Essa foi recorde. Tudo que nunca havia acontecido em anos de idas e vindas, resolveu acontecer tudo junto dessa vez.
Começou no aeroporto, na hora de fazer o check-in na porcaria da Delta Airlines, a super competente funcionária não sabia qual assento que permitia colocar o bercinho especial que eu pedi pra Luna. Primeiro que a reserva do berço que eu fiz pela manhã, nem constava lá. Mas depois que ela reservou o berço, ela me colocou em qualquer assento e eu questionei se nesse assento permitia a colocação dele. Ela não sabia, pq a anta nunca deve ter entrado no avião e ter visto como ele é. Tive que ir na loja da Delta resolver o lance do assento, e então o rapaz me colocou no lugar correto, sabendo que eu também carregava um cachorrinho a bordo.
Entramos no avião depois de todo stress e chororô. Sentamos no lugar marcado, e logo chega um comissário avisando que o cachorro não poderia viajar naquele lugar pois era o único no avião que nao teria o assento embaixo aberto para encaixar a casinha. A opção era todos mudarmos de lugar (isso significa nao ter mais o bercinho) ou então o Sergio ia pro outro lugar com ela e eu ficava com a Luna e o bercinho. Discuti de novo, reclamei do despreparo dos funcionários que fizeram check-in pois deveriam saber disso, e nada adiantou. Se não fizéssemos o que estavam pedindo, teríamos que descer do avião. Com muita revolta o Sergio foi sentar sozinho com a Luana. Mas não acabou aí, a caixinha não cabia embaixo do banco. Discutimos novamente, pois as medidas dela foram aprovadas pela própria companhia aérea. Não teve jeito, a Luana veio mesmo no porão. ISSO NUNCA ME ACONTECEU com a JAL. Eu quero processar a Delta. Se não tivessem aprovado as dimensões eu teria vindo pela JAL ou TAM. Essa idéia está firme na minha cabeça, falta agora achar um advogado que faça isso sem me cobrar, que eu pague somente se ganhar.
A viagem foi boa, a Luna dormiu a noite toda mas no pouso começou a ficar enjoadinha e a chorar. Saímos e logo vimos que estamos nos EUA, não há preferência na fila por eu estar com bebê de colo. Fila enorme na imigração, Luna chorando e a gente meio nervoso por umas coisas que haviam escrito no sistema no dia que renovamos nosso visto no Brasil. Finalmente nossa vez, me liberou, e o Sé também, nos encaminhou até a salinha especial mas dizendo que estava tudo bem, que apenas precisávamos de um carimbo de lá. Huuumm… se está tudo bem porque fomos para a famosa salinha? Logo descobri o motivo, que nada tinha a ver com o que estávamos com medo, e sim devido a algum criminoso, terrorista ou algo do gênero, que tem o mesmo primeiro e último nome que o Sergio. Eles sabiam que os nomes do meio não eram iguais, mas mesmo assim, tomamos um chá de cadeira até que eles recebessem uma ligação pelo telefone autorizando a nossa saída. Lá dentro tinha um senhor com o mesmo problema e duas moças que não falavam inglês. Uma não tinha levado o telefone e endereço de ninguém, estava chorando. Ajudei na comunicação entre ela e a agente da imigração, foram lá fora falar com o parente que a estava esperando e deu tudo certo, liberaram. A outra é uma longa história, muito complicada, que o Sergio ficou ajudando na tradução com ela e o agente, mas no final ela foi deportada. Como nada pra mim é por acaso, esse foi nosso motivo de estar naquela sala. Ajudamos muito essa senhora, quando saímos finalmente falei com a filha dela que estava lá fora aguardando, liguei pro detetive que cuida do caso dela, pois a filha também não fala inglês direito, enfim, mesmo depois do aeroporto, já em casa, ainda estávamos tentando resolver o problema deles.
O chá de cadeira na salinha durou mais de 1 hora e até que os agentes foram simpáticos, me deixaram ir buscar a Luana que estava esperando com as bagagens lá na esteira enquanto aguardávamos a liberação. Ficamos com ela na salinha até que fossemos todos liberados. Tinhamos alugado um carro, pois era muita bagagem para um taxi. O Sergio me deixou no saguão e foi lá buscar no terminal C. Outra demora, eles não tinham car seat para criança da idade dela, tiveram que pedir emprestado para a Dollar, outra empresa de aluguel de carros. Quando ele finalmente conseguiu, não podia parar na frente do saguão que eu estava, então teríamos que empurrar DOIS carrinhos lotados de malas, e carregar Luna e Luana até o estacionamento. Felizmente, a filha e o marido da moça que ajudamos estavam com a gente e nos ajudaram.
UM FRIO ABSURDO e nós nem estávamos com roupas adequadas. Cobri a Luna toda, coloquei casaco, mas ainda assim as bochechas ficaram vermelhas. Lá vamos nós na super van (me lembra o filme miss little sunshine) finalmente de volta para casa. Chegando lá, subi primeiro com a Luana e a surpresa: a fechadura debaixo da nossa porta, que nunca usamos, estava trancada, e nós não tinhamos a chave dela. O cretino do Landlord veio no apartamento e trancou, sendo que tínhamos deixado aberta. Volta pra van, vamos até Manhattan pegar a chave com a pessoa que ficou com ela pra vir recolher as correspondências.
Mais alguma coisa pra acontecer? só faltava mesmo o piano cair na cabeça. Isso tudo a Luana morrendo de sede, Luna com fome e o leite na mala, pois eu fiz as contas que a mamadeira do meio dia já estáriamos em casa. Paramos o carro pra comprar água e leite. Luna mamou, Luana tomou água no potinho que carrego o leite da Luna, e assim no improviso elas ficaram satisfeitas, menos eu e o Sergio que estávamos morrendo de fome. Pegamos a chave e finalmente chegamos em casa. Ah esqueci do susto quando olhamos na avenida e não vimos a lambreta. Achamos que tinham guinchado, e aí se fosse, sería uma fortuna pra tirar de lá. Graças a Deus foi alarme falso, mas até perceber isso, a tensão foi alta.
Em casa, a sensação foi de alívio, parecia que eu estava há 1 ano no Brasil. Estranhei muita coisa, mas o mais bizarro foi o quarto da Luna. O cheiro que senti, as coisas, TUDO me remeteu há 3 meses atrás, na minha dificuldade com a amamentação, com os cuidados dela, meu despreparo, meus medos, angústias e minhas noites acordadas. A gente se esquece disso, eu realmente não me lembrava como isso tudo tinha sido tão forte. Depois de 2 dias aqui, ainda sinto isso toda vez que entro lá, mas acredito que jajá me acostumo.
Luna amou o móbile do berço que ela nem dava bola quando saiu daqui. Olhou fixamente para as bolas na parede, parece que gostou! Junto a isso, olhando a janela, a neve que nos recepcionou com uma belíssima paisagem, parecia literalmente dizer, “welcome back”.







