Aniversário do Lorenzo

Meu bebê fez 4 anos dia 13 de Dezembro (post está um tanto atrasadinho), e mamãe maluca que não conseguiu alugar o lugar planejado na data planejada, teve que colocar 40 pessoas dentro do apertamento para comemorar a data especial. Ele queria em casa desde o começo, mas relutei, acabou que ele sem querer, venceu e lá fomos nós. O tema escolhido por ele foi Daniel Tiger Neighborhood, um desenho que passa na PBS kids.

danielÉ um “bairro” onde onde moram os personagens principais, o Daniel Tiger, a Coruja “O”, a gatinha Katerina, Príncipe Wednesday e Miss Elaina. A intenção era reproduzir na mesa esse bairro que é onde se passa toda a história. O maior desafio não era a decoração e sim colocar 40 pessoas dividindo a sala , e ainda  o palhaço/magico para entreter os pequenos. No final deu tudo certo, mas só consegui realmente curtir a festa quando acabou e ficaram só meus amigos brasileiros.

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Quase começando a festa e mamãe atrasada ainda arrumando os brigadeiros, que também chegaram atrasados. Os personagens no fundo seguram as bexigas.

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O “bairro”

A casa da coruja, na árvore azul. Imprimi e colei o tronco em um vaso de vidro.

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O bolo foi dificil de definir. Nenhum dos que eu vi no pinterest era perto do que eu julgasse bonito. Como um dos elementos do desenho são os circulos coloridos nas “ruas”, usamos como um dos elementos chave da decoração. O Trolley que é o elemento principal, e as árvores coloridas que fizemos.

 

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Bolo adaptado de outra idéia, com Tiger e coruja ao invés do macaco que era o original que vi no Pinterest.

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Brigadeiros/Beijinho (que não agradam muito aos americanos) mas é sucesso entre todos os brasileiros.

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Roda Gigante que também faz parte do bairro do Daniel Tiger, com os cupcakes coloridos. Fez o maior sucesso com a criançada!

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O Clown/Magician entretendo a criançada, que ria sem parar.

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Foi complicado arrumar espaço para todos, mas demos um jeitinho, e no final deu tudo certo.

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As lembrancinhas e o número 4 feito com bowls de presentes, que ficavam soltando na ponta toda hora… pequeno detalhe que me incomodou imensamente.

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Daniel e Katerina escondidos no meio das favor bags

 

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Salgados e bebidas. Polvilho Bakery despertou a curiosidade, as pipocas que sujaram a casa inteira, potinhos de frutas que era o que a criançada mais pedia e os sanduiches que sobraram quase todos.

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Assoprando a velinha (e as amiguinhas que brigaram para ficar ao lado do meu galã na hora de cantar os parabens, saiu até beliscão!)

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Aqui os americanos não esperam o parabéns para poder atacar a mesa dos doces ( aliás eu acho isso também um saco) Portanto tire as foto da mesa intacta antes da galera chegar  ou aguente a mesa já quase vazia na hora do parabéns.

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A hora que a mamãe adoraria pular, cortar e distribuir o bolo.

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Sophie Lee, one of his BFF’s

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O Mistério da Bandeira Branca

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Cadê a bandeira americana que estava aqui?

E ontem a cidade mais visada do mundo acordou com esse mistério, quem trocou as bandeiras dos Estados Unidos, em cima da ponte do Brooklyn por bandeiras brancas? Como alguém chegou até lá, um local onde supostamente apenas pessoas autorizadas podiam ter acesso? Mais um episódio para colocar em cheque a segurança da cidade que é considerada alvo número 1 dos terroristas. Passamos por várias máquinas de  Raio X nos aeroportos, repartições públicas, pontos turísticos e de repente alguém consegue furar esse “bloqueio” nos lugares onde imaginaríamos serem praticamente impossíveis de algum estranho conseguir acessar. Agora a NYPD, desafiada, não vai sossegar enquanto não achar os engraçadinhos que conseguiram escalar uma das pontes mais famosas do mundo, e brincar com o maior simbolo do patriotismo americano, e ainda por cima expor o quão frágil é a segurança do país, quando o mundo inteiro pensa ser justamente o contrário.

