Nostalgia

É impressionante como música nos traz a mente alguns fatos que já passaram, tão perfeitamente que parece um filme passando pela cabeça. Música realmente é uma coisa que mexe comigo bastante, às vezes quando fico com saudades do Brasil, boto umas músicas de carnaval alta aqui e me transporto… Tudo bem que a saudade aumenta, mas faz muito bem pra alma! Eu estava aqui agora ouvindo a música “Believe” da Cher, que marcou muito a época que vim morar em NY. Aí vieram a minha cabeça todos os sentimentos, os medos, as impressões daquela época, hoje até que sinto saudades…

O Sergio veio primeiro, e estava morando em um Studio em Upper West Side. Eu vim 2 meses depois, em Abril, precisamente dia 7 de Abril. Cheguei aqui na maior alegria, pô meuuu estou em NY, eu já tinha vindo uma vez, e estava morrendo de saudades. Como ele estava a pouco tempo no Studio e era um sublet, tinham algumas burocracias, por exemplo não tínhamos telefone pq o antigo dono cancelou, e não podiamos abrir uma conta nova não sei pq, nem TV a cabo, ou seja muito menos internet. No dia que cheguei estava ainda super presa ao que tinha deixado no Brasil, meus amigos do trabalho, minha família, então a única coisa que pensava era em mandar um email pra eles, mas tinha que ficar apenas na vontade… O Sergio me pegou no aeroporto, mas logo depois teve que voltar pro trabalho, e eu fiquei alone. Nossa quando me dei conta de que a partir daquele momento, aquela seria minha casa, aqui seria minha vida e essa seria minha cidade, entrei em pânico no mesmo momento.Chorei muito! E aquele frio de abril ainda me deixava mais apavorada, pois eu havia trazido meus casacos mais potentes, e mesmo assim morria de frio! Andava pela rua, achava tudo tão diferente… Olhava o supermercado e aquele lugar minúsculo que nem me lembro mais qual era o mercado agora seria o meu “Carrefour”. Foi realmente um choque aquilo pra mim. Voltava pra casa e não tinha nada pra fazer… nem computador, nem a Globo, só tinha meu Playstation que eu trouxe do Brasil. Ficava o dia todo jogando, esperando o Sergio voltar do trabalho. Sei lá pq eu não saía pra andar pela cidade, acho que eu queria fazer isso com ele no final de semana. Meus dias eram jogar vídeo game, ouvir música, ver a lista de aptos e ficar ligando. Tocava muito Rick Martin também, aquela “Livin la vida loca ” Aliás essa música marcou mais ainda minha chegada, pois me lembro que eu via posters dele em todas as lojas de cds da cidade!

As coisas depois foram se ajeitando aos poucos, mas demorou um bocado para me acostumar com a vida aqui… hj sinto saudades quando NY ainda era novidade pra mim, quando eu andava pelas ruas e não sabia aonde estava, quando descobri que na Barnes and Noble vc podia ler livros a tarde inteira depois fechar e ir embora, e ir aos poucos descobrindo as novidades… Nunca me esqueço da moça do Mac Donald’s que foi meu primeiro contato com o Ingles aqui em NY. Eu fui almoçar e pensei: “Ok não tem erro, peço o número 1 e tá beleza”. Pedi o número 1 aí ela pergunta: What kind of soda? e eu “Soda? Soda no! Coke! Ela olhou pra minha cara como posso explicar… bom quem mora aqui sabe bem que cara foi né? Ok, ela vem com a coca cheia de gelo. Eu falei: “No ice please”, aí ela fala: “Porque não falou antes de eu botar a coca????” ok, eu estava errada, mas no Brasil, a mocinha do caixa iria sorrir e trocar sem reclamar… mas tudo bem, achei que ja estava salva, é so pegar e ir pra mesa. Aí ela vem com uma coisa que na hora pra mim soou como “stérago?” Stérago? Que P*** é isso? Aí falei: Não entendi…. poderia repetir? Ela com uma delicadeza de um elefante mas falando bem devagar como se quisesse me dizer: Vou falar bem devagar pra vc entender sua retardada “Do you want to eat here or you want to take it home?” AAAAAAAAAAAAAAAAH entendiiiiii aqui mesmo obrigada. Depois desse dia eu parei de falar inglês. Traumatizei. Isso pq eu já tinha estudado 7 anos na cultura inglesa e achei que sabia tudinho! Mas quando vc chega aqui é que vê a diferença do que aprendemos no Brasil e o que realmente eles falam. Demorou um tempinho pra eu me acostumar, mas agora não estou nem aí, até brigar em inglês eu já briguei, qualquer dia conto o episódio da negona que se pegou comigo dentro do metrô… patético.

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