Cãe$$

Já comentei aqui há um tempo atrás, que em NY cachorro tem uma vida privilegiada, vários lugares para passearem, podem entrar em praticamente todas as lojas, tem calçadas largas para passearem e muita simpatia da população. Já do nosso bolso, não podemos dizer o mesmo, quando o assunto é a “manutenção”. No Brasil, gasto 15 reais pra banho da Luana que inclui corte de unha, limpeza da glândula anal, limpeza da orelha com direito a perfume e lacinho. Se quiser tosar, desembolso 40 reais e vem com serviço completo.
Por aqui, uma tosa completa, mais taxa, mais gorjeta, sai 70 dólares num lugar barato. Para apenas dar banho, não é todo lugar que faz e quando faz o preço é salgado, 45 dólares. Esses dias, liguei no petshop para saber quanto era apenas para cortar as unhas da Luana que estavam insuportavelmente compridas, (pois o banho eu mesma que dou em casa), e quase caí de costas, cobram 15 dólares. Um clip de cortar unha já é parte da necessaire da Luana, mas nunca faço pois tenho medo de cortar a veia, e fora isso, ela tem pavor de cortar a unha. Tenho também tesoura, shampoo pra clarear pêlo, perfume, chuveirinho para “pets”. Nova aquisição foi o lixador de unha elétrico, que parece com as ferramentas que o Sergio tinha no Brasil. Foi meio traumatizante as primeiras tentativas, mas na última pata ela já tinha até ensaiado uma dormidinha no meu colo. Adorei o produto, recomendo, pois ouvir aquelas unhas dela no piso já estava me dando nos nervos, e pior ainda pagar 15 dólares cada vez que a unha cresce e precisa aparar. A tosa agora, vai ser no Brasil, e o dentista também 🙂

