esquentar a água, no final acabou me dando mais trabalho e me deixando com menos tempo. Estreiamos a bizarrice que se prolongaria por dias, o banho deles na pia da cozinha. Esquentamos um caldeirão de água, esterelizamos a pia e Luna foi a primeira, e claro adorou a brincadeira, deixando Lorenzo ainda mais curioso para experimentar a nova atração da casa.

Com o dia anoitecendo mais rápido e sem luz, as crianças foram para cama mais cedo depois de brincarem no escuro, a luz de velas (supervisionados). Lorenzo já queria cantar parabéns e Luna apagar a chama. Nosso segundo jantar a luz de velas, foi mais um momento de conversa, desabafo, saudades da Luana. Fiquei preocupada com o que teriam feito com seu corpo, já que o plano era mantê-lo no freezer até quarta feira até que viessem coletar para a cremação mas sem energia, o freezer não funcionaria. O que adiantaria isso também, já que não havia mais vida alí? Estava difícil tentar não pensar nisso, não sentir a falta dela embaixo da mesa esperando Lorenzo jogar partes do seu jantar, mais difícil ainda estava tirar da minha cabeça a cena final dela, a minha, a volta, a falta. Vamos dormir que a dor também vai.
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Unplugged, com Sandy e sem Luana

Foram 7 dias de escuridão, muita coisa para contar, terei que dividir por dia. Sem energia, apenas com papel e caneta fui escrevendo o que estava acontecendo, para depois tentar colocar no blog. Vou tentar.

Dia 1- Segunda feira – o pior dia de todos / Parte I
O dia amanheceu horrível, chuvinha chata com muito vento e Luana bem caidinha. Minha branquinha não queria comer, bebia muito pouco e só saía da toquinha dela pra fazer xixi e nada mais. Não vinha esperar Lorenzo derrubar comida na hora do café da manhã, e nem ligou quando a chamei pra passear, foi quando decidi que era hora de leva-la ao veterinário. Liguei pela manhã e felizmente consegui um horário as 11:20, e quando perguntei se tinham para mais tarde, ele disse que não sabia pois dependia das condições do tempo, já que Sandy estava dando pinta por aqui. Saímos eu e Luana na chuva, ela na sacola pendurada no meu ombro, por 5 quarteiroes-avenidas, achei que não iria aguentar o peso, apesar dos 2 kilos que ela já havia perdido. Chegamos lá e quando a coloquei na mesa do veterinário ela nem se manifestou, do jeito que estava dentro da sacolinha ela ficou. Aquela reação me mandou um sinal tão ruim, que quando o vet me perguntou o que estava acontecendo não consegui nem começar a explicar, pedi desculpas e ele me ofereceu uma caixinha de lenço. Ela deveria estar tremendo de medo do médico, tentando fugir da mesa, ofegante, mas nada… a sensação que eu tinha era de estar vendo um passarinho doente nas minhas mãos sem poder voar. A tirei da sacolinha, ele a avaliou, ouviu todo o histórico e me disse que ela estava desidratada. Quando tirou a temperatura, febre de 40.5 C. Eu já chorando, disse a ele que fosse sincero, e que a única coisa que eu não queria era ver minha cachorra sofrer. A bexiga dela estava em espasmo, por isso ela ficava o tempo todo tentando urinar quando ficava de pé, mesmo que não houvesse mais nada pra sair. Já sabia o que o médico iria me dizer, mas foi difícil ouvi-lo dizendo que o câncer estava alí e isso não era reversível. Ele poderia dar antibióticos, um remédio forte para dor (ele disse que ela estava em desconforto), mas que não poderia dizer se ela voltaria a comer, se o espasmo da bexiga iria passar e que inevitavelmente eu voltaria lá para coloca-la para dormir (eutanásia) como acontece na maioria dos casos diagnosticados com esse tipo de tumor.

