Irmãos

Alguns anos atrás…

Poucos (hehehe) anos depois…

Tempinho bom, que não volta mais e fica na lembrança e no coração. Adoro ser a irmã mais velha por muitos motivos. Adoro cuidar da minha irmã, e isso vem desde a infância onde eu a levava na escola, morria de ódio que ela chorava, não ficava lá, e minha mãe dizia para buscá-la e levar pra casa, já que ela ficava chorando. Eu dava aula pra ela todos os dias a noite e eu que ensinei-a a ler as primeiras palavras. Quando brincávamos, eu sempre ficava com a melhor parte, com o melhor nome, com a melhor boneca. Podia pedir mil favores fazendo chantagens para ela poder ir comigo às festinhas. Sabia sempre mais, enganava mais, e cuidava mais. O lado ruim era que as obrigações eram mais minhas do que dela, como por exemplo ajudar a mãe, a dar o bom exemplo, a aturar muita coisa pois ela era o “bebê” e eu a mocinha. Mas no balanço geral, tudo deu certo assim, eu tenho o perfil da irmã mais velha mesmo, que cuida, toma decisões, dá idéias, ajuda, faz tudo por ela. Já ela o perfil da irmã mais nova, a mais carente, mais chorona, mais sensível, mais dependente e até mais meiga 🙂 Sem esquecer de dizer, a mais mimada. Lembro dessa roupinha dela, desse meu vestido, desse dia da foto, desses seus cabelos rebeldes e da minha boca banguela. Irmão é a melhor coisa que tem, eu que pedi pra minha mãe uma irmãzinha, e me arrependi muitas vezes depois, hoje eu digo, FOI O MELHOR PEDIDO QUE JÁ FIZ. Nas horas de aperto, essa pequena irmã mimada e frágil, se mostrou uma pessoa de muita coragem e força. Essa irmã aqui com cara de forte, já desabou, e precisou daquele ombro. E assim acontece essa troca maravilhosa, o apoio, a amizade e o amor. Sim, a Luna vai ter um irmãozinho também, ainda não sei quando, mas pra mim, irmão é essencial.

Gente esquisita

Gente estranha é o que não falta aqui em NY. Fico imaginando como certas coisas não influenciam na vida profissional delas. No Brasil quando as pessoas fazem uma tatuagem sempre há a preocupação de que vai ser rotulado de alguma forma, e poderá prejudicar na hora de arrumar emprego. Isso realmente acontece na verdade, quando estamos em uma entrevista, somos observados dos pés à cabeça. Aqui, vejo algumas mulheres (na maioria negras e latinas) com unhas ENORMES, aqulas que viram pra baixo, como as do zé do caixão, sabem? Trabalham no caixa da Farmácia por exemplo, onde tem que ficar o tempo inteiro trabalhando com as mãos na máquina registradora. Você a contrataria?
Aqui no andar, tem uma menina que trabalha em uma galeria de arte, mas na parte do escritório. Ela anda SEMPRE de preto. Primavera, verão, outono, inverno, não importa, ela sempre está black. Até aí, não é TÃO estranho, mas o que é sinistro, é que ela sempre está com a MESMA roupa. Sim, imagino que ela tenha umas 10 peças iguais, pois não parece suja. A bota sempre a mesma, a calça no meio da perna, sempre igual, a mesma camiseta e o mesmo avental na frente. Não acho isso muito normal, não acredito que uma pessoa assim tenha o juízo certo. Mas como ela é simpática sempre, puxa papo, achei que eu pudesse estar enganada. Logo veio a confirmação, não podia mesmo ser muito normal. Um belo dia, falo oi ela nem responde. Outro dia, deu ataques porque roubaram a planta dela que estava do lado de fora da porta, e veio até aqui o escritório perguntar se roubamos a planta dela. Óbvio que dissemos que não, mas que por engano o pessoal da limpeza poderia ter colocado no lixo, como fizeram com nossas garrafas de água uma vez que estavam do lado de fora e… nesse ponto ela interrompe e começa a dizer que aquilo é planta e não água e bla bla bla.
É eu não estava mesmo enganada… Como será o relacionamento dessa criatura no trabalho?

