Parece nome de filme, mas é uma novela. E tudo com o mesmo celular, parece até invenção, mas vamos lá.
Capítulo 1– Lake Placid no início desse ano, vamos na parte de internet do hotel, uso o computador e saio. Deixo o celular na mesa ao lado do teclado e nem me dou conta… Dia seguinte me lembrei do meu celular, até fazer todo o caminho do dia anterior desde a última vez que usei, demorou. Estava na recepção do hotel, acharam e devolveram. Promessa: NUNCA mais deixo em lugar nenhum! e sempre que eu sair de algum lugar olho em volta pra ver se não deixei nada. HUM HUM
Capítulo 2 – Fazendo compras na Zara com a Mami, prova vestido aqui, prova vestido alí. Fomos embora e quando estou voltando pra casa me lembro do celular, que não está na minha bolsa. Onde deixei? No mercado, na BABIES R’ US, na Zara? Ligo pro cel, ninguém atende…a promessa já veio nesse minuto: Se dessa vez eu achar, JUROOOOO que serei mais atenciosa, colocarei o cel sempre no mesmo lugar, e olharei todos os lugares antes de sair. Restava esperar o dia seguinte, ligar nas lojas e ver em qual deixei. Caiu do meu bolso, no provador da Zara, alguém achou, devolveu e a gerente guardou. O que ele estava fazendo no bolso? Não faço a mínima idéia. Sermão básico da minha mãe, que ouço desde a infância: “Se você colocasse sempre no mesmo lugar… mais atenção Monica! Faz as coisas pensando em outras… isso que dá”. Certíssima, mas…
Capítulo 3 – Pego o ônibus, uso o cel e guardo na bolsa que está no assento ao lado. Será que guardei mesmo na bolsa? Ou achei que guardei e caiu no banco? Ou caiu quando tirei a revista da bolsa, ele veio junto e não fez barulho? Who knows… Agora começa a saga.
O RESGATE 3 – A SAGA DO CELULAR – Disc 2
Chego no escritório com meu croissant e meu Ice Tea, já sabendo que na hora de pegar o dinheiro eu não tinha visto o bichinho na bolsa. Virei ela inteira na mesa (merecia uma foto) o lixo era tanto, que achei que ia ter até um ratinho alí dentro. Tinha de tudo, até a ponta de uma chave de fenda… menos meu cel. Liguei na MTA (empresa de transportes) mas eles não me deram muita bola, e pediram pra ligar no final do dia, caso encontrassem eu pegaria em algum lugar.
Peguei meu café da manhã, ainda no saco, peguei um táxi e fui até o ponto final do ônibus, afinal ele deveria estar lá parado um tempo até voltar, ou então poderia ter mais informações sobre como eu deveria fazer. Um trânsito caótico e o motorista do taxi rindo da minha cara. Enfim chego lá, mas não há nenhum ônibus, nenhum supervisor, nada. Aguardo o próximo ônibus chegar e perguntar pra ele. Era um depois do meu, aquele era o das 11 e o meu era o das 10:30. Entrei, e comecei a perguntar. O motorista não muito paciente começou a me explicar e eu logo vi que alí eu não conseguiria nada. “Bom, vamos então eu volto com vc nesse ônibus e fico no trabalho, na Spring St.”, eu disse pra ele que estava parado no ponto ainda me esperando. “Obrigada por me avisar!” respondeu o simpático! Sentei na frente e fiquei traçando meu plano de resgate. Bom, se ele é das 11, o das 10:30 deve estar na frente dele… ou seja, não está tão longe do meu alcance. E eu perguntava várias coisas e ele comentando que o próximo ônibus na frente dele estava ha 1 hora de distancia. Eu não podia entender, como? se eles estavam à meia hora? Ele me diz assim: “Pq vc é tão insistente? Se estou dizendo que é 1 hora é porque é 1 hora de intervalo agora entre os ônibus que estão voltando ao Brooklyn”. Me calei, mas continuei pensando no plano… ainda fiz mais perguntas, uma delas é se no ponto final, agora voltando pro Brooklyn, haveria um supervisor. Resolvi voltar pro Brooklyn e ver se eu encontraria meu ônibus lá paradinho. Mais algumas perguntas e o motorista me diz: “Seu marido é feliz?” “Você fica em casa fazendo mil perguntas enquanto ele tenta ler o jornal?.” Mas isso já em um tom mais de brincadeira, claro, falando sério, mas ao menos, descontraído. Ele era palhaço mesmo, mas típico Nova Iorquino sem paciência, O bom é que com a viagem longa por Manhattan e Brooklyn, batemos o maior papo, e ele foi gente boa, me emprestou celular pra eu ligar na supervisão, me contou várias histórias, falamos sobre crianças, sobre educação… e no final ele já estava bem solidário ao meu drama telefônico! Me disse que iria aguardar no ponto final eu falar com o supervisor e se eu quisesse, como ele tava indo pra garagem, ele me levaria junto. Já tava amigão e paciente!