O primeiro ato bizarro foi há alguns meses atrás quando um adolescente de New Jersey conseguiu furar a segurança da nova torre construída, a Freedom Tower, no lugar das torres gêmeas, destruídas nos atentados de 2001. O menino de apenas 16 anos passou por um guarda que dormia em serviço e subiu até o topo do edifício ainda em construção. Segurança dorminhoco, adolescente audacioso, e a pergunta que todos fazem, e se fossem terroristas?

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Justin Casquejo , o menino que furou a segurança do local onde aconteceu o maior atentado da história dos Estados Unidos, em setembro de 2001.

Filipe Guerreiro Wolff

Há alguns meses eu e muitos brasileiros que moram em NY, Boston e provavelmente várias regiões dos Estados Unidos, estamos acompanhando a história desse pequeno grande menino chamado Filipe Wolff.  Ontem, depois de 2 anos em tratamento nos EUA, se preparando para fazer um transplante de fígado para salvar sua vida, a cirurgia finalmente aconteceu. Durante esses dois anos, a família vem contando com a ajuda e apoio não apenas de seus amigos e familiares, mas com grande parte da comunidade brasileira daqui. Foi muita expectativa, ajuda, campanha para arrecadar fundos, sofrimento e ansiedade em cada internação dele que acompanhamos pelo facebook ou pelo site. O grande dia finalmente chegou, o transplante foi feito, o doador que é seu pai, e o Filipe passaram por quase 13 horas de cirurgia, e hoje começam o primeiro dia de recuperação, com muita batalha ainda a ser vencida nos dias que virão.

Resumindo a sua história, Filipe nasceu em 2008 e com apenas 18 meses foi diagnosticado com uma doença rara, “Histiocitose de células de Langherhans” uma doença que afeta o sistema de vários órgão do corpo, e que já havia se instalado no fígado e nos pulmões. Esse problema no fígado acabou causando outra doença rara, a “Colangite Esclerosante”, e a presença dessas duas juntas podem causar o colapso total do fígado. Para curar a segunda, somente fazendo um transplante.  Fizeram quimioterapia, e seguiram todas as opções de tratamento indicada para seu caso pelos médicos no Brasil, mas que não tiverem muito efeito, e em 2011 Filipe continuava apresentando problemas e uma séria crise hepática. Foi quando eus pais souberam que aqui nos EUA havia uma medicação que obteve sucesso em casos semelhantes ao do menino, mas essa medicação é proibida no Brasil pela ANVISA. Começaram uma campanha no Brasil para arrecadar fundos e conseguiram trazer o filho para a primeira consulta e o inicio do tratamento com o médico americano. Com a confirmação da necessidade de fazer o transplante, os pais sem condições de bancar o procedimento, começaram uma grande campanha na comunidade brasileira pedindo ajuda para conseguri realizar a cirurgia e se sustentarem no país até que o menino fosse curado. Com um custo estimado em 800 mil dólares, várias campanhas de arrecadação aconteceram, muita gente ajudou e a família conseguiu arrecadar uma boa quantia em dinheiro, que na verdade era controlada e estava em posse da MAPS e na conta do Citizens Bank. Com um novo diagnóstico de que o câncer (a doença primaria) tinha voltado e o transplante do fígado não poderia ser feito logo, junto com a aprovação de um seguro saúde particular para o Filipe, a família resolveu encerrar as doações. O dinheiro arrecadado e sempre muito transparentemente mostrado por eles no site, não poderia  ser usado por outra razão a não ser para a manutenção do seguro de saúde e gastos referentes ao tratamento.

Depois de muitas internações, tratamentos, novos diagnósticos de comprometimento na medula e a necessidade de um novo transplante para curar esse novo problema que apareceu em seu sangue, Filipe finalmente conseguiu fazer o tão esperado transplante de fígado.

Hoje o que ele precisa é de muito pensamento positivo, muita torcida, pois o que essa criança passou, o que a família vem superando, o mínimo que eles merecem é que essa vida seja salva! Desde ontem quando ele começou a cirurgia, eu e outras milhares de pessoas ue acompanham diariamente cada update que a família coloca na pagina do facebook, estamos ansiosos, confiantes, torcendo muito, mas muito mesmo para que o conforto venha logo para todos eles. Quem quiser acompanhar e de alguma forma ajudar, acessem a página.

Força Filipe!

