Tremeu

E depois de 12 anos, um atentado terrorista, peguei meu primeiro terremoto em NY. Ainda bem que foi BEM leve, nem se compara a experiência do 11 de setembro, mas deu pra assustar. Estava em casa, colocando água pra Luana, ou seja estava meio abaixada, quando senti tudo mexendo. Achei que estava passando mal, segurei na pia, ainda abaixada, mas estava demorando a passar a sensação e aí olhei para os lados, fiquei em pé e percebi que era o prédio.Nessa hora, bateu o medo, o que fazer? O lugar onde mais me sinto protegida, minha casa, está balançando! Peguei o Lorenzo imediatamente, e desci correndo pela escada. Lá encontrei duas mulheres, com a mesma cara de apavorada que a minha, descendo rapidamente. Lá embaixo, muitas pessoas saindo dos prédios, assustadas, sem saber ainda o que era aquilo. O segurança do prédio, tão perdido quanto a gente, ficou sem ação. Ao nosso lado, 3 mulheres, uma parecia a mãe e duas filhas adolescentes, descalças com cara de medo, como todo mundo, e a mais nova, com mais ou menos uns 13 anos, até nos fez rir, quando se aproximou do segurança, na maior calma e perguntou: “Nós vamos morrer?”
Lembrei então que tinha deixado a panela do arroz ligada, e a Luana lá sozinha. Subi, desliguei a panela, e por lá fiquei, quando vi as primeiras informações que diziam nao haver necessidade de pânico. Falar é fácil, mas quando você se sente assim impotente diante de uma situação tão imprevisível, é realmente difícil raciocinar. Depois de tudo, só sobrou o embrulho no estômago.
Agora vamos aguardar o Irene, que deve chegar aqui, se chegar, no Domingo. Estamos bem pertinho do Rio, acho que vamos ter emoção!

Os cavalos do Central Park


Sempre dou dicas do que fazer, comprar e ver em NY, mas hoje vou dizer o que NÃO fazer: o passeio de carruagem do Central Park. São 68 carruagens, uma média de 200 cavalos e 360 “motoristas”. Essa semana, mais um acidente com um cavalo aconteceu nas ruas da cidade, antecedido por um na semana passada, dia 26 de julho quando um táxi bateu em uma delas em plena quinta avenida. São várias pessoas e instituições que lutam contra essa atividade, algumas querendo acabar por completo, e outras como a New Yorkers for Clean, Livable and Safe Street que propõe um passeio alternativo talvez com alguns carros de época. A Coalition To Ban Horse-Drawn Carriages mais específica para a causa dos cavalos, e estão sempre pela cidade fazendo seus protestos e pegando assinatura para a petição que visa acabar de vez com essa prática na cidade. Uma prática aliás que ganha força por existir há muitos anos e ser uma tradição de família, que vai sendo passada para a nova geração.
Desde 1983 foram mais de 40 acidentes na cidade de Nova York envolvendo os cavalos, e vários deles causando a morte dos animais, nas ruas e dentro dos estábulos espalhados no meio da cidade, para onde vão a noite “descançar”. Esses estábulos são altamente perigosos, pegam fogo com facilidade, e como muitos são em prédios com mais de dois andares, fica ainda mais difícil a evacuação em caso de incêndio.
Outras razões não faltam para banir essa atividade:
1- Espaço
Nova York é uma cidade grande, com trânsito caótico que não comporta essa atividade. Imaginem cavalos no meio de bicicletas, taxis, ônibus, pedestres, e veículos de emergência? Receita para um desastre.
2- Maus tratos
A vida “útil” de um cavalo que trabalha nas carruagens de NY é abaixo de 4 anos. Se você comparar com os cavalos da polícia que trabalham em torno de 14 anos, já dá pra perceber o quanto são explorados. Depois que eles se aposentam, vão a leilão, e o destino é incerto, dizem que muitos acabam indo pro matadouro, virar comida para os humanos. Sem dizer que os cavalos ficam alí por mais de 9 horas em pé, muitos com sede, cansados, faça chuva, sol ou neve e muitas vezes ficam sem água suficiente para beber.
3- Fiscalização ineficiente
Existem leis para proteger os pobrezinhos, o problema é fazer elas valerem. O ASPCA através de doações, criaram um programa para fazer o cumprimento da lei, que são um tanto complicadas, mas com tantos cavalos nunca tem agentes suficientes para fazer a fiscalização. Algumas dessas leis são:
– férias de 5 semanas por ano para cada cavalo, que deve descançar no pasto, em um lugar ao ar livre
– Não trabalhar com temperaturas acima de 30 graus e nem temperaturas muito baixas
– Nenhum cavalo com machucado deve estar nas ruas.
– Controle de peso da carga que eles carregam.
Portanto se a lei não pode ser aplicada, o serviço não deveria existir
4- Saúde e ambiente
O cheiro nas redondezas do Central Park é simplesmente insuportável. As fezes e urinas acabam sendo limpas pelos serviço público, mas ainda assim a “caatinga” é forte. Moradores da área já cansaram de reclamar, não podem abrir suas janelas no verão, e até uma escola que fica ao lado de um dos estábulos já reportou a incidencia de alunos com problemas respiratórios.
Para quem vier a NY, tem milhares de coisas legais pra fazer, inclusive trocar a carruagem pelos pedicab, que são taxis de bicicletas, que podem fazer o mesmo passeio e por muito menos. Querem ajudar nossos cavalinhos? Assinem as petições!
http://www.ny-class.org/action/petition e também http://www.banhdc.org/petition.shtm
Acompanhe também pelo Facebook!
Não vou colocar foto dos cavalos mal tratados, pois muita gente não gosta de ver, mas quem quiser pode ver mais e também assistir alguns vídeos do abuso.
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A magrela em alta