No final o supervisor me informa que o ônibus em que eu estava não havia voltado pro Brooklyn e estava na garagem em Manhattan (eis o mistério resolvido da diferença de 1 hora/meia hora). Agradeci ao Jimmy (meu novo amigo motorista) pela paciência, por me esperar, mas que eu ia tentar ver o que fazer, já que o ônibus estava em Manhattan estacionado. Ele se ofereceu pra ficar com meu telefone e me ligar caso na garagem do Brooklyn (ele duvidava que o onibus estivesse em Manhattan) ele encontrasse o celular, que ele iria perguntar por lá. Dei meu número e fui apurrinhar o supervisor.
Esse foi muito gente boa também, ligou de um orelhão comigo pra vários lugares até conseguir o número da garagem, mas ninguém atendia. Ele me disse pra pegar o ônibus de volta a Manhattan e ir na garagem. Lá vou eu, devidamente encaminhada ao ônibus que estava voltando, com o supervisor instruindo o motorista onde ele deveria me deixar e que eu não precisava pagar a passagem (que fofo). Volto pra Manhattan, agora com a cabeça na garagem… No meio do caminho resolvo pegar um metrô pois o trânsito estava péssimo. Nessa parada, finalmente consegui ligar pro Sergio, que me disse que o motorista do meu ônibus tinha achado o celular e ligou pra ele (último numero discado no cel). Combinaram que ele deixaria na garagem do Brooklyn e que eu deveria ir lá pegar! UFAAAAAA voltei pro escritório, estava pronta pra sair pra ir buscar meu perdidinho, resolvi ligar na garagem só pra confirmar, e me disseram que alguém havia pego meu celular dizendo que iria me devolver. SURTEI!!! O que tava rolando? depois do surto, lembrei do velho Jimmy, só podia ser ele. Corri pro meu email e lá estava a mensagem que ele havia deixado no fone de casa. “Monica aqui é o Jimmy, estou com seu celular, me liga”.
Não é um fofo???? Marcamos de eu pegar o ônibus das 11 no dia seguinte, e ele me devolver. Voltei pro trabalho às 3 da tarde depois dessa caçada infernal. Não tive tempo de sair pra comprar nada pra ele. Dinheiro acho péssimo, nunca sei o quanto vale, o que é pouco ou o que é muito. Em casa peguei uma lembracinha que eu comprei em Maceió, um porta caneta muito fofo, de madeira feito com coco de verdade, lindinho. Embrulhei e levei pra ele no dia seguinte. Ele amou, ficou emocionado, pude ver nos olhos dele. Foi ótimo, ele é um cara bacana, apesar de ser o típico Nova Iorquino folgado que eu tanto reclamo.
AH, detalhe… ele não podia deixar de me sacanear claro. Me disse que o rapaz da garagem ligou pra ele nervoso, “a menina ligou aqui querendo o celular e eu nao estava com ele em mãos!” ele respondeu “Ah não liga não, eu vou dar pra ela amanhã, já combinamos, mas ela é uma pentelha mesmo”. Comecei a rir né… “pain in the neck” foi do que ele me chamou! Tudo bem sou mesmo, no final, consegui o que eu queria, e uma nova promessa foi feita: Agora vou etiquetar meu celular, olhar sempre em volta antes de sair de algum lugar e colocar ele sempre com muita atenção no mesmo local na bolsa.
Aguardem os próximos capítulos….