Não deixe pra amanhã

Iza,Juba, Sister e Mommy nas despedidas de aeroportoHoje acordei pensando muito na Isabel. Ela foi a terceira pessoa importante que perdi na vida, antes foi meu pai e minha avó, mas a primeira que não era da família. Era a “babá” do Sergio, cuidou dele desde que nasceu, considerada uma segunda mãe por ele. Conheço desde pequena quando ela implicava com minha avó que me colocava sentada na janela, e essa dava de frente pra casa do Sergio. Isabel era uma figura única, não tinha no bairro quem não a conhecesse, os motoristas da cia de ônibus, que ficava na esquina, paravam pra ela subir em qualquer lugar da rua que estivesse.
Sempre me lembro dela quando estou em casa cozinhando, arrumando… porque ela sempre me dizia: “Ai Monica quero só ver quando você tiver sua casa viu”. Ela adorava me perturbar, me dava vários apelidos como magrela, esquizofrênica, sangue suga… era assim que ela demonstrava o carinho. Se ela me chamasse por Monica sem me xingar um dia, algo estava errado. A Isa era carente, qualquer demonstração de atenção com ela, já a fazia feliz. Não era de dar beijos e abraços, era durona, com aquele jeitão meio grosso de falar, mas demonstrava seu carinho de inúmeras outras formas, uma delas, fazendo todas as nossas vontades. Quantas vezes ela foi fazer batata frita pra mim, a noite, na praia quando tinha meus ataques de desejos, a melhor batata frita que já comi. Coração de ouro, pessoa que podíamos contar sempre, literalmente uma mãezona… Hoje pensei nela, e até conversei: “Viu Isa, estou dando conta direitinho… queria que você estivesse aqui pra ver que meu feijão saiu bom, a casa está organizada e o Sergio está sendo bem cuidado”. No fim, com certeza ela diria que sim, depois de colocar alguns defeitos, ha ha era o jeitão dela que muita gente não entendia, que também demorei um pouco para entender. Sentia que ela gostava de verdade de mim, também como uma filha. Claro que sem comparação com o que sentia pelo Sergio, mas eu sentia o carinho dela nos bilhetes que enviava por qualquer pessoa que viesse nos visitar em NY. Era um pra mim e outro separado pro Sergio. Não deixava de mandar cartão de natal, fotos do Alfredo (dog que deixamos lá), mimos que ela sabia que gostávamos, como balinha jujuba pro Sergio e chocolate Ferrero Rocher pra mim. Ia percebendo seu carinho e amor, nesses pequenos gestos.
Isa também tinha defeitos claro, como todos nós, e nos desentendemos muitas vezes. Quando fui morar com eles, nos aproximamos mais e passei por várias fases da minha vida, contando com o apoio dela. Ah como ela era dramática! Falava que ia morrer logo, que já estava cansada, que isso e que aquilo, mas no fundo a Isa só queria mesmo era nossa atenção e se sentir querida. Percebi que éramos mesmo como família, quando brigávamos e fazíamos as pazes… como briga de irmãos e pais e filhos, que podem ter 300 mas sempre voltam a se falar, como se nada tivesse acontecido e era assim com ela. Eu podia falar dos defeitos dela, mas se alguém de fora falasse eu não gostava. Falava MUITO, podíamos conversar horas… e quantas vezes conversamos sentadas na cadeira da cozinha vendo a TV… sempre lá. Que saudades…
Quando ouço “Pais e Filhos” do Renato Russo, me lembro dela, especificamente o trecho “É preciso amar as pessoas como se não houvesse o amanhã”. Ela estava no hospital, para uma cirurgia da vesícula, jamais iria imaginar que dalí ela não sairia com vida. A última vez que nos falamos no telefone, ela no hospital, me perguntou quando íamos visita-la, e eu respondi que não sabia porque o Sergio estava trabalhando muito, eu tinha várias coisas a serem resolvidas naquela semana, e o hospital era do outro lado da cidade o que dificultava bastante. Ela reclamou, que ninguém do nosso lado tinha ido visitá-la e achei que era um chorinho habitual, que ela sempre fazia. Sergio foi no dia seguinte na hora do trabalho, eu estava de licença maternidade ainda com Luna bem novinha, planejava ir no final de semana. Não deu tempo de ir vê-la, ela se foi antes. Nesses pequenos momentos da vida quando a gente dá como certo que tudo estará sempre lá, e que pensamos amanhã a gente faz, aprendo que o importante é dar importância ao que é importante AGORA, “Porque se você parar pra pensar, na verdade não há!”. Grande Renato Russo, grande Isabel. Se tivermos outra menina, já escolhemos o nome: Isadora.

Testado e Aprovado


Que quase todo mundo não gosta de sentir dor, é meio óbvio. Eu sou fraca mesmo, qualquer dorzinha pra mim é um bicho de 7 cabeças. Sempre corri desses aparelhos de depilação, olhava pra eles e via um monstro gigante pronto pra me beliscar até a morte. Depilar aqui, custa os olhos da cara, então tinha aderido a pior das opções, a gilete. Por desespero de irritação, resolvi testar mais uma vez um desses monstrinhos, e não é que achei um que me surpreendeu? Não que ele nos livre do martírio de sentir as picadinhas a cada puxão, mas não sei porque a dor é suportável. Pela primeira vez consegui depilar minhas pernas por completo com um monstrinho desse. Recomendo!
<< No Mundo da Luna: Esse inglês…>>

Sean home, qual home?