Aqui você não tem seu celular roubado na rua, nem motoqueiros assaltando nas calçadas ou faróis. Pode deixar uma bolsa esquecida em algum lugar e encontrá-la no mesmo lugar depois de horas, ou até mesmo usar seu laptop no metrô ou em praças sem correr o risco de ser assaltado, mas nunca descuide de sua bicicleta. Nova York é a campeã em roubos nessa “modalidade”, sendo mais arriscado ter uma delas do que ter um carro.
Muitas pessoas, já acostumadas a ter a bicicleta roubada, usam até 4 cadeados para garantir a segurança, mas ainda assim, não adianta. Os ladrões são rápidos e muito caras de pau. A mais recente vítima do roubo foi o apresentador de telejornal da CBS Lonnie Quinn. Com sua bicicleta de U$2300.00 roubada quando estava estacionada em frente a sua academia de ginástica no Upper West Side, ele resolveu trocar o meio de transporte por patins. O cadeado que ele usava, um Kryptonite vem com seguro contra roubo de bicicletas de até 3000.00, mas a apólice exclui Nova York que é pelo quarto ano consecutivo a campeã entre as cidades onde mais roubam bicicletas.
Aqui no meu prédio, desapareceu o banco da bike do Sergio, que fica em uma sala do condomínio que é fechada e só os moradores tem a chave. Esse banco já era o segundo, pois os originais das duas, haviam sido roubados no ano passado quando fomos a uma festinha de criança e as deixamos estacionadas devidamente seguras, por duas horas. Nesse dia, tivemos que voltar a pé, com a Luna sentada na cadeirinha e o Sergio empurrando, e quando estávamos em uma das esquinas do East Village, um senhor que vende cacarecos na rua nos contou sobre o mercado negro de bancos de bicicletas na cidade. Ele sugeriu irmos até a próxima rua para comprar um banco mais barato, mas obviamente deveria ser roubado e não vamos alimentar um comércio do qual somos vítimas, e que só existe porque tem gente que compra. A boa notícia é que o ladrão aqui do prédio se arrependeu e resolveu, depois de 3 meses, devolver o banco e colocou exatamente no mesmo lugar de onde tirou. Vai entender…