Nem preciso dizer o quão arrasada fiquei em ter que decidir alí se eu voltava com ela pra casa naquele estado e prorrogava sua vida (ou sofrimento) em um pouco mais de tempo apenas, ou a deixava ir embora em um estágio em que sabíamos não haver volta, e poupá-la de sofrimento maior, guarda-la na memória como aquela cachorrinha linda e pacata, feliz e brincalhona que sempre foi, protegê-la da dor. A razão e a emoção me pegaram de jeito e eu alí sozinha não sabia quem ouvir. Pedi ao médico que me desse um tempo para resolver, liguei para o Sergio e disse que Luana iria embora, senti então que minha decisão estava tomada. Desliguei o telefone, fiquei olhando para ela ali na mesa, na posição que ela sempre dormia e comecei minha despedida. Falei tudo que ela já sabia, que eu a amava demais e que jamais iria me esquecer dela. Não sei por que não a agarrei e dei muitos beijos, acho que no fundo eu não estava acreditando que alí seria mesmo o final. Fiquei parada chorando, fazendo carinho no seu corpo, quando ela resolveu ter uma reação ao ouvir alguém passando pelo corredor, e levantou a cabeça e as orelhas. Nesse momento, achei que aquilo era um sinal, como se ela quisesse me dizer que ela reagia e não estava tão mal assim. A peguei no colo e coloquei no chão, onde ela ficou sem andar, sem fugir pra porta como sempre fazia nas consultas. Se abaixou e começou a fazer xixi, era apenas isso que ela fazia nos últimos 3 dias. Coloquei-a de volta na mesa e comecei a falar as palavras que ela mais gostava de ouvir como “cookie” e “passear”. Ela me olhou, levantou a cabeça e as orelhas, mas não se levantou. Tudo que achei já estar decidido, voltou a estaca zero e quando o médico voltou e me viu chorando ainda mais do que antes, me falou sobre os remédios que poderíamos tentar e ver como ela passaria a noite. Ele quase me convenceu a leva-la de volta pra casa. Pedi que me respondesse sinceramente se achava que sua hora tinha chegado, ele disse que apesar de não querer influenciar na minha decisão, ou me induzir a fazer algo que me arrependesse depois, afirmou que sim. Levantou, examinou mais uma vez com toque e foi quando me disse que a bexiga estava em espasmo constante por isso ela não saía da posição de fazer xixi o tempo todo. Disse que sua qualidade de vida não era boa, que ela estava em desconforto e que ele tem certeza que aquela não era a cachorra que eu estava acostumada a ver. Ele tinha razão. Luana sempre teve receio de fazer xixi na nossa frente,  ela se encolhia toda apenas em me ouvir dizer “Não Luana, aí não pode fazer xixi!”. Sua tolerância a broncas era muito baixa,  mesmo que de leve era um pesadelo para ela, que muitas vezes segurava o xixi o dia inteiro quando eu não ia trabalhar para não fazer na minha frente mesmo que fosse no pad, o local onde ela era permitida a fazer. Da maneira como estava atualmente, ela fazia onde estivesse sem cerimônias pois não conseguia mais segurar e depois que acabava, me olhava desconfiada com o rabinho no meio das pernas, mas ao invés de bronca eu limpava e dizia a ela que estava ok, que eu entendia que ela não fazia porque queria, eu entendia a minha senhorinha idosa.

Fiquei ainda alguns minutos chorando enquanto o médico na maior paciência aguardava a minha resposta e quando pensei que inevitavelmente eu estaria outro dia alí de volta com ela num quadro ainda pior para fazer o que poderia ser feito naquela hora, preservando minha baixinha, evitando que ela sofresse, resolvi de novo que deveria seguir em frente e com firmeza mas muita dor, falei para ele que poderia fazer. Chorei muito, olhava pra ela o tempo todo como se quisesse encher minha mente com sua imagem, que eu não veria de novo. Quando ele voltou já com os remédios, me perguntou se eu ficaria na sala ou se eu preferia sair antes que aplicassem, mas decidi ficar com ela até o final, por mais doloroso que fosse seria ainda mais pra ela me ver saindo da sala e a deixando sozinha, então segurei sua cabecinha, e ele aplicou o tranquilizante. Eu me desesperei, o filme de nossa vida me passou pela cabeça enquanto eu sentia ela ficando molinha, relaxada, na mesma posição em que estava desde o começo. O ajudante veio para a aplicação do segundo medicamento, o que iria realmente levá-la embora. Quando o médico aplicou, o ajudante bem baixinho disse: “bye bye” e meu choro se tornou urros de desespero, eu não conseguia abraça-la nem beija-la, só conseguia chorar cada vez mais forte. Com o estetoscópio ele atestou que ela já tinha ido embora, e me avisou com um “she is gone”. Ele me deixou lá e me disse que eu poderia ficar até o momento que me sentisse pronta para sair. Fiquei olhando pra ela, sem acreditar que ela não mais existia, olhando sua barriguinha já mudando de consistência, não via mais o sobe e desce de sua respiração. Me despedi pela última vez e sem olhar pra trás fechei a porta e fui lá pagar sua última conta…