Incentivo é tudo!

O incentivo a leitura aqui é algo realmente fantástico. Hoje fomos novamente no Bryant Park, pois é caminho da volta da nossa sagrada comidinha brasileira aos sábados. Luna foi ao carrossel, e se soltou bem mais, aliás amou e não quis sair mais. Quando estávamos saindo, encontramos o “Reading Room”. O projeto original aconteceu em 1935, como uma resposta pública à Era da Depressão pelo alto índice de demissões em NY. Muitas pessoas não tinham nada o que fazer durante o dia e nenhuma perspectiva de trabalhos. Por isso, a Biblioteca Pública da cidade, abriu a “Biblioteca ao ar livre” para dar a esses desempregados no ramo de negócios e intelectuais, um local para eles irem, que não precisasse de dinheiro, endereço válido, um cartão de biblioteca ou qualquer identificação para poder curtir os materiais de leitura.
Em 1944 ela foi fechada devido ao crescimento de empregos e a Segunda Guerra Mundial, mas para nossa felicidade, a “The Bryant Park Corporation” repetiu o projeto, criando o Bryant Park Reading Room. É modelado a partir do original, com algumas adições como: livros específicos para crianças, seções de leituras na hora do almoço, cadeiras móveis para promover um ambiente mais íntimo, cadeiras e mesas para crianças. O programa está aberto a qualquer pessoa, sem que necessite se identificar- é chegar, escolher seu livro e sentar para curtir uma agradável tarde de leitura em frente ao carrossel. O projeto é patrocinado pelo HSBC e aceitam livros para doação.
Hoje ficamos por lá, Luna não sabia se olhava os livros, ou as luzes dos cavalinhos rodando. Sentou na cadeirinha, apontou para tudo, tentou rasgar algumas páginas, e depois que o sono chegou e o enjôo começou, fomos para casa, felizes e encantados com mais isso que New York nos oferece, e de graça. Cultura e educação, não tem preço.
Podia virar um bordão: “Assim dá gosto de pagar imposto”
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Amizades verdadeiras

Não sou cheia de amigos, tenho poucos. Me dou muito melhor com os amigos homens do que com as mulheres, e meus poucos amigos verdadeiros, na maioria, são homens. Me dedico muito a eles, faço tudo que eu puder pra ajudar, me envolvo nos problemas, me jogo de cabeça mesmo. E é engraçada essa coisa de amizade, cada um é completamente diferente do outro e ainda assim nos damos bem. Lembro que tinha um amigo que adorávamos falar sobre música, era uma sintonia ótima. Falávamos das letras, dos sentimentos com as músicas, dos momentos com que cada uma delas combinava. Esse era nosso ponto em comum e no que mais nos dávamos bem. Enquanto com um era música, com outro é um papo mais intelectual, garotas, acontecimentos e até de bebês. Outros nem são assuntos específicos nada muito aprofundado, banalidades. Um deles, amigo de LONGA data, acredito que uns 11 anos, é o que satisfaz meu lado masculino. Falamos muita, mas muita, mas MUITA merda. Falo palavrões, falo de mulheres gostosas, de homens não pois ele é muito machista, falamos de relacionamentos, de crianças, de músicas, falo de coisas nojentas bem típicas de homens, enfim sem cerimônias. Ele estava comigo no momento que MAIS precisei de um ombro amigo, e aguentou MUITA chatisse minha em outros momentos. Me acompanhou ao hospital no meu único como alcóolico e choramos juntos a derrota do Brasil pra França em 98. Quando penso em alguém que posso falar de tudo é ele, e quando penso em alguém que posso encher MUITO o saco e satisfazer minha vontade de zoar, pentelhar, cutucar, irritar e me divertir com isso, é ele que me aguenta.
Hoje tivemos mais um episódio pelo MSN (ele me proibiu de publicar) hilário, com episódio Bourne is back home, banheiro, minhoquinhas, fusca e outros impublicáveis. Se eu mostrar pra alguém vão dizer: vocês são loucos mesmo, isso não existe. RIR e falar merda, é o melhor remédio pro stress. O melhor de tudo é que esses assuntos todos eu colo pro Sergio e dou graças a Deus que eles são os melhores amigos, assim não rola confusão, pois além de tudo, o Sergio é meu companheiro nas encheções de saco. Amigos assim, são pra sempre, mesmo estando tão distantes!

