Vida de Cão

Uma coisa que me chamou a atenção também quando vim para NY era ver como os cães ficam esperando seus donos irem à locadora, supermercado, deli e etc. Simplesmente a coleira é amarrada a um poste ou algo que dê para amarrá-la e pronto, problema resolvido caso seu fiel amiguinho não possa entrar com você no estabelecimento. Em muitas lojas como na Bed Bath and Beyond, eles podem entrar e o mais cômico é vê-los dentro do carrinho de compras, mas normalmente em locais de alimentação e farmácias, eles precisam ficar do lado de fora, e eles ficam, quietinhos fissurados na porta aonde seu dono entrou, esperando ele voltar.

Como não fui acostumada a deixar o cachorro assim, fico morrendo de medo que algo vá acontecer à Luana, alguém pegá-la, a coleira escapar, enfim, alguma coisa que eu possa me arrepender depois. Quando a levo para passear e sei que terei que passar no mercado, normalmente levo a sua bolsa, essa da foto. Tem uns furinhos para respirar e ela adora ficar lá dentro, se comporta como um anjinho. Uma vez fomos com uns amigos ao restaurante Casa e ela estava conosco, entrou disfarçada, afinal a bolsa não parece ser para cachorros, coloquei no chão e ela dormiu durante todo o jantar.

Esse boxer estava na 23rd street esperando seu dono sair de uma lanchonete, não dava nenhum latidinho, estava super comportado aguardando a hora do dono chegar e eles continuarem o passeio, não é muito civilizado isso?

Murphy

O que é pior? Ir passear no Times Square, chegar lá e reparar que esqueceu o cartãozinho da memória da maquina digital, ou plena sexta feira a noite, se arrumar para ir a um barzinho, chegar no metrô e deparar-se com um mexicano, que de repente cisma de por o “treco” pra fora como se estivesse no seu banheiro e começa a fazer xixi em pleno vagão?

Fiquei abismada como ficamos incomunicáveis dentro do metrô. Não há nenhum interfone, nenhum contato possível com o condutor até que se chegue até a próxima estação. Como eu iria chamar a polícia para esse idiota? Até que eu chegasse ao vagão aonde está o condutor ele já teria escapado. Fiquei com ódio devido a impotência de se fazer algo contra esse cara. Ele literalmente tirou o negócio pra fora, e mesmo sentado no banco começou a fazer xixi. Estava eu e minha mãe mais perto, o resto do pessoal estava afastado, mais pro fundo. Só percebi devido ao barulho, e quando ele terminou não fez questão alguma em esconder, simplesmente ficou lá “balançando” e olhando pra gente, com aquele olhar de tarado mesmo. Eu corri e saí do vagão, fui pro próximo, e rezando para encontrar um policial. Se eu tivesse encontrado esse cara estava perdido… E minha maior frustração foi não ter podido fazer absolutamente nada.

Acho que estou no meu inferno astral.

Que delícia!

Estamos viciadas nos Brownies da Fat Witch. É simplesmente maravilhoso, eles tem de vários sabores como cereja, nozes, chocolate branco, caramelo entre outros, mas o que eu gosto mais é o de caramelo. Adoro o Logotipo da loja e o nome, achei super criativo e tudo é bem convidativo.

Essa lojinha fica no Chelsea Market, na 9th Avenue entre a 15 e 16th street. É tipo uma galeria, muito bonita, a decoração bem aconchegante e diferente. Lá você encontra lojas de pães, cookies, brownies, açougue, presentes, plantas, mercadinho de frutas e uma ponta de estoque da loja Pórtico, que mesmo sendo ponta de estoque é bem carinha. Minha mãe ficou encantada com as abóboras, achou enormes e lindas. Elas aparecem mais na época de Halloween, tem de vários tamanhos e variedade de pinturas, a criatividade rola solta.

Achei muito legal as portas dos elevadores e os bancos de pedra. Na verdade a galeria é o térreo de um prédio que tem várias empresas importantes entre elas a NY1, um dos canais mais famosos de notícias locais de Nova Iorque. Quem vier para cá, não pode deixar de conhecer, e claro, experimentar os brownies!


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Atendimento Zero

Eu adoro Nova Iorque mas realmente me tira do sério a atitude de pessoas estúpidas e que estão cagando e andando para o cliente. No Brasil consumidores são infinitamente mais respeitados, apesar de aqui ser o país do consumismo.