Foi tudo muito triste, obviamente todos que estavam na recepção ouviram meu choro e me viram sair dalí com a sacolinha vazia. Me lembrei do meu vizinho na porta do prédio com a coleira do cachorro também vazia, acabando de chegar do veterinário e passado pela mesma situação. Voltei sozinha na chuva, ainda bem que chovia, assim eu podia esconder o meu rosto e meus soluços atrás do guarda chuva . Voltei as 5 avenidas me lembrando do dia em que fui buscá-la no petshop, a última cachorrinha a ser vendida por ter sido a menor da ninhada. Era bem a cara dela esperar todos mamarem e pegar depois o que sobrasse. Me lembrei da carinha de medo e susto de quando ela entrou em casa pela primeira vez, da sua doçura, das nossas viagens, das inúmeras fotos lindas que tirei dela quando ainda era meu único bebê. Até um canguru de cachorro comprei para andar com ela no metrô quando a levava para trabalhar comigo no escritório. Desabei quando cheguei no jardim do prédio ao ver o lugar onde ela mais gostava de estar. Tentei chorar alí o máximo que podia para chegar em casa com o mínimo possível dessa tristeza. As crianças estavam comendo e ainda não sabiam de nada. Quando abracei o Sergio e não me contive, foi que a Luna percebeu que algo havia acontecido e então contamos a ela. Ficou triste pela Luana, mas acho que ficou ainda mais preocupada em ver a mãe triste e chorando, mas quando ouvi ela cochichando com o pai que queria comprar flores para alegrar a mamãe, me deu forças para conseguir segurar a tristeza um pouco mais.

A Chegada de Sandy – Dia 1/ Parte 2

Agua invadindo a calçada

No finalzinho da tarde o marido foi tirar algumas fotos no rio (onde já estava bloqueado pela polícia) e nós em casa esquentamos a água no panelão para tomar banho. Tentei em vão dar uma organizada na casa, mas a cabeça não funcionava direito, só consegui mesmo fazer o básico e esperar a Sandy chegar. Já chovia bastante e Luna não saía da janela esperando para ver o furacão. Enquanto eu preparava a janta, Sandy chegou com tudo, era vento para todos os lados, a água começou a invadir nossa rua que fica ha um quarteirão do East River. Quando começou a alagar é que nos demos conta que não demos a devida importância ao evento e não retiramos nossa scooter da rua. Vimos a água subir, passar a altura da sua roda e depois derrubá-la. Por sorte o carro que estava na sua frente a impediu de sair boiando. Sergio tentou descer com suas botas quando a água ainda estava na altura da roda, para tentar tira-la de lá, mas como os ventos estavam bem fortes, ele recuou. Assistimos a tudo, as pessoas se aventurando irresponsavelmente no meio da água a pé e de bicicleta, enquanto a polícia pedia para que saíssem imediatamente. A água avançava, os carros boiavam, árvores caíam, e a gente ficava na janela lamentando a falta de seriedade dada ao furacão, pois agora tínhamos uma moto submersa na água que provavelmente não vai mais funcionar, e as 3 bicicletas no basement que nessa altura do campeonato já estava todo tomado pela água.

