Blogagem Coletiva – Pediatria nos EUA


Médico nos Estados Unidos é definitivamente diferente do que estamos acostumados no Brasil, inclusive os pediatras. Quando estamos grávidas, já somos aconselhadas a escolher um, que irá (na teoria) estar no hospital quando o bebê nascer e avaliar seu estado de saúde, inclusive assinar sua alta. Nas duas vezes que tive essa experiência aqui, nunca me perguntaram quem era o médico escolhido e muito menos ele esteve no hospital.
Alguns deles tem a política de não dar essa assistência hospitalar, e avisam que não visitam os recém nascidos no hospital. Os que praticam, promovem o chamado “open house” onde marcam um dia para os futuros papais irem conhecer a clínica e o médico. Fiz isso no nascimento da Luna, mas nem me preocupei quando foi a vez do Lorenzo, quem fez tudo foi o pediatra do hospital e depois fomos ao mesmo que atende a Luna hoje, em frente a minha casa.
Uma grande diferença é quando você tem filho homem e opta por fazer a circuncisão, que diferentemente do Brasil, ela será realizada na própria maternidade pelo seu ginecologista e não pelo pediatra. A primeira visita ao consultório acontece normalmente no segundo ou terceiro dia de vida, isso significa sair com seu minúsculo bebê na rua, pegar um metrô ou um taxi. A vacina contra hepatite é oferecida no hospital, mas os pais podem optar por dar no consultório do pediatra. A BCG que normalmente é a vacina que no Brasil é administrada ainda na maternidade, aqui nem é lembrada. De todos os pediatras que perguntei, nenhum dá e nenhum gosta. Mesmo quando com 1 mês tive que viajar com a Luna para o Brasil, minha pediatra me recomendou não aplicar, pois como eles realmente não confiam na vacina, disse que seria desnecessário pois sua eficácia é totalmente discutível.
Sempre tive a imagem de que ter filho era sinônimo de sair na madrugada pra levar ao hospital, já que meus amigos eram bons frequentadores dos pronto socorros de São Paulo. Me surpreendi quando percebi que aqui, praticamente se vai ao hospital apenas em uma super emergência. Em 4 anos, ainda bem, nunca fui a nenhum, todas as febres da Luna fora de hora, acionei o pediatra via um sistema de mensagem, que você deixa recado e ele lhe retorna. A primeira médica demorava um pouco, mas sempre ligava no mesmo dia para dizer quase sempre a mesma coisa, está com febre, dê o remédio, se não passar em três dias, ou se o remédio não fizer efeito, me ligue imediatamente que precisarei vê-la. Sempre foi pelo telefone que o médico me acalmava, me orientava e no dia seguinte se necessário eu levaria ao consultório.
As consultas são feitas nos primeiros dias, depois em 3 semanas, 2 meses, 4 meses, 6 meses, 9 meses e 1 ano. Quando precisei ir ao Brasil, tive um certo trabalho em resolver como fazer a vacinação, já que algumas coisas são diferentes, como por exemplo a vacina pneumococos, que aqui não é opcional, mas no Brasil em 2006 era. Como não estava incluída nas vacinas dadas no posto de saúde e nem o convênio cobria, fizemos particular no laboratório.
Aqui na terra do Tio Sam sentimos falta daquela consulta mais demorada, um atendimento mais cuidadoso e mais personalizado, me lembro que a primeira consulta da Luna na terrinha demorou 1 hora, com um médico super simpático que tirou todas as minhas dúvidas com a maior paciência. Em contra partida, aqui as coisas acontecem bem mais rápido, como por exemplo, os resultados dos exames vão direto para o médico, não são entregues para os pacientes, como no Brasil, que com eles em mão marcam o retorno ao médico, algo que pode levar até 1 mês ter o conhecimento do diagnóstico. Essa agilidade na minha opinião, é de grande importância, em 3 dias (média) o problema já foi diagnosticado, o paciente avisado e qualquer providência pode ser tomada imediatamente. Como sempre na vida de quem mora fora, perdemos de um lado e ganhamos de outro, basta se acostumar e aproveitar o que funciona bem em cada lugar.

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6 Responses to Blogagem Coletiva – Pediatria nos EUA

  1. Angela says:

    Adorei o post, é bem assim mesmo, minha sobrinha é nascida nos EUA e não tomou a BCG, eles realmente não gostam nem pra paises onde ainda aplicam eles acham necessário.

  2. Felippe Coaglio says:

    Oi Monica, tudo bom? Sou jornalista da TV Globo aqui em Nova York e vi o seu blog. Ele eh mto legal!! Queria saber como posso entrar em contato com vc. Queria te pedir uma jauda para uma reportagem que estamos fazendo para essa semana!!
    O meu e-mail eh esse cadastrado no site. felippe.coaglio_let@tvglobo.com.br
    Aguardo o seu contato e desde ja muito obrigado!
    Felippe

  3. Clarinha says:

    É verdade: perdemos de um lado e ganhamos de outro! De tudo que vc contou, gostei da parte que o médico resolve tudo pelo telefone. Puxa, parece eficiente mandar uma mensagem e receber a resposta sem ter que marcar consulta, esperar ter vaga, esperar, esperar…

  4. Clarinha says:

    É bem verdade que ganhamos de um lado e perdemos de outro. De tudo que vc contou, gostei da parte em que o médico responde as mensagens pelo celular. Parece melhor que marcar consulta e esperar uma eternidade pra saber que é só dar tylenol!

  5. Cintia says:

    Monica,
    Tenho 2 filhos, um nasceu na Europa e outro no Brasil. E na Europa eh exatamente igual aos EUA, o atendimento, os pronto socorros, os pediatras, com excessao do obstetra, que foi o mesmo que me acompanhou e fez o parto. O resto igual…..as vacinas, o mesmo falatorio. Mas como eu vinha muito para o Brasil, e visitas de um mes, fui aconselhada sim a igualar ao calendario do brasil, uma vez que nem todas as doencas estao erradicadas aqui.
    No Brasil tem uma diferenca enorme no atendimento particular sim….uma hora no minimo, consultorios totalmente voltados para criancas e seus irmaos (para ficarem brincando), vacinas, enfim tudo. Mas na hora do exame em um laboratorio ou hospital, dependendo da gravidade, sim eles encaminham e ja entram em contato com seu medico. Nao tive que esperar quando numa febre de 1 dia do meu filho (e qq medico me diria para esperar 3 dias), mas com minha intuicao de mae, levei-o para o hospital e podendo ouvir o ” eh uma virose, espere 3 dias,etc” fez exames na hora e foi diagnosticado a gripe Influenza……e o tratamento com Tamiflu foi feito na hora e esse remedio soh pode dar efeito nas primeiras 48 horas apos sua manifestacao, depois perde a eficacia. Sinceramente? nao tenho do que reclamar da prontidao medica daqui……..nem tudo dah para prever sem uma avaliacao fisica……

  6. Camila says:

    Cintia,
    No Brasil isso e mandar pros médicos é feito em casos de gravidade, que eles julgam (no laboratorio) já aqui nos EUA, isso é uma prática, ou seja independente da opiniao do laboratorio o seu médico vai receber seu exame, e ele vai poder julgar, tendo seu quadro completo, se mesmo o lab achando que nao é grave, se voce precisa ir ao consultório imediatamente. Quanto a avaliaçao física, aqui a gente não deixa de ir ao médico não, quando ele te liga, e voce descreve o que está acontecendo, ele pede ou não para ue vá ao consultório e na maioria das vezes, deixa bem claro, que se no dia seguinte, nada mudar, que tem que levar no consultório. As consultas não são feitas por telefone…