Hoje fui passear mas definitivamente não foi o meu dia. Primeiro fui ao Central Park, mas estava fechado da 90 até a 60 street devido a um show da banda Dave Mathews. Parei com minha mãe em frente ao Dakota, o prédio aonde Jonh Lenon morava para tirar uma foto, e um membro do Staff que estava organizando o evento, me disse que eu não poderia parar alí, que deveria continuar andando. Primeiro, eu estava na rua, nem na calçada estava, segundo, a fila pro show estava encostada na calçada então aonde eu estava nem atrapalhava. Respondi que iria tirar uma foto, e que eu estava na rua. Ele me mandou atravessar a rua se quisesse tirar foto. Andei apenas alguns passos para frente e ao lado de um POLICIAL, tirei a foto, sem que ele dissesse nada. Isso tudo o cara falando super grosso, sem nenhuma delicadeza ou ao menos educação.

Desisti de ir ao Central Park e fomos andar no SOHO, quando resolvi ir à loja Ricky’s. Chegamos na parte de escovas de cabelo, estavam várias alí a venda, e eu sem pensar peguei uma e testei para ver se era boa. Rapidamente um segurança veio e disse : “Você vai ter que pagar por essa escova” Eu disse: Pq? pq eu testei? ele respondeu que sim, claro bem ríspido, e então eu disse: “Aonde aqui está escrito que não posso testar a escova?” Ele me disse que era questão de bom senso e que não precisava estar escrito que não pode se testar uma escova de dentes na farmácia para que eu não a testasse. Primeiro que não se pode comparar uma coisa com a outra, segundo que a escova de dentes por questão de higiene é selada. Concordo que não é legal mesmo ficar testando as escovas, mas na hora nem me liguei, e mesmo o erro sendo meu, ele não precisava ser tão rude. Se tivesse chegado e dito “Senhora, não é permitido testar as escovas” eu teria pedido desculpas e tudo ficaria bem. Mas ele aos berros falou tudo isso pra mim, e quando eu disse sobre o aviso, ele disse que não iria colocar aviso algum, e respondi então que era problema dele, e que eu não ia pagar a escova.

Saí de lá revoltada, tanto que voltei para falar com o gerente, contrariando meu marido que já sabe que tanto vendedores e gerentes não estão nem aí para bom atendimento. Ele tinha razão, o gerente, que mais parecia um maloqueiro daqueles bem folgados, não deu nem trela para o que reclamei, e quando perguntei o nome do indivíduo, ele se virou pra ele e disse: Ela quer lhe reportar. O segurança estúpido fez questão de escrever o nome dele pra mim e rindo ainda, como se fosse realmente um prazer me dar o seu nome. Sei que é uma besteira, mas isso me irritou muito e acho que se ficamos quietos, estamos incentivando esse tipo de atitude. Vou procurar o escritório central e fazer minha queixa.

Isso realmente é uma coisa que me broxa ficar aqui nesse país. Ainda mais que na hora H eu não sou americana e se eu ouvir “volte para o seu país” acho que não responderei por mim. Dá vontade de jogar tudo pro alto e realmente voltar pro meu país aonde falo com meu povo e minha língua e sumir desse lugar de povo mal educado e estúpido.

Recompensa


Bom, para finalizar a história das senhoras que eu ajudei, encontrei com elas em frente à casa delas, e mais uma vez ela me agradeceu. Quando estava voltando, vi que ela estava na minha rua e quando cheguei perto, ela disse que tinha deixado algo para mim na minha casa. No final a Polícia chegou bem depois e ela disse que já tinha resolvido, queria ver a cara de pamonha deles.

Quando cheguei encontrei um bouquet de rosas e um cartão maravilhoso com os dizeres ” You are a bless of god” e “Thanks for being you”. Fiquei super emocionada, e com certeza como disseram nos comentários, ganhei duas amigas.

Tem uma mulher que fica lá com elas durante o dia, mas acredito que durante a noite fiquem mesmo sozinhas, no entanto já me senti aliviada em saber que tem alguém ao menos cuidando e auxiliando as velhinhas.

Muito bom, adorei!

Caricaturas

Tinha me esquecido de comentar quando minha sogra esteve aqui sobre as caricaturas que fizemos.
Sempre vejo alí no Times Square, pessoas que fazem retratos e caricaturas e sempre achei que seriam bons, pois eles colocam exemplos maravilhosos de celebridades, e que são realmente muito bem feitos.