Bye-Bye 2012

Esse post eu tinha escrito um pouco antes de dar pau no servidor e eu ficar sem acesso ao blog mas apesar de atrasado, ainda vale uma restrospectiva de 2012!

Não posso dizer que vou sentir saudades dele, um ano que deixará algumas marcas tristes, difíceis, mas a esperança de um 2013 melhor.

Em 2012…

Perdi a minha companheira de 12 anos… da qual jamais me esquecerei

Meu Aniversário de 2003

Conheci pessoalmente minha sobrinha linda, Rafaela.

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Quem tem a sobrinha mais linda do mundo levanta a mão.

Luna começou o first grade.

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Festinha da Luna de 6 anos, com o tema fundo do mar.
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Amigos legais foram embora para o Brasil.
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As melhores visitas!

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Lorenzo viaja pela primeira vez para conhecer o Brasil

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Caíram os primeiros dentinhos da Luna
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Primeiro pumpkin and apple picking nosso e das crianças
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Nosso segundo furacão nos EUA, o Sandy, que dessa vez nos deixou sem lavanderia no prédio (aliás vamos ficar sem, por um bom tempo).
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Feliz 2013! que a mãe natureza não nos traga nenhuma surpresa.

Unplugged, com Sandy e sem Luana – DIA 2

CarroHoje amanhecemos com curiosidade de ver o estrago. Pela janela já dava para perceber que era enorme, dei café da manhã para as crianças, agasalhei-as e pegamos nossas lanternas. O corredor do prédio estava uma escuridão sem fim, mas a lanterna nos ajudou a achar a porta das escadas. Cinco andares com Lorenzo em um braço, carrinho pendurado em outro, lanterna na mão e olho nas escadas e na Luna que descia logo na frente iluminando o caminho com sua lanterninha. Acho que eu nunca tinha subido as escadas do prédio antes, nada parecia familiar, ainda mais sem iluminação alguma. Estava frio, mas a movimentação era grande, todos queriam ver a mesma coisa, o estrago que Sandy deixou. Assim que chegamos no lobby do prédio já percebemos a sujeira que deixou. Os vidros estavam muito sujos, folhas e lama grudados por toda parte. Pessoas procuravam saber quando a energia voltaria, e para minha surpresa, espanto e desespero, ouvi o que não esperava, que no mínimo demorariam de 4-5 dias, sendo otimista. Nessa hora me veio a cabeça todas as vezes que achei exagero ter que ir correndo comprar lanternas, baterias, água e alimentos. Pensei na minha comida da geladeira, que o mercado ficaria fechado, o quanto ainda teríamos de comida até que tivesse que providenciar mais, como carregaríamos nossos celulares, etc etc. Todo mundo estava assustado com essa notícia, que foi essencial para fazer muita gente fazer a mala e deixar os apartamentos em busca de vagas em hotéis e casa de amigos/familiares. Apesar de morar numa zona que não foi de evacuação, nosso prédio foi bastante castigado, não sei como ousam não nos incluir na zona A (a que corre mais risco e foi evacuação mandatória), já que estamos há 1 quadra do rio. O cenário foi árvores caídas, carros no meio da rua que foram arrastados pela água, motos no chão, placas de trânsito distorcidas, muita sujeira na rua, e os basements dos prédios inundados. O que mais impressionou no nosso quarteirão, foi um pilar de madeira, que deve ter vindo do rio, que foi parar em cima de um Mustang. Foi a atração, junto com um Mini Cooper (que inclusive pela minha janela, ví o dono tentando salvá-lo, mas teve que abandonar por que a água começou a invadir com muita força bem na hora) que de janelas abertas, ficou inundado por dentro e cheio de folhas secas.