Promoções sem fim

Aqui é com certeza o país das liquidações “verdadeiras”. Uma das mais famosas, a Black Friday, arrasta multidões que começam a fazer fila nas portas das lojas no dia anterior, aguardando a abertura que normalmente acontece de madrugada. A Zara, tem uma imperdível no final do ano após o Natal, que se você der sorte, encontrará aquela roupa meio “carinha” que ficou namorando durante toda a estação, com um preço irresistível. Já comprei calças lá de 50.00 por 9.90, casaco de 150 por 60.00, calça masculina de 60.00 por 20.00 e por aí vai. A Gap sempre tem promoções durante o ano, aliás parece que sempre tem uma acontecendo, tanto que se não tiver nenhuma, nem entro pois sei que dalí uns dias alguma vai acontecer. Esse ano comprei um moleton para Luna que custava 40.00, por 20.00, e a promoção durou apenas 1 semana, quando voltei lá o preço dele tinha voltado ao normal, e nem sobrou nenhum para a liquidação de final de ano. O bacana é que ao contrário do Brasil, que liquida no final das coleções, aqui também tem promoções quando elas começam.
Um ótimo aliado para as consumistas são os cupons. Recebemos via correio, ou podem ser achados na internet, como esse que acabei de receber no email, que está tentador para quem quer comprar brinquedinhos da fischer-price, compre um e ganhe outro grátis. Para as mamães que como eu, são viciadas na Babies R’ Us um cupom bom aqui também, mas corram que é somente nessa sexta e sábado, e aqui isso não é papo não, no domingo, os preços estarão normais novamente.Tentador não?

Bike x Pedestres x Carros

Desde que nos mudamos para Manhattan, mudamos também nosso principal meio de transporte. Estando no Brooklyn, não tínhamos como escapar do metrô, todos os dias. Em 2005, quando morávamos em outra parte do Brooklyn, usávamos o ônibus expresso, e agora o transporte da vez é a bicicleta. Sergio leva e busca Luna na escola com ela, faça sol, chuva ou mesmo neve, lá vão os dois se aventurar pelas ciclovias, munidos de capas, capacete, bota de chuva, e mochila. Acontece que há uma guerra declarada entre elas, os carros e os pedestres. Como em São Paulo, os motoqueiros são odiados, aqui quem assume esse papel, são os ciclistas. Até hoje não entendo, como uma cidade como Nova Iorque tem tão pouca moto e tanta bicicleta. Os couriers, que fazem o papel dos motoboys, entregam tudo pedalando, os entregadores de comida, que são muitos aqui, cortam os carros, sobem nas calçadas, andam na contramão, fazem barbeiragens, e então ganham a antipatia das pessoas, assim como os motoboys de SP ganharam. O ruim, é que os ciclistas legais, que respeitam a lei, acabam pagando o pato, agora a policia de NY está em cima, multando além daqueles que não páram no semáforo junto com os carros, andam fora da ciclovia, ou não respeitam as leis. Está pegando no pé de todos, só esperando uma falha, nem que seja mínima. Agora pasmem com a estupidez da polícia, ela simplesmente parou o seu carro em cima da ciclovia, e começou a multar os ciclistas que estavam fora dela, mas o detalhe é que eles estavam fora dela justamente pra desviar do carro deles que estava ocupando o espaço onde eles deveriam estar. Precisou que alguns mostrassem a eles a incoerência para que pudessem então colocar a viatura do outro lado da rua. Dã!
Os pedestres não prestam atenção, e eu me incluo nessa, sempre esqueço de olhar se vem bicicleta e invado a ciclovia quando estou aguardando o sinal abrir. Como pedestre, odeio os ciclistas de delivery, como ciclista odeio os pedestres. Carros, parecem não saber que ciclovia é para bicicleta, param, estacionam, e trafegam por elas. Os taxistas fecham, os ônibus amedrontam, os pedestres dão sustos, e pedalar vai ficando perigoso. A cidade tem investido bastante na criação desses espaços exclusivos, mas ainda falta muito respeito da parte dos motoristas para que elas realmente possam cumprir sua função. Já existe até um site onde os ciclistas podem colocar, anonimamente, fotos de infrações juntamente com a placa do infrator.
Nesse verão, eu já planejava pedalar levando o Lorenzo na cadeirinha, já que em vários países da Europa os pais já levam junto assim que eles conseguem sentar (ele só andou de bike na minha barriga, como mostra a foto abaixo). Resolvi da uma espiada na lei, já que estão a fim de faturar aplicando multas e descobri que aqui, só pode estar na bicicleta como carona, crianças a partir de 1 ano de idade, dançamos. Entre outras coisas, descobrimos que buzina é obrigatório, e luzes a noite também. Crianças menores de 14 anos são obrigadas a andar de capacete, e pedalar na calçada é proibido, a não ser que seja criança menor de 12 anos e a bicicleta de aro menor que 26. Veja mais regras aqui.
Acho que nesse verão, terei que me contentar mesmo em ser pedestre, e lembrar de prestar atenção, principalmente na ponte do Brooklyn, onde as bicicletas tem seu lugar exclusivo, mas os turistas desavisados e embasbacados com a vista, não percebem que estão no lugar errado, e levam inúmeros gritos de “excuse me”, “bike lane” dos ciclistas enfurecidos.

