Quando ficamos grávidas, ficamos mais sensíveis e portando mais choronas. Não sou chorona por natureza, mas ultimamente, a sensibilidade está realmente á flor da pele. Comecei a perceber isso quando me emocionei muito e comecei a querer chorar só de ver a delegação do Brasil na abertura das olimpíadas de inverno. A última foi na sala de espera do hospital para fazer o exame de translucência nucal.

A Luciana Misura me deu um livro de presente, o The Girlfriends’ Guide to Pregnancy que é excelente. Trata com humor as fases da gravidez, e te mostra um lado que nenhum médico ou livros de gravidez mostram. Ela fala mesmo como uma amiga sua que não tem nada a esconder falaria, sobre tudo o que você vai passar, sem nenhum rodeio. Estou adorando o livro, morro de rir sozinha, ou chorar, como nesse caso.

Eu estava lendo a parte que ela fala sobre como contar a notícia para as pessoas, e a parte de contar pro marido é a mais hilária. Enfim, cheguei na parte que fala de contar para o pai. Diz que ele é o que menos vai vibrar, vai olhar pro seu marido com uma cara meio, “é vc transou mesmo com a minha filha essa é a prova oficial”. Uma parte fala assim: “Como a maioria dos homens, ele não vai logo se apaixonar pelo lance da gravidez e o bebê, isso acontecerá quando o bebê realmente chegar. Você vai notar que ele ficará um pouco nervoso ao ouvir as coisas que você passará durante sua gravidez, é a função dele, suspeitar de tudo que possa lhe causar dor ou mal estar. Lembre-se, ele é o cara que queria bater no médico por ele te fazer chorar, então esse bebê que vai fazer você vomitar ou demorar umas 14 horas pra sair de dentro do seu corpo vai deixar seu pai com certeza preocupado e com a pulga atrás da orelha”

Ai gente foi demais pra mim… eu que perdi meu pai de uma forma tão repentina, me lembrar que ele era assim mesmo, me emocionou muito. Não interessa porque estamos chorando ou sofrendo, podia ter matado meu namorado no maior requinte de crueldade, mas quem estava certa era eu, eu e eu, coitadinha da minha filha por quê ela está chorando? Ele não podia nos ver assim… enlouquecia. Me lembro minha mãe contando quando eu tive convulsão uma vez no Parque da Água Branca e estava nos braços dele. Meu pai, que era uma pessoa super calma e controlada, ficou como doido, gritando atrás de ajuda, desesperado comigo nos braços, até que fui levada, com ele, pelo caminhão de bombeiros. Quando acordei e já estava bem, eu só lembro de vê-lo sentadinho calmo, e minha mãe por perto falando com os médicos. Ele já sabia que eu estava fora de perigo, ele já tinha se acalmado, e eu nem idéia de todo o sufoco e desespero que ele tinha passado. Assim era meu pai… e eu lendo essa passagem não consegui mesmo me controlar em uma sala que tinha mais de 15 pessoas.

Queria muito poder ter dado essa notícia a ele, eu já imagino a carinha, a expressão facial, as besteiras que ele ia me dizer… mas não imagino ele sendo avô, eu juro que queria MUITO ver essa cena. Bom, vou parar por aqui, imaginem o quanto já estou me controlando né? E está difícil…

Bom, eu juro que não vou falar só de gravidez no blog, mas toda vez que acontecer algo de diferente, preciso contar né, afinal esse é meu diário, e depois quando acabar eu terei uma categoria “gravidez” contando tudo que aconteceu e poderei relembrar as minhas doideiras e os acontecimentos.

Hoje fui fazer a translucência nucal, que é um exame que vai avaliar as “possíveis chances” do bebê nascer com Síndrome de Down. Abaixo uma breve explicação:

” Na nuca do feto, existe uma área com liquido, entre a pele e o tecido subjacente, que aparece como um espaço escuro no exame ecográfico. Esse espaço é chamado de translucência nucal e pode ser medido no exame. Se estiver aumentado, pode ser sinal de doença cromossômica, como a Síndrome de Down, Síndrome de Turner e de outras mais raras.”

Foi a primeira vez que fiz um ultrassom no hospital, todos até agora foram feitos no consultório. Já percebi que muita coisa é diferente do Brasil.

– Aqui a maioria dos ultras são feitos no próprio consultório, no Brasil a maioria é em laboratório.
– Aqui faz com a bexiga vazia, no Brasil desde o começo já faz com ela cheia de água
– Aqui o gel que eles usam é quentinho, no Brasil a maioria é gelado

Mas enfim o que aconteceu foi que eu não consegui fazer o exame, o bebê estava numa posição impossível pro aparelho detectar o local que deve ser avaliado. Aí a mulher me pede pra ir ao banheiro, fazer pípis pra ver se ele mudava. Fui e voltei, e nada. Lá vai ela chamar outra pessoa, que também não consegue, e depois o médico, que também tentou de tudo e não conseguiu. Terei que voltar na sexta feira, depois de hoje esperar por 1 hora e meia, eentão, tentar novamente. O Sergio disse que vai me virar de cabeça pra baixo, sacudir, virar, puxar e esticar, assim não há perigo de dar errado de novo.

Já é rebelde antes de nascer? Que será que vem por aí…. 🙂