Depois de andar pela redondezas, fomos atrás de algum lugar que vendesse bateria para nossas lanternas. O único lugar aberto era uma Deli na esquina, que para minha surpresa não estava enfiando a faca no valor das pilhas, estavam vendendo pelo mesmo preço que sempre venderam, achei espetacular não se aproveitarem desse momento para explorar as pessoas. Muita gente na rua, celulares na mão, mandando mensagens txt, e o assunto era apenas um, o furacão, as consequencias e os planos de fuga para não encarar uma semana sem luz, aquecimento e água quente que estavam por vir. Muita gente com mala, outras procurando wi-fi na frente do starbucks, carros ligados para carregar bateria dos celulares. Andamos até a Union Square e nada estava aberto, nenhum supermercado, banco nem farmácia. Procuravamos um lugar para comprar água, mas não achamos. Hora de voltar pra casa, fazer comida e planejar o que faríamos. A ordem era abrir a geladeira o menos possível para que o frio não fugisse, então pegavamos tudo rápido, e o almoço foi arroz, salmão e legumes. Confesso que até fiquei um pouco feliz com a falta de luz temporária, assim não teríamos computador para distrair e eu achei que conseguiria por minhas tarefas domésticas em ordem sem ter essa distração, mas esqueci do detalhe que sem energia a loça teria que ser lavada toda na mão, o banho demoraria mais pois teríamos que esquentar a água, no final acabou me dando mais trabalho e me deixando com menos tempo. Estreiamos a bizarrice que se prolongaria por dias, o banho deles na pia da cozinha. Esquentamos um caldeirão de água, esterelizamos a pia e Luna foi a primeira, e claro adorou a brincadeira, deixando Lorenzo ainda mais curioso para experimentar a nova atração da casa.

Com o dia anoitecendo mais rápido e sem luz, as crianças foram para cama mais cedo depois de brincarem no escuro, a luz de velas (supervisionados). Lorenzo já queria cantar parabéns e Luna apagar a chama. Nosso segundo jantar a luz de velas, foi mais um momento de conversa, desabafo, saudades da Luana. Fiquei preocupada com o que teriam feito com seu corpo, já que o plano era mantê-lo no freezer até quarta feira até que viessem coletar para a cremação mas sem energia, o freezer não funcionaria. O que adiantaria isso também, já que não havia mais vida alí? Estava difícil tentar não pensar nisso, não sentir a falta dela embaixo da mesa esperando Lorenzo jogar partes do seu jantar, mais difícil ainda estava tirar da minha cabeça a cena final dela, a minha, a volta, a falta. Vamos dormir que a dor também vai.
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Unplugged, com Sandy e sem Luana

Foram 7 dias de escuridão, muita coisa para contar, terei que dividir por dia. Sem energia, apenas com papel e caneta fui escrevendo o que estava acontecendo, para depois tentar colocar no blog. Vou tentar.

Dia 1- Segunda feira – o pior dia de todos / Parte I
O dia amanheceu horrível, chuvinha chata com muito vento e Luana bem caidinha. Minha branquinha não queria comer, bebia muito pouco e só saía da toquinha dela pra fazer xixi e nada mais. Não vinha esperar Lorenzo derrubar comida na hora do café da manhã, e nem ligou quando a chamei pra passear, foi quando decidi que era hora de leva-la ao veterinário. Liguei pela manhã e felizmente consegui um horário as 11:20, e quando perguntei se tinham para mais tarde, ele disse que não sabia pois dependia das condições do tempo, já que Sandy estava dando pinta por aqui. Saímos eu e Luana na chuva, ela na sacola pendurada no meu ombro, por 5 quarteiroes-avenidas, achei que não iria aguentar o peso, apesar dos 2 kilos que ela já havia perdido. Chegamos lá e quando a coloquei na mesa do veterinário ela nem se manifestou, do jeito que estava dentro da sacolinha ela ficou. Aquela reação me mandou um sinal tão ruim, que quando o vet me perguntou o que estava acontecendo não consegui nem começar a explicar, pedi desculpas e ele me ofereceu uma caixinha de lenço. Ela deveria estar tremendo de medo do médico, tentando fugir da mesa, ofegante, mas nada… a sensação que eu tinha era de estar vendo um passarinho doente nas minhas mãos sem poder voar. A tirei da sacolinha, ele a avaliou, ouviu todo o histórico e me disse que ela estava desidratada. Quando tirou a temperatura, febre de 40.5 C. Eu já chorando, disse a ele que fosse sincero, e que a única coisa que eu não queria era ver minha cachorra sofrer. A bexiga dela estava em espasmo, por isso ela ficava o tempo todo tentando urinar quando ficava de pé, mesmo que não houvesse mais nada pra sair. Já sabia o que o médico iria me dizer, mas foi difícil ouvi-lo dizendo que o câncer estava alí e isso não era reversível. Ele poderia dar antibióticos, um remédio forte para dor (ele disse que ela estava em desconforto), mas que não poderia dizer se ela voltaria a comer, se o espasmo da bexiga iria passar e que inevitavelmente eu voltaria lá para coloca-la para dormir (eutanásia) como acontece na maioria dos casos diagnosticados com esse tipo de tumor.