Claro, vc não para pra pensar que quando eles fizeram aqueles desenhos eles com certeza estavam em casa, numa prancheta, com tempo, calma… e não no meio da rua com milhares de pessoas olhando e tendo que fazer em 10 minutos. Acaba se deixando levar pela propaganda e acha que vai ficar um trabalho super legal.

Depois de resistir por várias vezes, aproveitando que ela estava aqui e também tinha vontade, resolvi sentar em plena calçada da Broadway, me sentindo um mico de circo para matar minha curiosidade. Todos passavam, olhavam para mim, para o desenho e eu tentava decifrar pela cara das pessoas como deveria estar ficando, afinal caricatura eles sempre exageram nossos defeitos. Para minha surpresa, o que ele exagerou foi a bochecha, o que definitivamente não é o que tenho de mais marcante no rosto, enfim fez um desenho simpático que ficou BEM LONGE de ser uma caricatura. Valeu pra experiência e porque o desenho ficou bonitinho, mas que não matou minha curiosidade em ver numa caricatura minha o que iriam exagerar, isso não matou.

Passeios mil

Mami home, falta tempo para comparecer ao blog! 🙂
Passeamos esse sábado pela Promenade no Brooklyn Heights e atravessamos a ponte do Brooklyn. O que mais chamou a atenção dela foi a quantidade de bandeiras que as pessoas exibem nas janelas e nos carros, e em algo que eu não tinha ainda parado para pensar, que é a diversidade de tijolinhos que usam na parte externa das casas ao invés de usar pintura. São de várias cores e texturas, sendo que no Brasil ela só vê quase sempre a mesma cor, e não são tão usados como aqui.

Na ponte do Brooklyn é bom sempre ficar atento à faixa de bicicleta, pois se vc sai da faixa de pedestre e invade nem que seja um pouquinho, os ciclistas ficam irritados e o famoso e delicado “excuse-me” novaiorquino aparece. Já levei vários berros alí na ponte, mas semana retrasada fui andar de bike por lá e foi a minha vez de ser intolerante. Confesso que deu um gostinho bom estar no lugar dos ciclistas, e pedir licensa para os edestres dessa vez cheia de razão 🙂

Ao lado do final da ponte do Brooklyn tem um “deck” o Fulton Ferry Landing, aonde tem a Ice Cream Factory, dizem que é o melhor sorvete do Brooklyn, uma fila enorme, mas apesar de ser mto bom, o sorvete não vale aquela fila toda. Nesse local sempre tem noivos tirando fotos, e ontem pra variar tinha um casal, sempre que vejo são chinêses, coreanos ou japonêses. Muito legal a vista de lá, e é de onde sai o Water Taxi, que faz o transporte até Manhattan.

Ansiedade mil

Controlar a ansiedade é uma tarefinha bem difícil… Mas eu chego lá. Minha mãe está pra chegar, as 5:30 chega em Miami, e de lá vai me ligar, até lá a ansiedade corroendo, e eu até essa hora não consegui dormir. Marido trabalhando, entrega de projeto e também não chegou.

Hoje, quase 1 hora da manhã fui passear com a Luana, e a rua estava deserta, quando ouço uma velhinha: “Miss, Miss, can you give me some help?” ela estava na porta de casa aí atravessei a rua e fui até lá. Ela me pediu para ajuda-la a levantar sua irmã que havia caído no chão. Claro, já calejada com as sacanagens que existem no meu país eu pensei duas vezes, acho que se tivesse no Brasil pensaria 10 vezes (depois conto um espisódio da minha inocência/burrice). Bom entrei na casa e ela foi me levando até o quarto e eu vi sua irmã no chão, de fraldas, deitada no carpete tentando se levantar. Me cortou o coração, fui ajudá-la (e a Luana rosnando) mas cada movimento que tentávamos fazer, ela reclamava de dor. Achei mais prudente tentar achar alguém mais forte, mas aquela hora na rua não tinha ninguém. Falei então para chamar o 911, e ela ligou e ficamos aguardando, eu fazendo carinho nela para ver se distraía um pouco.

Fiquei indignada, as duas senhoras morando sozinhas, numa casa imensa, sendo que a mais nova que cuida da mais velha que não consegue andar, também tem dificuldades. Como a família deixa elas assim? Se acontece algo mais sério, elas não tem a quem chamar numa hora dessas, tarde da noite. Naqueles minutos esperando a policia eu pensava, pra que viver assim? Ela não vive, sobrevive… fica na cama, não anda, e ainda sente dores. Não é opção nossa é claro, mas acho que não merecemos isso no final de nossa vida. Deveriamos morrer dignamente, sem sofrimentos.