Acho que todo mundo já está meio a par desse caso do menino Sean que está no Brasil, levado pela mãe e bla bla bla… certo? Vou partir do princípio que sim.
Quando vi no fantástico essa história, me deu arrepios. Não entendo como alguem pode conceber a idéia de que um filho tenha que viver com qualquer outra pessoa sendo que seu pai biológico está vivo e querendo criá-lo. É pai, ponto. Se há algo que desabone a sua conduta, que provem isso, mas até que consigam, ele é o pai! Aí dizem que o menino já está adaptado e acostumado no ambiente em que vive hoje… oras, se não estivesse depois de 5 anos, interna. Qualquer criança se adapta ao ambiente quando é levada com apenas 4 anos, e cresce nele, a não ser que houvessem algumas outras situações anormais, o que não é o caso. Família com dinheiro, oferecem do bom e do melhor, amor, carinho, educação. Mas ainda assim nada substitui o amor de um pai. Ele se adaptou sim, graças a demora eterna da justiça brasileira, pois o processo correr desde quando fez 5 meses que a mãe tinha ido embora dos EUA. Justiça é conivente com o crime, ajuda na adaptação da criança, então vamos dizer pra qualquer um queira desrespeitar a Convenção de Haia, que o faça no Brasil, pois até acabar o processo, não há criança que não se adapte ao ambiente.
Enfim, me deu um nó na garganta no dia do Fantástico, mas sempre penso que em qualquer situação de conflito há sempre os dois lados. O pai contou a versão dele, a avó a dela, (que pra mim nada do que disse justificaria o menino estar com ela) e depois lí a carta do padrasto. Agora foi divulgada a carta resposta do pai ao que o padrasto falou. Um dos pontos que concordo demais, é que ninguém está aqui pra julgar ou saber da vida sexual do casal antes de ela decidir ir embora. Acredito que se tivesse boa fé, ela se separaria dele legalmente antes de “fugir”. Se não estava feliz com a vida de sustentar a casa, ou se estava insatisfeita pela falta de interesse do marido, poderia pedir o divórcio e agir da forma correta. Me incomoda é essa gente cheia da grana achar que o fato de o pai não ter boas condições financeiras, seja motivo para que o filho não deva morar com ele. Imaginem então os pais de crianças nas favelas do nosso país, são menos pais por causa disso? Também me surpreendi com o vocabulário usado por ele, que é um advogado ao chamar o pai do menino de “vagabundo”. Não cabe um processinho aí não?
Enfim, acho realmente muito difícil julgar, muito difícil saber quem está dizendo a verdade, para se tomar uma posição, escolher um lado, decidir uma vida seria necessária muita investigação para comprovar que o que o padrasto diz é verdade e que ainda assim isso seja motivo de separar o filho do pai. Entra nisso também a questão do dinheiro. Família com dinheiro no Brasil, raramente não consegue o que quer, e acredito nisso para que tanta resistência esteja sendo colocada pelo nosso judiciário em devolver a criança ao pai.
Lembram daquele menino de Taiwan o Iruan? Exatamente o oposto, e o Brasil ficou indignado que familiares do pai taiwanês, não quisesse devolve-lo para a avó materna. Quando a família do pai dizia que ele já estava adaptado lá em Taiwan, o Brasil não levava isso em consideração, mas agora leva? Odeio dois pesos duas medidas.
Esse trecho abaixo, retirado da reportagem na Veja, já diz tudo. No Brasil, pagou, levou.
A guarda da criança caiu no emaranhado jurídico, mas um capítulo trágico mudou tudo. No Rio, Bruna casou-se de novo, com o advogado João Paulo Lins e Silva, do clã que há um século produz medalhões do direito. Temendo que Goldman pudesse pegar o filho de volta com a morte de Bruna, Lins e Silva, seis dias depois do falecimento da mulher, pediu à Justiça a guarda do menino alegando “paternidade socioafetiva”. Com agilidade incomum, a Justiça atendeu a seu pedido no mesmo dia. Goldman aterrissou no Brasil dez dias depois. Chegou certo de que, como pai biológico, levaria o filho de volta. Descobriu que a guarda havia sido concedida para Lins e Silva.