Nem preciso dizer o quão arrasada fiquei em ter que decidir alí se eu voltava com ela pra casa naquele estado e prorrogava sua vida (ou sofrimento) em um pouco mais de tempo apenas, ou a deixava ir embora em um estágio em que sabíamos não haver volta, e poupá-la de sofrimento maior, guarda-la na memória como aquela cachorrinha linda e pacata, feliz e brincalhona que sempre foi, protegê-la da dor. A razão e a emoção me pegaram de jeito e eu alí sozinha não sabia quem ouvir. Pedi ao médico que me desse um tempo para resolver, liguei para o Sergio e disse que Luana iria embora, senti então que minha decisão estava tomada. Desliguei o telefone, fiquei olhando para ela ali na mesa, na posição que ela sempre dormia e comecei minha despedida. Falei tudo que ela já sabia, que eu a amava demais e que jamais iria me esquecer dela. Não sei por que não a agarrei e dei muitos beijos, acho que no fundo eu não estava acreditando que alí seria mesmo o final. Fiquei parada chorando, fazendo carinho no seu corpo, quando ela resolveu ter uma reação ao ouvir alguém passando pelo corredor, e levantou a cabeça e as orelhas. Nesse momento, achei que aquilo era um sinal, como se ela quisesse me dizer que ela reagia e não estava tão mal assim. A peguei no colo e coloquei no chão, onde ela ficou sem andar, sem fugir pra porta como sempre fazia nas consultas. Se abaixou e começou a fazer xixi, era apenas isso que ela fazia nos últimos 3 dias. Coloquei-a de volta na mesa e comecei a falar as palavras que ela mais gostava de ouvir como “cookie” e “passear”. Ela me olhou, levantou a cabeça e as orelhas, mas não se levantou. Tudo que achei já estar decidido, voltou a estaca zero e quando o médico voltou e me viu chorando ainda mais do que antes, me falou sobre os remédios que poderíamos tentar e ver como ela passaria a noite. Ele quase me convenceu a leva-la de volta pra casa. Pedi que me respondesse sinceramente se achava que sua hora tinha chegado, ele disse que apesar de não querer influenciar na minha decisão, ou me induzir a fazer algo que me arrependesse depois, afirmou que sim. Levantou, examinou mais uma vez com toque e foi quando me disse que a bexiga estava em espasmo constante por isso ela não saía da posição de fazer xixi o tempo todo. Disse que sua qualidade de vida não era boa, que ela estava em desconforto e que ele tem certeza que aquela não era a cachorra que eu estava acostumada a ver. Ele tinha razão. Luana sempre teve receio de fazer xixi na nossa frente,  ela se encolhia toda apenas em me ouvir dizer “Não Luana, aí não pode fazer xixi!”. Sua tolerância a broncas era muito baixa,  mesmo que de leve era um pesadelo para ela, que muitas vezes segurava o xixi o dia inteiro quando eu não ia trabalhar para não fazer na minha frente mesmo que fosse no pad, o local onde ela era permitida a fazer. Da maneira como estava atualmente, ela fazia onde estivesse sem cerimônias pois não conseguia mais segurar e depois que acabava, me olhava desconfiada com o rabinho no meio das pernas, mas ao invés de bronca eu limpava e dizia a ela que estava ok, que eu entendia que ela não fazia porque queria, eu entendia a minha senhorinha idosa.