Crianças na cama e a energia elétrica foi embora. Estávamos no escuro, tínhamos lanternas mas não muitas baterias. Pegamos as velas e tivemos nosso primeiro jantar a luz de velas. Quando a água começou a baixar, Sergio desceu as escadas munido de lanternas e botas para tentar resgatar o defunto. Se aventurou na água que já havia baixado bastante e conseguiu mudar a moto de lugar. Fomos dormir depois de assistir à enchente, era minha primeira noite no escuro e sem a Luana na sua caminha azul…
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News, not that good

A correria aqui em casa anda a mil, tudo porque sábado é aniversário da Luna, e a mamãe está fazendo absolutamente TUDO. Desde a decoração e as comidas, a única coisa que me livrei foi o bolo. O ritmo está pesado, muita bagunça, papel, tesoura, cola disposição e muito sono! Depois venho aqui mostrar o resultado, se ficar bom é claro. Hj foi um dia meio triste, recebi o laudo do ultrassom da LUANA (dog) que ela está com um tumor na uretra. Depois de mtas infecções urinárias, exames de sangue, urina e raio x o que eu não queria que fosse, se confirmou. Estou no aguardo da ligação do veterinário para saber sobre o tratamento. Em doze anos essa é a primeira vez que ela apresenta algo realmente sério, e agora vou torcer para que o tratamento que o médico vai passar seja eficiente e que ela não sofra.

Aqui uma das fotinhos dela que mais gosto!

Ta calor!!!

A priminha da Luana

mei7.jpg Eram priminhas, mas não se bicavam muito não. Uma porque era pequena e tinha medo, então ficava sempre na defensiva, e a outra, bem, essa era de lua, as vezes gostava, as vezes não. Ter um sharpei sempre foi o sonho da minha irmã, e quando comprou seu apto, casou e estabilizou, resolveu realiza-lo. Pesquisou bastante, soube de todos os probleminhas que o sharpei apresenta na maioria das vezes e também da instabilidade de humor. Conversando com uma amiga vet, ela nos disse que comprando de um canil bem conceituado, teria grandes chances de evitar vários desses problemas. Nos indicou um dos melhores do Brasil, ela ligou e foi buscar, lá em Joinville. O nome bem original, Mei- Mei, bem chinês e tão charmosinho, combinou com o charme das suas ruguinhas e o olhar pidão.
Não demorou para aparecerem os problemas, primeiro com a pele, ouvido, esses já manjados da própria raça. Iam e voltavam, e os probleminhas de comportamento, também começaram a aparecer. Mei-Mei se tornou bem temperamental, isso também era esperado, mas e a história de comprar no melhor canil do Brasil??? O que não era esperado, foram os problemas que foram chegando depois, como incontinência urinária, problemas na coluna por proximidades extremas das vértebras, e depois uma deficiência renal. Para piorar o quadro, num ultrassom, descobriu-se que ela tinha nascido com apenas UM rim. Dá pra ser pior? Ah foram idas e vindas a veterinários, milhões de exames, inúmeros tratamentos, como sessoes de acumpultura e ozônio pra coluna, já que cirurgia estava descartado devido ao rim, e tinha também a incontinência urinária que ocorria talvez pelo problema da coluna. Muitos veterinários, muitos remédios, muitas tentativas, muitos reais gastos, com algumas melhoras, pioras, e o diagnóstico e previsões não eram bons. Para os rins, só restava uma coisa: tomar soro na veia todos os dias… para melhorar um pouco o quadro, para que ela conseguisse comer sem vomitar. Não havia esperança de cura… pois com 2 rins já é um quadro crônico, imaginem com apenas um. Era uma questão de tempo, esperar ela começar a definhar, e morrer… os números dos exames, mesmo com o soro diário já estavam totalmente descontrolados, e a cada ida pra agulha, era um stress imenso de colocar focinheira, de ela tremer de medo, de dar um gritinho de dor na hora da picada. Nenhum fio de esperança, e os veterinários eram unânimes em dizer que aquilo poderia se estender por anos, apenas usando tratamentos paliativos, pois cura não tinha.
Que decisão difícil essa, de parar o sofrimento de um amigo, que não mais sentia prazer em fazer o que mais gostava, passear no quarteirão. Que antes entrava no carro com a maior alegria, espontaneamente, mas agora, não queria mais, pois já sabia que iria para algum lugar onde ia “sofrer”. As costelinhas sempre cobertas por rugas deliciosas de apertar, estavam a mostra, e nada mais parava no seu estômago, que antes devorava tudo.