Para todos


Para descontrair, uma foto bem patriota, para todos os:
– Brasileiros que acham que o Brasil está bom.
– Brasileiros inconformados com tanta bagunça
– Brasileiros que adoram meter o pau nos EUA como se isso amenizasse os nossos erros. Falar as coisas ruins dos outros paises não nos ajuda a crescer apenas serve de consolo.
– Brasileiros que falam as coisas boas dos outros paises para mostrar que sim, tem jeito de dar certo.
– Brasileiros que moram fora do país mas ainda assim tem direito de falar, reclamar, pois, ama o Brasil acima de tudo, se não amasse ligaria o dane-se e nao se importaria com o que acontece la.
– Brasileiros que moram no país, e que precisam falar mais, reclamar mais, agir mais, cobrar mais.
– Brasileiros que lutam por um país melhor.
– Brasileiros que sentam no sofá e só olham pro umbigo.
– Brasileiros que choram de saudades e não vêm a hora de voltar pro seu país.
– Brasileiros que só voltam para passar férias.
– Brasileiros como eu, que ainda tem um pouco de esperança de viver num país menos desigual e menos violento para que possamos nos orgulhar não apenas da beleza e riqueza natural e cultural dele, e sim, nos orgulharmos também de ter a certeza que poderemos ver nossos filhos crescerem. Essa certeza já seria uma grande conquista.

PAN-lhaçada

Ainda bem que nossos atletas fizeram bonito, pra compensar as pessoas mal educadas que estão assistindo o Pan ao vivo, que fizeram muito feio. Vaiar a delegação americana… que coisa mais ridícula. Por que são arrogantes? Por que um imbecil americano escreveu “Welcome to the Congo”? Isso apenas mostra e confirma a ignorância deles, mas nem por isso justifica as vaias. Estamos sediando, temos que mostrar que podemos fazer isso da maneira correta.
O que todos comentavam e temiam era a violência do Rio. Como sediar o Pan, com esses traficantes, assaltantes e cia limitada? Eles ficaram quietinhos, fizeram a gente achar que não iriamos passar o vexame esperado, mas aí vem quem pra jogar a lama? Quem devia proteger, os policiais corruptos extorquindo dinheiro dos turistas. Ah peraí…não dá, cansa. É gente roubando pra todo lado, é na saúde, na previdência, nem o carnaval escapou, e ainda temos que passar carão por causa de policiais, que deveriam estar alí pra preservar a nossa imagem?
Quem pode levar esse país a sério, me digam? E ainda querem sediar as olimpíadas? Com pessoas que vaiam e ainda jogam lixos nos atletas? Onde estamos? Será que além de tudo que perdemos, nem a educação sobrou? Deus me livre Olimpiadas no Brasil, muito menos Copa do Mundo. Não temos pessoas sérias para isso, eu sinceramente não gostaria de ver isso acontecer. Como levar a sério um país onde a ministra do turismo é conivente com o caos e tem a coragem de soltar aquela célebre frase. Apenas reforça a imagem ôba-ôba que temos lá fora, que aqui é tudo brincadeira.
Ainda tenho que ouvir de MUITA gente, que nós não deveríamos falar mal do nosso país. Temos que falar bem, fazer propaganda! Sorry, isso é impossível. Nosso país é lindo, tem praias maravilhosas, mas isso não basta. Ainda assim, sempre enalteço o Brasil para todos os estrangeiros, porém isso está ficando difícil.
Um vizinho comentou comigo que tinha decidido ir pro Brasil nas férias, mas quando ouviu várias pessoas comentando que era perigoso, que assaltam, que matam por nada, e que não poderia passear sossegado à noite, ele desistiu. Aí vem e me pergunta: É assim mesmo ou não é perigoso e estão exagerando? Eu vou mentir, vou queimar o MEU filme, falando mentira apenas para falar bem do meu país? Não, não dá mesmo. Sinto muito patriotas, eu queria muito poder sentir esse orgulho e meu sonho seria recomendar que todos fossem ao Brasil, sem preocupações, sem riscos, e conhecesse o país mais bonito do mundo. Quem sabe um dia?