Fiquei ainda alguns minutos chorando enquanto o médico na maior paciência aguardava a minha resposta e quando pensei que inevitavelmente eu estaria outro dia alí de volta com ela num quadro ainda pior para fazer o que poderia ser feito naquela hora, preservando minha baixinha, evitando que ela sofresse, resolvi de novo que deveria seguir em frente e com firmeza mas muita dor, falei para ele que poderia fazer. Chorei muito, olhava pra ela o tempo todo como se quisesse encher minha mente com sua imagem, que eu não veria de novo. Quando ele voltou já com os remédios, me perguntou se eu ficaria na sala ou se eu preferia sair antes que aplicassem, mas decidi ficar com ela até o final, por mais doloroso que fosse seria ainda mais pra ela me ver saindo da sala e a deixando sozinha, então segurei sua cabecinha, e ele aplicou o tranquilizante. Eu me desesperei, o filme de nossa vida me passou pela cabeça enquanto eu sentia ela ficando molinha, relaxada, na mesma posição em que estava desde o começo. O ajudante veio para a aplicação do segundo medicamento, o que iria realmente levá-la embora. Quando o médico aplicou, o ajudante bem baixinho disse: “bye bye” e meu choro se tornou urros de desespero, eu não conseguia abraça-la nem beija-la, só conseguia chorar cada vez mais forte. Com o estetoscópio ele atestou que ela já tinha ido embora, e me avisou com um “she is gone”. Ele me deixou lá e me disse que eu poderia ficar até o momento que me sentisse pronta para sair. Fiquei olhando pra ela, sem acreditar que ela não mais existia, olhando sua barriguinha já mudando de consistência, não via mais o sobe e desce de sua respiração. Me despedi pela última vez e sem olhar pra trás fechei a porta e fui lá pagar sua última conta…

Foi tudo muito triste, obviamente todos que estavam na recepção ouviram meu choro e me viram sair dalí com a sacolinha vazia. Me lembrei do meu vizinho na porta do prédio com a coleira do cachorro também vazia, acabando de chegar do veterinário e passado pela mesma situação. Voltei sozinha na chuva, ainda bem que chovia, assim eu podia esconder o meu rosto e meus soluços atrás do guarda chuva . Voltei as 5 avenidas me lembrando do dia em que fui buscá-la no petshop, a última cachorrinha a ser vendida por ter sido a menor da ninhada. Era bem a cara dela esperar todos mamarem e pegar depois o que sobrasse. Me lembrei da carinha de medo e susto de quando ela entrou em casa pela primeira vez, da sua doçura, das nossas viagens, das inúmeras fotos lindas que tirei dela quando ainda era meu único bebê. Até um canguru de cachorro comprei para andar com ela no metrô quando a levava para trabalhar comigo no escritório. Desabei quando cheguei no jardim do prédio ao ver o lugar onde ela mais gostava de estar. Tentei chorar alí o máximo que podia para chegar em casa com o mínimo possível dessa tristeza. As crianças estavam comendo e ainda não sabiam de nada. Quando abracei o Sergio e não me contive, foi que a Luna percebeu que algo havia acontecido e então contamos a ela. Ficou triste pela Luana, mas acho que ficou ainda mais preocupada em ver a mãe triste e chorando, mas quando ouvi ela cochichando com o pai que queria comprar flores para alegrar a mamãe, me deu forças para conseguir segurar a tristeza um pouco mais.

A Chegada de Sandy – Dia 1/ Parte 2

Agua invadindo a calçada

No finalzinho da tarde o marido foi tirar algumas fotos no rio (onde já estava bloqueado pela polícia) e nós em casa esquentamos a água no panelão para tomar banho. Tentei em vão dar uma organizada na casa, mas a cabeça não funcionava direito, só consegui mesmo fazer o básico e esperar a Sandy chegar. Já chovia bastante e Luna não saía da janela esperando para ver o furacão. Enquanto eu preparava a janta, Sandy chegou com tudo, era vento para todos os lados, a água começou a invadir nossa rua que fica ha um quarteirão do East River. Quando começou a alagar é que nos demos conta que não demos a devida importância ao evento e não retiramos nossa scooter da rua. Vimos a água subir, passar a altura da sua roda e depois derrubá-la. Por sorte o carro que estava na sua frente a impediu de sair boiando. Sergio tentou descer com suas botas quando a água ainda estava na altura da roda, para tentar tira-la de lá, mas como os ventos estavam bem fortes, ele recuou. Assistimos a tudo, as pessoas se aventurando irresponsavelmente no meio da água a pé e de bicicleta, enquanto a polícia pedia para que saíssem imediatamente. A água avançava, os carros boiavam, árvores caíam, e a gente ficava na janela lamentando a falta de seriedade dada ao furacão, pois agora tínhamos uma moto submersa na água que provavelmente não vai mais funcionar, e as 3 bicicletas no basement que nessa altura do campeonato já estava todo tomado pela água.