Mei-Mei
se foi ontem, com apenas 4 anos de vida, comprada num canil conceituadíssimo, o Canil Wrinkled Eyes, que vendeu um cachorro com problemas genéticos que não se espera de um canil desse porte. Não estou querendo nesse post, disctir sobre compra/adoção de cachorro, não é essa a questão. Apenas queria alertar para que mais pessoas não sejam enganadas, achando que estão seguras se baseando apenas nisso.
Vamos sentir saudades dessas bochechas carnudas, mas agora lindinha, você não está mais sofrendo, e isso nos conforta e ameniza a nossa dor.

Cachorro x Filho

Para complementar o post anterior, e esclarecer também já que algumas pessoas me perguntaram sobre o que mudou na minha relação com a Luana depois que a Luna chegou, vou tentar explicar.
Quando eu era criança não dava bola alguma para cachorro, e até achava o da minha vizinha chato e irritante. Na adolescência, a paixão despertou quando o tio do Sergio que era veterinário disse que conseguiria um cãozinho para gente caso quisessemos um. Não pensei em raça, em nada, só queria um cachorro, e então ganhei o Pity. Nossa, amamos o Pity muito mais do que poderíamos imaginar, e quando saí de casa, o levei comigo. Uma vez ficou doente, gastei toda minha poupança com internação para poder salvá-lo, não media esforços. Lembro como se fosse hoje, meu desespero quando meu pai me disse baixinho num Domingo de manhã, eu ainda dormindo, que ele abriu a porta e o Pity tinha saído e descido sozinho. Saí feito uma louca as 7 da manhã pelas ruas, de pijama, chorando, procurando meu cachorro que tinha desaparecido, e finalmente o encontrei. Já tomei mordida, quase fico sem orelha, mas meu amor pelo Pity nunca diminuiu por causa disso, e pra mim ele sempre foi como um filho. Depois veio o Alfredo, um weimaraner delicioso, que convivi pouco, pois foi bem na época da nossa vinda para NY e eu apesar de ter planejado, acabei sem poder trazê-lo. Depois veio a Luana, já aqui nos EUA, que precisou ser escolhida a dedo, pois o apto proibia animais, e apelei para que a dona deixasse, prometendo que escolheria um cachorro que não latisse muito para não incomodar, e ela permitiu desde que assim fosse e que também fosse pequeno. Escolhi o westie, a raça da Luana, sem saber muito bem o que faria se ela latisse demais, mas parece que foi encomendada, Luana não late quase nada, é super meiga, um doce de cachorra, e eu a tratava como filha também. Levei sempre comigo pro Brasil, chorei qdo precisei deixar em hotelzinho quando fui pra Europa, deixava de sair na sexta feira quando pensava que ela já estava o dia inteiro sozinha, e até coloquei uma webcam para acompanha-la durante o meu trabalho. Uma vez, batendo papo com uma amiga no msn que não tem cachorro, mas tem filho, discutia exatamente sobre isso, que a Luana era como uma filha pra mim, e porque não poderia afirmar que a amava como tal, afinal era um amor imenso, de abdicação da minha parte, de querer o melhor etc. Mas uma frase dela me fez cair na real: “Monica, você daria sua vida pela sua cachorra? se tivesse uma situaçao entre uma vida apenas a ser salva, a sua ou a dela, vc morreria por ela? Pense sobre isso, e você verá que amor de filho e amor de cachorro são bem diferentes e não se comparam”.
O QUE MUDOU?
Antes da Luna, Luana era o centro da casa, as atenções eram TODAS para ela. Quando nasce um filho, a diferença que a amiga acima falou, fica muito nítida. Você olha pro seu cachorro e pensa realmente como é diferente, e como você achava que não era, até que o filho aparece para deixar isso bem claro. Amo menos a Luana? NÃO. Dou menos atenção? SIM, como deixei de me dar mais atenção também, por uma questão de tempo e prioridades, como deixei de fazer inúmeras coisas por mim também. Continuo levando a Luana pro Brasil comigo, mesmo a passagem dela sendo a mais cara de todos nós. Cuido dela com todo amor e carinho, sentindo o mesmo prazer que sempre tive quando a agarro e ela deita sua cabeça no meu pescoço e dorme comigo. E como gosto! sempre me transmitiu muita paz, abraçar e agarrar Luana, e isso ainda continua igual. Me preocupo da mesma forma quando suspeito que algo possa estar errado com a saúde dela, sofro ao pensar que um dia ela vai embora e nos deixar, e deixo MUITO claro para Luna desde cedo, que Luana é meu “outro” bebê e deve ser tratada com todo amor e respeito. Todas as vezes que Luna foi indelicada, destratou ou se estressou com ela, (isso é normal em qualquer criança) mostrei claramente minha indignação e sim, ensinei como se deve tratar qualquer animal, mas fazer ou forçar a criança a gostar de determinado bicho, não acho que seja possível. Nunca a ensinei a gostar de cavalos, mas essa é a paixão dela, e quanto aos cachorros, quem diz que ela não gosta sou eu, e quando falo isso ela fica brava, pois ela afirma que gosta sim! Espero que cresça gostando, como eu, e acho difícil ela “NÃO GOSTAR”, apenas poderá não ser o seu animal predileto. Não sei se consegui explicar a quem perguntou, o que exatamente mudou, talvez seja difícil até pra mim identificar isso, mas amo-a demais, faço tudo que está ao meu alcance para seu bem estar, a quero sempre por perto, me preocupo em ve-la feliz, apenas não tenho mais o mesmo tempo para dedicar a ela, e depois que Luna chegou, me lembro da frase a minha amiga, quando ainda não tinha filhos e percebo o quanto ela tinha razão, e a gente as vezes não consegue mensurar e diferenciar esse amor entre bicho de estimação e filhos, principalmente quando achamos que eles podem preencher esse lugar, e o tratamos como tal. Não são, bicho de estimação é bicho de estimação, filho é filho, e só tendo os dois (e o bicho vindo primeiro) para talvez entender o que estou tentando dizer.
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Atendendo a pedidos, Luana