Ser mãe em NY

Feliz dia das mães atrasado para todas as leitoras mamães desse blog! (comecei a escrever no dia das mães, mas só acabei hoje, sorry!)
Ah, ser mãe não é uma tarefa fácil não, e pela minha experiência, a parte mais difícil e delicada dessa jornada, sem dúvidas, é a educação. Como é difícil tentar fazer o certo, saber se o que julgamos ser o certo, realmente é a melhor opção e quais as consequências futuras, mas tenho certeza que a todo momento estamos sinceramente tentando acertar e fazer o melhor.
O cenário que sempre me imaginei mãe, foi no Brasil. Sonhei em ver meus filhos frequentando a casa dos avós nos almoços de domingo, arrumando a mala deles e o porta – malas do carro para passar o final de semana na praia, com os amigos e uma cervejinha gelada, deixá-los brincando lá embaixo com os amigos do prédio, passar a manhã de sábado na piscina, chegar do trabalho e encontra-los prontos para jantarmos, porque alguém já teria feito a parte chata de arrumar a casa, cozinhar, e organizar a bagunça. Assim poderíamos, antes de dormir, contar historinhas sem a pressa de depois ter que ir arrumar as coisas (louça suja, roupa suja e etc) para não acumular pro dia seguinte, e ainda conseguir dormir cedo para não ficar um zumbi no dia seguinte. Também sonhava em ver meus filhos com um uniforme das escolas que eu admirava na minha infância, encadernar seus livros e conversar com o “tio da perua” que viria trazê-los em casa todos os dias. Ter direito a fila especial quando grávida no banco, supermercado, e ter o parto em um hospital confortável, com quarto privativo, e enfeitezinho de maternidade na porta, cheia de cuidados e bom atendimento, e companhia durante a noite inteira.
Aconteceu que fui mãe, como eu sonhava, mas com um cenário completamente oposto. Não vamos na casa dos avós almoçar, eles só se encontram no máximo 2 x ao ano, e perdem a maioria de suas gracinhas. A praia é só de avião, ou então de trem, sem direito a porta malas cheio, com direito a agua gelada, que nem consigo entrar para um mergulho, nem cervejinha gelada olhando pro mar. Nada de ajudante diariamente, arrumo a cozinha, faço o jantar, dou banho, arrumo o banheiro, arrumo o quarto, lavo roupa, durmo tarde e acordo cedo. Todo dia escolho uma roupa para ela ir a escola, onde ela vai de bicicleta com o pai, todos os dias. Se o trajeto é feito de carrinho, é no braço que carregamos escadas abaixo. A gravidez ou bebê de colo não me dá preferência em nada, a não ser no metrô que algumas pessoas oferecem seu lugar para eu me sentar. O parto foi em hospital com quarto dividido, atendimento que deixa muito a desejar, e sem companhia durante a noite, pois no quarto dividido isso não é permitido.
Como estou fazendo o exercício de ficar feliz onde estiver, me desapegar das minha idealizações e esperar que tudo saia como imaginei, tenho que dizer que ser mãe em NY é também poder andar com seu filho sem a preocupação em cada esquina que alguém poderá te assaltar, levar seu carro com seu filho dentro ou ele levar um tiro de bala perdida. É poder dar uma qualidade de vida melhor, com tantas opções de lazer gratuita na cidade, acesso a cultura com muito mais facilidade, possibilidade de conviver com tantas pessoas de culturas diferentes, economizar em escola, já que aqui a escola pública realmente funciona e é boa. É também poder comprar roupas, sapatos e brinquedos sem ferir tanto o orçamento doméstico, poder comprar mais livros, viajar mais barato, e andar a pé pela cidade inteira.
Ser mãe é muito bom, mesmo que você ouça mais de 500 vezes por dia aquela voz que nunca cansa, te chamando “mamaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaae” . Mesmo que seu sono nunca mais seja o mesmo de antes, que vá demorar muito ainda para você consegui ficar na cama até que tenha dois digitos antes dos dois pontinhos do relógio, e que você tenha mais prazer em ir a uma festinha de criança barulhenta do que ir a um barzinho badalado. Só a gente consegue entender como apenas um sorriso, e um “I love you mommy” tem a capacidade de fazer tudo isso ser possível.