Ô papagaio…

Sergio e eu falamos palavrão, ele mais do que eu mas ele se expressa mais out loud do que eu também. Depois da Luna, combinamos que evitaríamos ao máximo essas palavras na presença dela, e olha, ele conseguiu diminuir MUITO! Grande progresso, quem o conhece sabe o quando isso seria difícil. Acho que pra mim foi mais fácil, por que não esbravejo tanto como ele, mas as vezes falamos coisas que nem percebemos.
Hoje, ao dar errado alguma coisa que eu estava fazendo, falei “saco” e isso eu já havia visto Luna falar uma vez. Hoje quando me ouviu, ela quis fazer um upgrade, e eu ouvi assustadérrima ela falando baixinho ” puta merda”.
– O que você falou filha?
Puta merda
– Quem fala assim?
– Papai
– Quando filha ?
Quando ta “blávo”
– Com quem?
Com o “patador”* – * computador
Well, é não dá pra ser perfeito, e é impressionante como isso deve ter acontecido pouquissimas vezes, o que é suficiente para ela assimilar, entender e repetir. Dá um medinho, pensar que ela olha tudo, o tempo todo, observa tudo que falamos e fazemos, e que fará igualzinho. MEDO.

Jabor é demais.

É tão gostoso ler um texto, que a cada frase você vai pensando : putz é isso mesmo, olha que coisa simples, mas tão verdadeira? Nada mais prazeroso ainda é ir se identificando com cada conclusão. Eu adoro o Jabor
“Crônica do Amor
Ninguém ama outra pessoa pelas qualidades que ela tem, caso contrário os honestos, simpáticos e não fumantes teriam uma fila de pretendentes batendo a porta.
O amor não é chegado a fazer contas, não obedece à razão. O verdadeiro amor acontece por empatia, por magnetismo, por conjunção estelar.
Ninguém ama outra pessoa porque ela é educada, veste-se bem e é fã do Caetano. Isso são só referenciais.
Ama-se pelo cheiro, pelo mistério, pela paz que o outro lhe dá, ou pelo tormento que provoca.
Ama-se pelo tom de voz, pela maneira que os olhos piscam, pela fragilidade que se revela quando menos se espera.
Você ama aquela petulante. Você escreveu dúzias de cartas que ela não respondeu, você deu flores que ela deixou a seco.
Você gosta de rock e ela de chorinho, você gosta de praia e ela tem alergia a sol, você abomina Natal e ela detesta o Ano Novo, nem no ódio vocês combinam. Então?
Então, que ela tem um jeito de sorrir que o deixa imobilizado, o beijo dela é mais viciante do que LSD, você adora brigar com ela e ela adora implicar com você. Isso tem nome.
Você ama aquele cafajeste. Ele diz que vai e não liga, ele veste o primeiro trapo que encontra no armário. Ele não emplaca uma semana nos empregos, está sempre duro, e é meio galinha. Ele não tem a menor vocação para príncipe encantado e ainda assim você não consegue despachá-lo.
Quando a mão dele toca na sua nuca, você derrete feito manteiga. Ele toca gaita na boca, adora animais e escreve poemas. Por que você ama este cara?
Não pergunte pra mim; você é inteligente. Lê livros, revistas, jornais. Gosta dos filmes dos irmãos Coen e do Robert Altman, mas sabe que uma boa comédia romântica também tem seu valor.
É bonita. Seu cabelo nasceu para ser sacudido num comercial de xampu e seu corpo tem todas as curvas no lugar. Independente, emprego fixo, bom saldo no banco. Gosta de viajar, de música, tem loucura por computador e seu fettucine ao pesto é imbatível.
Você tem bom humor, não pega no pé de ninguém e adora sexo. Com um currículo desse, criatura, por que está sem um amor?
Ah, o amor, essa raposa. Quem dera o amor não fosse um sentimento, mas uma equação matemática: eu linda + você inteligente = dois apaixonados.
Não funciona assim.
Amar não requer conhecimento prévio nem consulta ao SPC. Ama-se justamente pelo que o Amor tem de indefinível.
Honestos existem aos milhares, generosos têm às pencas, bons motoristas e bons pais de família, tá assim, ó!
Mas ninguém consegue ser do jeito que o amor da sua vida é! Pense nisso. Pedir é a maneira mais eficaz de merecer. É a contingência maior de quem precisa”.
Arnaldo Jabor