El Raton

ratao.jpgEu já tinha visto esse ratão em alguns lugares algumas vezes, nesses 8 anos de NY. Não sabia o que era, imaginava ser alguma propaganda, liquidação de lojas, etc… Ele é inflável e fica uma bombinha atrás dele ligada o tempo todo e enorme. Comparem o tamanho dele com o do carro.
Há mais de um mês, o vejo todos os dias na frente de uma construção aqui perto, e finalmente matei minha curiosidade. Ele sempre é colocado em frente a construções em que há exploração de funcionários, onde a empresa não segue o que manda o sindicato. Isso significa salarios menores, que a segurança das pessoas que trabalham não está de acordo com os padrões, não tem assistência médica, e por aí vai. Acho o máximo o empenho deles, a persistência. Estão lá praticamente todos os dias, distribuindo folhetos com a explicação e pedindo que a comunidade ligue para a empresa responsável pela obra e falem com o dono. No folheto tem a foto dele e o telefone. Do jeito que americano é empenhado e dedicado à assuntos comunitários, eu não tenho dúvidas que a caixa postal dele deve estar lotada de mensagens.

Efeito Luna

Minha irmã fala pro meu cunhado:
– Ai, acho que não deveríamos esperar o apto novo ficar pronto para termos nosso filho. Podemos improvisar nesse mesmo, tira a sala de TV, coloca um berço…
Ele:
– Janaína, acho que você está indo demais pra NY. Vou ter uma conversinha com a escala.

Luna encantando os americanos, e eles nos encantando.

As vezes me surpreendo com os americanos. Enquanto uns conseguem ser frios e grosseiros, outros são tão gentis que a gente até estranha. Digo americanos de NY, não posso dizer de outros estados. Aqui estou acostumada com pessoas ranzinzas, estressadas e folgadas, mas quando resolvem ser diferente, me surpreendo mesmo.
Estávamos no restaurante brasileiro no sábado, comendo nosso Churrasco sagrado, e chegou um casal americano, que sentou na mesa ao lado. Luna estava no carrinho dormindo, e quando acordou, ficou fazendo graça com a mulher. Ela elogiou os olhos “perigosos” da pequena, as havainas e quase na hora de ir embora, tirou 20 dolares da carteira, estendeu a mão pro Sergio e disse: “Pra você colocar no savings dela”. Foi aí que nos tocamos que ela ainda não tinha uma poupança aberta, iremos abrir e estrear com esse gesto um tanto “doido” da fã da Luna. Fiquei sem reação, agradecemos e ainda demorou para cair a ficha.
Hoje, ao chegar no escritório, encontro um pacote da minha landlord (a dona do apto que alugamos). Pensei: “ué, o que ela esta mandando? os ganchos das portas já vieram, a luminária da cozinha também, o que estava faltando ela mandar que não me lembro?”. Ao abrir o pacote, me deparei com um macaquinho muito simpatico e o seguinte bilhete:
Hi Monica,
I thought Luna might like Curious George. He is very popular with little kids.
Esses pequenos gestos conseguem mexer com a gente de uma maneira inexplicável. Achei muito fofo da parte dela, nem de longe lembra o palhaço do Landlord do antigo apto, que até hoje não devolveu meu cheque do security deposit.