Legal ver tanta gente perguntando da Luana, minha filhotinha mais velha. Já com 10 aninhos, ela continua a mesma brincalhona de sempre, igual quando era filhotinha, e é por isso que adoro tanto essa raça! Ela que não gostava de criança (na verdade tinha medo) hoje está muito mais sociável, graças a Luna. Aliás ela a adora, ouve a voz dela no corredor do prédio já corre pra porta toda feliz, pena que Luna não se empolga muito com ela. Não gosta da lambida que leva no pé, ou nas mãos, reclama quando ela quer pegar suas bexigas (Luana é LOUCA por bexigas) e quando vamos à festinhas temos que lembrar de trazer um balãozinho pra ela também. Percebo que a pequena não curte muito cachorro, mesmo os na rua ela não liga muito, e em casa mais reclama do que brinca com ela. Luana já está com 10 anos, alegria de 1, mas bafo e 20! Isso porque já fez uma limpeza de tártaro há uns 3 anos atrás, mas não onsigo lembrar de escovar es dentes todos os dias, então só eu mesmo que aguento as baforadas sem resmungar.
Muita coisa mudou depois que Luna nasceu, sinceramente por mais amor que você tenha, algo muda em relação ao cachorro. Não gosto menos, gosto apenas diferente, com a noção exata da diferença entre filho e cachorro, que antes da Luna e como qualquer pessoa louca bor bichos tem dificuldade em entender, e muitas vezes acha que esse amor pode ser igual. Só lamento ter desenvolvido alergia ao pêlo dela depois da gravidez, o que aconteceu já com várias pessoas portanto sempre que quero dormir agarradinha com ela na minha cama, como nos velhos tempos, tenho que ficar com o zyrtec ao lado, para tomar quando a rinite começar a atacar, e a garganta a coçar.
Lugar preferido da Luana: embaixo do berço da Luna, ou deitada nos bichinhos dela, quando ela deixa, claro.

PS: Quem está na dúvida em comprar um cachorro pequeno, recomendo MUITO essa raça. Late pouco, super dócil, bem humorado e LINDOS! Um amigo está vendendo um filhote, quem estiver interessado, pode entrar em contato com ele.

Ah, que saudades do petshop!

