Para complementar o post anterior, e esclarecer também já que algumas pessoas me perguntaram sobre o que mudou na minha relação com a Luana depois que a Luna chegou, vou tentar explicar.
Quando eu era criança não dava bola alguma para cachorro, e até achava o da minha vizinha chato e irritante. Na adolescência, a paixão despertou quando o tio do Sergio que era veterinário disse que conseguiria um cãozinho para gente caso quisessemos um. Não pensei em raça, em nada, só queria um cachorro, e então ganhei o Pity. Nossa, amamos o Pity muito mais do que poderíamos imaginar, e quando saí de casa, o levei comigo. Uma vez ficou doente, gastei toda minha poupança com internação para poder salvá-lo, não media esforços. Lembro como se fosse hoje, meu desespero quando meu pai me disse baixinho num Domingo de manhã, eu ainda dormindo, que ele abriu a porta e o Pity tinha saído e descido sozinho. Saí feito uma louca as 7 da manhã pelas ruas, de pijama, chorando, procurando meu cachorro que tinha desaparecido, e finalmente o encontrei. Já tomei mordida, quase fico sem orelha, mas meu amor pelo Pity nunca diminuiu por causa disso, e pra mim ele sempre foi como um filho. Depois veio o Alfredo, um weimaraner delicioso, que convivi pouco, pois foi bem na época da nossa vinda para NY e eu apesar de ter planejado, acabei sem poder trazê-lo. Depois veio a Luana, já aqui nos EUA, que precisou ser escolhida a dedo, pois o apto proibia animais, e apelei para que a dona deixasse, prometendo que escolheria um cachorro que não latisse muito para não incomodar, e ela permitiu desde que assim fosse e que também fosse pequeno. Escolhi o westie, a raça da Luana, sem saber muito bem o que faria se ela latisse demais, mas parece que foi encomendada, Luana não late quase nada, é super meiga, um doce de cachorra, e eu a tratava como filha também. Levei sempre comigo pro Brasil, chorei qdo precisei deixar em hotelzinho quando fui pra Europa, deixava de sair na sexta feira quando pensava que ela já estava o dia inteiro sozinha, e até coloquei uma webcam para acompanha-la durante o meu trabalho. Uma vez, batendo papo com uma amiga no msn que não tem cachorro, mas tem filho, discutia exatamente sobre isso, que a Luana era como uma filha pra mim, e porque não poderia afirmar que a amava como tal, afinal era um amor imenso, de abdicação da minha parte, de querer o melhor etc. Mas uma frase dela me fez cair na real: “Monica, você daria sua vida pela sua cachorra? se tivesse uma situaçao entre uma vida apenas a ser salva, a sua ou a dela, vc morreria por ela? Pense sobre isso, e você verá que amor de filho e amor de cachorro são bem diferentes e não se comparam”.
O QUE MUDOU?
Antes da Luna, Luana era o centro da casa, as atenções eram TODAS para ela. Quando nasce um filho, a diferença que a amiga acima falou, fica muito nítida. Você olha pro seu cachorro e pensa realmente como é diferente, e como você achava que não era, até que o filho aparece para deixar isso bem claro. Amo menos a Luana? NÃO. Dou menos atenção? SIM, como deixei de me dar mais atenção também, por uma questão de tempo e prioridades, como deixei de fazer inúmeras coisas por mim também. Continuo levando a Luana pro Brasil comigo, mesmo a passagem dela sendo a mais cara de todos nós. Cuido dela com todo amor e carinho, sentindo o mesmo prazer que sempre tive quando a agarro e ela deita sua cabeça no meu pescoço e dorme comigo. E como gosto! sempre me transmitiu muita paz, abraçar e agarrar Luana, e isso ainda continua igual. Me preocupo da mesma forma quando suspeito que algo possa estar errado com a saúde dela, sofro ao pensar que um dia ela vai embora e nos deixar, e deixo MUITO claro para Luna desde cedo, que Luana é meu “outro” bebê e deve ser tratada com todo amor e respeito. Todas as vezes que Luna foi indelicada, destratou ou se estressou com ela, (isso é normal em qualquer criança) mostrei claramente minha indignação e sim, ensinei como se deve tratar qualquer animal, mas fazer ou forçar a criança a gostar de determinado bicho, não acho que seja possível. Nunca a ensinei a gostar de cavalos, mas essa é a paixão dela, e quanto aos cachorros, quem diz que ela não gosta sou eu, e quando falo isso ela fica brava, pois ela afirma que gosta sim! Espero que cresça gostando, como eu, e acho difícil ela “NÃO GOSTAR”, apenas poderá não ser o seu animal predileto. Não sei se consegui explicar a quem perguntou, o que exatamente mudou, talvez seja difícil até pra mim identificar isso, mas amo-a demais, faço tudo que está ao meu alcance para seu bem estar, a quero sempre por perto, me preocupo em ve-la feliz, apenas não tenho mais o mesmo tempo para dedicar a ela, e depois que Luna chegou, me lembro da frase a minha amiga, quando ainda não tinha filhos e percebo o quanto ela tinha razão, e a gente as vezes não consegue mensurar e diferenciar esse amor entre bicho de estimação e filhos, principalmente quando achamos que eles podem preencher esse lugar, e o tratamos como tal. Não são, bicho de estimação é bicho de estimação, filho é filho, e só tendo os dois (e o bicho vindo primeiro) para talvez entender o que estou tentando dizer.