Luna pegou essas sacolas de presente que temos em casa, fez um desenho e colocou dentro de cada uma, para me dar de surpresa de presente do dia das mães. Linda…
<< No Mundo da Luna: Muito Chique >>
<< My name is Lorenzo: Risos e Baba >>

BREAKING NEWS

E Osama finalmente foi capturado, após 10 anos de busca. New York comemora, Washington também, mas tenho medo. São 1:40 da manhã aqui e o povo está nas ruas, celebrando, enquanto fico pensando o que vem por aí, depois da morte do terrorista mais procurado da história. O que não sabemos é se finalmente o terror vai acabar, ou se apenas vai piorar. São em torno de 10 mil pessoas mortas nesses 10 anos desde 9/11:
– 2,735 civis no World Trade Center
– 87 passageiros e tripulação a bordo do vôo 11 da American Airlines
– 60 passageiros e tripulação a bordo do vôo United Flight 175
– 343 bombeiros e pessoal de resgate
– 23 policiais
– 47 trabalhadores do Port Authority
– 37 policiais do Port Authority
– 36 passageiros e tripulação a bordo do vôo 93 da United
– 65 passageiros e tripulação do vôo 77 da American Airlines que bateu no pentágono
– 125 pessoas que morreram dentro do pentágono com a colisão
Fora isso, na guerra que Bush começou à caça de Bin Laden, já foram em torno de 5900 mortes de soldados americanos na guerra do Iraque e Afeganistão. Essa página no Washington Post, mostra cada um dos soldados mortos, local da ocorrência, idade (o que choca, a maioria 20-25 anos), cidade natal, e detalhes do incidente que culminou na morte de cada um deles.
Obviamente nós que vivenciamos os ataques, nos sentimos felizes com a captura de Bin Laden, ainda mais quando lembramos tudo o que vimos naquele 11 de setembro, mas lá no fundo, fica a pergunta, será que tem mesmo o que se comemorar? Veremos as cenas dos próximos capítulos, que esperamos que seja com um final feliz.

Um cineminha

Há 4 anos e meio que a frequência com que vamos ao cinema caiu drasticamente. Talvez desse para contar nos dedos as vezes, e para quem ia praticamente quase toda sexta feira, é uma mudança radical. Tudo bem vai… tem o Netflix! Que beleza, assim fico atualizada com os filmes… haha até parece. A hora que estou livre para assisti-lo, caio no sono antes da metade.Não que já não fosse assim antes, mas ao menos na metade eu chegava 🙂
O bom é que agora com Lorenzo, tenho opções durante o dia. A versão do Cinematerna do Brasil não é assim tão variada, mas dá essa possibilidade às mamães e babás que querem assistir ao filminho, sem tremer de nervoso caso o bebê resolva chorar bem no meio.
O Sunshine oferece sessões especiais que podem ser checadas no site, essa semana são dois filmes disponíveis, as 13:00hrs. Existiam outras opções de cinemas fazendo o mesmo, porém, não consegui confirmar se ainda estão funcionando.
Para quem curte um cineminha com as crianças já crescidinhas, anote na agenda, dia 4 de Junho, o Brooklyn International Film Festival, vai acontecer no descolado bairro de Williamsburg
As “crianças” entre 8-15 anos, apaixonadas por cinema, agora podem experimentar como é escrever, criar um curta e stop motions. Para ficar bem conveniente, se você não tiver como levar seu filho, eles atendem a domicílio, e levam os equipamentos até sua casa. Essa indústria de cinema aqui não dorme mesmo no ponto hein?