A mais nova me disse que eu não precisava esperar, eles já estavam a caminho, mas eu não iria sair dalí e deixa-las sozinhas naquele estado. Contive a Luana que estava meio endiabrada e fiquei lá, ela agradecendo muito perguntando de onde eu era, pois meu sotaque parecia de francês, HUNF!

Nada da polícia chegar, eu já estava agoniada com a senhora sentindo dor quando ela começou a chorar, dizendo que o braço doía. Tentei ao menos virar o tronco para que ela apoiasse o braço de outra maneira e finalmente consegui sentá-la no chão, coloquei todas as minhas forças e conseguimos colocá-la na cam, arrumar sua camisola e deixá-la numa posição confortável. Fiquei ali ainda um instante para ver se precisavam de algo, mas estava tudo bem, e nada da polícia. Disse a ela que quando chegassem para que olhassem se o braço dela estava ok, pois ela ainda reclamava de dores, e como idosos quebram facilmente os ossos, fiquei com receio de ter acontecido algo mais sério.

Deixei meu telefone com ela caso ela precisasse de mais alguma coisa ou em caso de emergência.Dei um abraço e até ganhei um beijinho. Fiz minha noite, como é bom fazer uma boa ação, ajudar as pessoas ainda mais assim numa situação de extrema necessidade.

Bom acho que se eu dormir, o tempo passa mais rápido, vou tentar.

Alto Consumo

Estando aqui nos EUA você acaba ficando mal acostumado com o preço das coisas. Tudo é muito acessível e acabamos achando “caro” muitas coisas que julgaríamos baratas no Brasil. Por exemplo, um monitor LCD aqui custa 400 dólares, quando disse isso para minha irmã ela falou: “Monica mas como você ainda não comprou isso? Se aqui custasse R$400,00, eu já teria comprado há muito tempo, mas custa mais de R$2.000,00”. O problema é que como todo o resto é muito barato, você começa a pensar duas vezes, pois com 400 dolares você compra duas bicicletas boas, com $500.00 um pacote para Paris por uma semana com hotel e passagem, um HomeTheater completo da Sony com um design maravilhoso, enfim, tudo é barato junto, aí você começa a pesar as coisas.

Não consigo imaginar voltando para o Brasil e pagar R$800,00 para fazer o upgrade do meu micro, quando aqui pago U$150.00, comprar uma câmera digital boa por mais de R$3.000,00, pagar R$1800,00 por um pacote de viagens para o Nordeste e mais de R$4000,00 para Europa, gastar R$70,00 num creme da Victoria Secrets enquanto aqui custa U$9.00. Ficamos mesmo muito viciados nesse consumismo, e cada vez mais entendo como as pessoas não conseguem guardar dinheiro quando estão aqui. Qualquer um pode ter um carro, pois o modelo da Toyota o RAV4 que no Brasil custa R$115.000,00 aqui sai por R$18.000,00, pagando em várias prestações de U$300.00. A pessoa que trabalha em sub-emprego tem condições de viajar, ter momentos de lazer, lembro que uma vez quando disse a uma amiga que uma empregada doméstica ganhava cerca de 240 reais, ela ficou abismada pois com esse dinheiro ela jamais poderia fazer uma viagem ao Caribe, ter um carro, ter uma casa, e então quem ficou abismada fui eu, de como nossa realidade é completamente diferente.

Acabo que não tenho coragem de pagar R$15.00 por um shampoo da Lanza, quando no Brasil deve custar mais de R$50,00 e tem uma pancada de gente comprando. E faço isso com tudo, acabei de comprar um esmalte por U$3.00 pois nao quis pagar U$6.00 em um da Loreal que promete durar muito mais. Todos dizem que eu deveria aproveitar essas coisas enquanto moro aqui e comprar mesmo, pois no Brasil só se tiver bastante grana. Isso martela na minha cabeça, mas ainda estou com meu Pantene e meu esmalte baratinho 🙂 Sempre que compro algo mais caro, vou no site das americanas pra ver quanto seria no Brasil, aí quando vejo o absurdo, me sinto consolada.

PS: Antes que fiquem convertendo para reais os preços em dólar, lembrem-se que ganhamos em dólar também, então fica no mesmo, um pra um.