Nunca me preocupei com amamentação, sempre pensei que fosse algo natural, como é com os animais, nasceu, mamou. Minha mãe não teve problema algum comigo nem com minha irmã, não conhecia muita gente que teve problemas, então realmente não foi algo que acreditei que eu teria problemas, mas ainda assim fiz o curso que o hospital ofereceu.
No hospital, assim que fomos pro quarto, tentei amamentar. Alguém ajudou? Não. O hospital que no dia da apresentação se gabava de ter consultoras de lactação, enfermeiras praparadas para ajudar, simplesmente me largou sozinha no quarto, com um bebê chorando, uma mãe sem experiência, sem leite e sem nem perceber se o tal do colostro estava vindo ou não. A única coisa que eu sabia era que a Luna chorava, eu estava sozinha, e quando questionei sobre o fato de ela estar com fome e eu não ter leite o que me disseram foi: Você quer a bombinha? Calma… onde já se viu fazer uma pergunta dessa a uma mãe inexperiente, com dores pós parto, e um bebê com fome e chorando? Eu apenas disse, traz né. Ela trouxe, depois de eu ter pedido várias vezes e elas terem esquecido, largou na sala, e não se deu ao trabalho de me explicar como fazer. Obviamente eu tentei, e nada saía. Durante a madrugada, Luna chorava, eu sozinha no quarto, tentando dormir, e faze-la parar de chorar. Chamei a enfermeira e expliquei que ela não parava de chorar, e que eu nao tinha conseguido amamentar. A pergunta veio novamente: “Quer que eu a leve pro berçario?” Imaginem minha situação, vendo minha filha chorar de fome, e eu sem conseguir amamentar? Obvio disse para que a levassem e a alimentassem.
Luna não queria mais peito, mesmo com apenas 2 dias de vida, ela já tinha percebido a facilidade de sugar no bico da mamadeira, e já tinha decidido que era isso que ela queria. Insisti, chorei, me desesperei, procurei ajuda, mas nada fez com que a minha pequena pegasse o peito e mamasse. Ela colocava a boca e em 2 minutos começava a chorar desesperadamente, e a mãe mais desesperada ainda, dava a mamadeira para sanar a fome do bebê chorão. Fomos à pediatra que me mostrou como deveria proceder e não ter medo do choro dela, e finalmente consegui fazer Luna pegar o peito. Ok, agora ela pegava, mas dormia no meio, era o dia todo tentando amamenta-la mas ela dormia mamando e o bico do seio começando a rachar, mesmo ela com a boquinha de peixe, na posição correta. Vamos novamente à pediatra depois de mais uma semana, e Luna não tinha ganhado peso, e sim perdido. Fui aconselhada a usar a formula como suplemento, dar o peito e depois a formula. A pediatra me explicou que a formula ia deixar minha filha saudável, e se fosse esse o caminho a seguir, que eu não me preocupasse. Assim eu fiz, e como previsto, ela começou a largar o peito logo, so querendo tomar mamadeira.
Depois de muito me culpar, chorar e lamentar, me entreguei e fiquei 100% na fórmula. Até hoje, a Luna não teve nenhuma infecção, doença, e em quase 2 anos de vida, teve sua segunda febre na semana passada. Resfriado é comum a uma criança que fica em daycare, mas quando ela foi pro Brasil, longe desse ambiente, não teve nada, nariz seco, peito livre o tempo inteiro. Antes dela nascer, ouvi historias mil de filhos de amigos que eram amamentados com leite materno, mas viviam doentes, febre, vômitos, diarréias, como seria minha filha então alimentada com fórmula? Não tenho do que reclamar, Luna nunca teve nada, perfeita, saudável e super forte. Acho que no fundo a ligação emocional é o que traz mais benefícios na amamentação, do que o leite propriamente dito, só posso pensar assim, depois da minha experiência. Espero ter o segundo filho, e quando isso acontecer, vou me empenhar ainda mais para conseguir dar a ele o leite materno, não mudei minha opinião, vou me informar muito mais dessa vez e fazer de tudo pra conseguir. A diferença é que conseguirei encarar de uma forma melhor, caso isso não seja possível. Com menos culpa, e com a prova viva de que ser uma criança saudável sem ser amamentada pelo leite materno, é perfeitamente possível.