Lixo bom

Parada obrigatória da minha mãe quando esteve aqui: a salinha do lixo do prédio. Entre diversas coisas em bom estado que os americanos jogam fora, algumas a gente ficou sem entender a razão. Calça da Gap ainda com etiqueta, vestido da Victória Secrets que ainda está no catálogo nos deixavam curiosas, por que será que estavam no lixo? Toda semana ela subia com um saco cheio de roupas, e lá encontrava coisas em ótimo estado da Guess, Polo e até DKNY. Fazia a seleção e reciclava o que não queria.
Como aqui as coisas são baratas, o consumo um pouco exagerado, e o espaço pequeno, fica difícil acumular aquelas coisas que não usamos mais, mas que temos dó de jogar fora. O mercado de usados é difícil, como o novo já é barato, vender um usado dá trabalho e não compensa. Me lembro que há uns anos atras, quando decidia fazer uma faxina no meu closet, pegava as roupas, colocava num saco e deixava na calçada com um aviso “free clothes” e em minutos a sacola era devorada. É comum achar no lixo, televisões que funcionam, carrinhos de bebê, e outras coisas grandes que ficam ocupando espaço em casa, mas imagine a dó de pegar um deles, e simplesmente colocar no lixo ainda funcionando, apenas porque trocou por um modelo mais novo, ou seu bebê já não usa mais? Doação é outra dificuldade, o Salvation Army por exemplo, agenda um dia para vir buscar, mas não é tudo que eles aceitam, e da última vez que liguei, a espera era de 2 meses. Depois de tentar vender minha HDTV 42″ Projection TV por 150 dólares, sem sucesso, resolvemos anunciar na popular craigslist.org para doação. Recebemos mais de 100 emails, e ficamos felizes em ver que a pessoa que escolhemos além de simpática, realmente necessitava dela.
Há uns dias, descobri um grupo de reciclagem, o Freecycle. As pessoas oferecem suas coisas, e quem se interessar, manda um email e torce para ser o escolhido. Normalmente escolhem por ordem e chegada do email, então o segredo é ser rápido. Tem de tudo, brinquedos, roupas, alimentos, ferramentas, e até vestido de noiva, sem uso, eu já vi anunciado (fiquei imaginando a história do vestido). Assim que comecei a receber os emails, vi uma pessoa doando um bouncer, aquela cadeirinha mágica para o bebê brincar e dormir. Escrevi imediatamente, e a tarde o marido foi buscar. Em perfeito estado, lavei o tecido e ficou nova, Lorenzo amou. Despachei também uma caixa de roupas da Luna, e o rapaz que veio buscar, ainda me trouxe bombom de chocolate branco, parece até que conhecia minha preferência. Fiquei ainda mais satisfeita quando a mulher dele em mandou email ao abrir a caixa, dizendo que amou as roupas, e que além de bem conservadas, eram lindas, e que ela se sentiu abrindo uma caixa de presente de natal. Fica aí a dica.

Alfabetizando

Você se lembra de como aprendeu a ler? Eu não, nem vaga lembrança, nada… mas nunca vi nenhuma criança no Brasil, fazendo como a Luna faz, reconhecendo as letras pelo som que elas emitem, o fonema da letra, será que foi com essa técnicaque a gente aprendeu também?. Achei super interessante e fiquei de boca aberta, quando dia desses trouxe da escolinha uma lição de casa e acertou tudo, sem nenhuma ajuda. Eram figuras que no nome estavam faltando uma letra e ela tinha que escrever qual letra faltava. Quando vi, pensei “Poxa, difícil isso pra ela, como ela vai saber que letra falta se nao sabe ler nem escrever?” . A primeira era a palavra WATER, que vem acompanhada do desenho, e estava faltando a letra T. Ao ver WA__ER ela começou a pronunciar a palavra, repetindo varias vezes e achou (não sei como) o som da letra que estava faltando, e ficou repetindo somente esse som, e aí então disse: “T”! e preencheu a lacuna. Mamãe ficou B-B-B-Babando!!
Aqui no vídeo dá pra ter uma idéia do que estou falando, mas o exercício era pra achar a última letra de cada figura e ligar à ela.

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