Luana banhoVou dizer, aqui em NY não é fácil ter filho e nem cachorro. Hoje acordei cedo pra dar banho na Luana, que já estava no limite do cheiro que consigo suportar. Antigamente eu dava banho toda semana, agora é realmente quando o cheiro está me incomodando, pois com o tempo escasso, não dá pra deixar mais ela cheirosinha e branquinho com a frequência que eu gostaria.
Aqui, petshop cobra caro para dar banho, claro pois a mão de obra é super valorizada. Portanto, se quero dar banho lá, melhor já tosar, pois custa quase o mesmo preço. Tosa: 65.00 e banho 45.00, entenderam porque prefiro dar em casa já né? Comparando com o Brasil, que cobra 20 o banho e 35 a tosa, me encoraja mais ainda fazer em casa mesmo. O maior problema é o trabalho que dá. Luana tem o pelo duplo, o que significa uma demora imensa para conseguir molhar as camadas e aplicar o shampoo. São mais ou menos 20 minutos lavando, depois de colocar o algodão no ouvido, que na segunda chacoalhada já vai parar um no lustre e outro na porta (exagerinho hehehe). São duas toalhas, pois mesmo depois das mil e duzentas chacoalhadas dela, ainda tem água de sobra pra encharcar as duas antes de ir pro secador. Essa parte é a mais demorada, o tempo depende de quanto consegui secar antes, e o tamanho dos pelos. Ela fica quietinha, só não gosta de vento no rosto e ouvido. Eu espirro, coço o nariz e fico agoniada vendo aqueles pelos voando pelo banheiro. Voam, grudam na cortina, estacionam em cima do papel higiênico, dos brinquedos da Luna na banheira, nas velas de enfeite. E a zona está feita, mais meia hora para deixar tudo limpo, e guardar todos os acessórios. São vários, veja a lista:
1- Pentinho pré banho, para tirar os pelos soltos e voar menos na hora de secar. (AMO e recomendo)
2- Escova de dente e pasta (própria pra cachorro) que uso antes do banho.
3- Pet Shower, um chuveirinho ótimo que é essencial no banho caseiro.
4- Escovinha para esfregar, ainda nao é a melhor mas quebra o galho
5- Secador normal de cabelo
6- Pente normal para cachorro
7- Tesoura (sempre tem algum lugar precisando de uma aparadinha)
8- Perfume para cachorro
Mas depois de todo o trabalho, ver essa gostosura cheirosa e branquinha.. huumm são mais 15 minutos de beijo e agarros!
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Melhor hora do dia

É muito bonitinho quando está chegando em torno de 6 horas da tarde, a Luana ficar atenta a todos os barulhos. Ela sabe que está na hora da “mamãe” chegar em casa. Nesse dia, eu estava em casa e quem pegou a Luna foi o Sergio. Achei muito engraçadinho que qualquer barulho que ela nem deu bola durante o dia, perto das 6hrs ela correu pra porta, e de lá só saiu quando Luna entrou. Outro dia percebi que perto da hora, ela deu um pulo da caminha e correu pra porta, e ficou chorando. Pensei: “Ela está com muita certeza, será que ouviu a voz da Luna na calçada?” Janelas fechadas, fica quase impossivel de se ouvir, mas ela foi certeira, nem 2 minutos e Luninha estava abrindo a porta. Demais, não?
Luana

Levando cachorro pra viajar

Para viajar com a Luana nunca foi tão caro como agora, principalmente quando viajo pagando apenas 300 dolares pela minha passagem. Os gastos começam assim:
IDA
1- Consulta no Veterinário para emitir o certificado de saúde – U$ 55.00
2- Vacina que estava vencida – U$ 35.00
3- Certificado Internacional – 60.00
4- Assinatura e Carimbo do ministério da agricultura U$ – 34.00
5- Carimbo do Consulado Brasileiro U$ 20.00
6- Taxa da TAM para levar para o Brasil: U$ 250.00
Procedimento:
1. Obter, de veterinário licenciado, certificado de saúde do animal, atestando que o mesmo encontra-se com boa saúde e que não há relatos de doenças contagiosas na região. Deverá obter, também, certificado de vacinação anti-rábica. O veterinário, se quiser, pode emitir um só certificado com todas as informações. O certificado deverá estar assinado pelo veterinário, com nome, carimbo e número da licença.
2. Os certificados acima deverão ser endossados por veterinário do Departamento de Agricultura – USDA, na área da jurisdição (vide jurisdição), que deverá apor sua assinatura, carimbo e selo seco do Departamento, até 10 (dez) dias antes do embarque do animal.
3. Apresentar o certificado endossado pelo USDA ao Consulado-Geral para legalização.
Dica: Quando levar o cachorro dos EUA pro BRASIL, fique atento com a vacina de raiva. Na volta, pra conseguir a autorização, terá que mostrar o comprovante ao veterinário brasileiro, portanto, leve uma cópia separada, ou a carteirinha de vacinação.No Brasil, a vacina anti-rábica é válida por 1 ano, enquanto que nos EUA é válida por 3 anos. Dessa vez tive problemas pois nas contas do Brasil, a Luana estava com a vacina expirada, mas aqui ela é válida até 2010. Segundo as autoridades da agricultura brasileira, as vacinas são as mesmas, portanto, no brasil essa validade não é válida, vacine de novo antes de sair daqui.
VOLTA
1- Consulta Veterinário no BR e emissão do atestado de saúde – U$ 30.00 (veja modelo do atestado abaixo)
2- Carimbo do ministério da Agricultura – Gratuito
3- Taxa da Tam para o transporte do cão- U$ 250.00
Total da brincadeira: U$ 734.00
Agora terei que pensar mil vezes antes de levar a Luana pro Brasil. A Delta Airlines cobra U$50.00, muito menos que os U$250.00 da TAM. Quando for ao Ministério da Agricultura, localizado no aeroporto de Guarulhos, tenha em mãos o atestado emitido em no máximo 3 dias antes e também a carteira de vacinação contra raiva. O bom é que ao menos esse serviço no Brasil é de graça.
Modelo do atestado
Eu, Dr. [nome do veterinário], declaro a quem possa interessar que o animal [nome], [raça], [espécie], [sexo], [coloração], [nº do microchip], nasico em [data de nascimento], de propriedade de [nome do proprietário], [nacionalidade], [endereço com CEP], [CPF], [nº de passaporte], foi examinado por mim e apresenta perfeito estado de saúde, não apresentando qualquer sintoma clínica de doenças infecto-contagiosas ou parasitárias e encontra-se livre de miíases.
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Cãe$$

Já comentei aqui há um tempo atrás, que em NY cachorro tem uma vida privilegiada, vários lugares para passearem, podem entrar em praticamente todas as lojas, tem calçadas largas para passearem e muita simpatia da população. Já do nosso bolso, não podemos dizer o mesmo, quando o assunto é a “manutenção”. No Brasil, gasto 15 reais pra banho da Luana que inclui corte de unha, limpeza da glândula anal, limpeza da orelha com direito a perfume e lacinho. Se quiser tosar, desembolso 40 reais e vem com serviço completo.
Por aqui, uma tosa completa, mais taxa, mais gorjeta, sai 70 dólares num lugar barato. Para apenas dar banho, não é todo lugar que faz e quando faz o preço é salgado, 45 dólares. Esses dias, liguei no petshop para saber quanto era apenas para cortar as unhas da Luana que estavam insuportavelmente compridas, (pois o banho eu mesma que dou em casa), e quase caí de costas, cobram 15 dólares. Um clip de cortar unha já é parte da necessaire da Luana, mas nunca faço pois tenho medo de cortar a veia, e fora isso, ela tem pavor de cortar a unha. Tenho também tesoura, shampoo pra clarear pêlo, perfume, chuveirinho para “pets”. Nova aquisição foi o lixador de unha elétrico, que parece com as ferramentas que o Sergio tinha no Brasil. Foi meio traumatizante as primeiras tentativas, mas na última pata ela já tinha até ensaiado uma dormidinha no meu colo. Adorei o produto, recomendo, pois ouvir aquelas unhas dela no piso já estava me dando nos nervos, e pior ainda pagar 15 dólares cada vez que a unha cresce e precisa aparar. A tosa agora, vai ser no Brasil, e o dentista também 🙂