Crianças na cama e a energia elétrica foi embora. Estávamos no escuro, tínhamos lanternas mas não muitas baterias. Pegamos as velas e tivemos nosso primeiro jantar a luz de velas. Quando a água começou a baixar, Sergio desceu as escadas munido de lanternas e botas para tentar resgatar o defunto. Se aventurou na água que já havia baixado bastante e conseguiu mudar a moto de lugar. Fomos dormir depois de assistir à enchente, era minha primeira noite no escuro e sem a Luana na sua caminha azul…
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Voltando…

Ui, a vida está corrida. Essa história de onde come um comem dois não funciona quando falamos de trabalho de filhos. O segundo faz uma enorme diferença, e te mostra que com o primeiro, quando você reclamava de não ter mais tempo e vida, estava reclamando de barriga cheia. Como um raio não cai no mesmo lugar duas vezes, óbvio que o segundo não seria tão bonzinho/santinho/certinho como foi a primeira. Luna era uma santa, Lorenzo, um danado. A fórmula quase sempre funciona, se o primeiro é muito bonzinho, o segundo vem que vem, já se o seu primeiro é o que deu um trabalhão, encare o segundo sem medo, serás recompensada.

Obrigada a todos que me escreveram pedindo que eu não deixasse de escrever no blog, mas é que fora o fator filho, que já da uma desestimulada, tive problemas com o servidor e agora a pouco com algum probleminha de malware no meu site, que eu arrumo, e volta. Como não estou com tempo de descascar abacaxi, os problemas foram ficando, e eu meio desestimulada a resolve-los e a escrever. Aos poucos vou tentando retomar o ritmo de antes, se os problemas também colaborarem e deixarem meu bloguinho aqui em paz.

Passamos um mês e meio no Brasil, voltamos semana passada, e ainda tenho mais 15 dias de “férias” com as duas gostosuras em casa, arrumando a bagunça que fizemos quando chegamos, pondo a casa em ordem, e eu guardando 100 brinquedos enquanto eles vao tirando outros 50. Tá fácil… fora isso, Luana a cachorrinha, fazendo xixi com uma frequência assustadora, então passo metade do dia limpando também o seu xixi e lavando pano de chão, na pia já que não existe tanque. E vamos que vamos.

Um quase acidente

QUando cheguei em NY há 12 anos atrás comprei minhas panelas em uma loja que só vendia coisas de cozinha, até hoje elas estão aqui boas, a camada antiaderente intacta, sem amassados e com os cabos inteiros. Minha mãe queria comprar igual, mas não achei a marca em nenhum lugar, se é que tem alguma, elas não foram caras, acho que na época paguei 70 dolares por todo o set.
Como aqui não achava uma leiteira, que no Brasil usava bastante, trouxe de lá uma da Tramontina há uns 3 anos. Não sei se é uma marca boa, quando saí do Brasil não me ligava nessas coisas de casa, mas ao menos era uma conhecida. A diferença na qualidade é facilmente percebida, uma vezque com os mesmos cuidados, o antiaderente dela já está saindo. Até aí tudo bem, mas inaceitável é o parafuso que prende o cabo à panela, ficar folgado de tempos em tempos. Perdi as contas de quantas vezes já apertei, mas logo, ele afrouxa de novo.
Semana passada, aconteceu o que eu mais tinha medo, ao usar, o cabo se desprendeu da panela e derramou todo o líquido que tinha dentro. A minha sorte foi que estava colocando a água no fogo para ferver, e não tirando. Com a queda, foi água voando pra todo lado, inclusive no carrinho do Lorenzo, e nas suas perninhas. Minha vontade foi de jogar ela pela janela, acho um absurdo que isso aconteça com uma panela, podendo causar um sério acidente. Posso até estar errada, mas aqui nos EUA acho que uma coisa dessas não aconteceria jamais. As minhas, devem ser panelas do mesmo nível de valor das Tramontinas, mas a qualidade é milhões de vezes superior. Fica aqui minha indignação com tamanha irresponsabilidade.

No consultório do otorrino, enquanto Brasil perdia.

Sexta, no fatídico dia, no fatídico momento em que a seleção jogava, eu tive que ir pro médico. Estava com uma infecção de ouvido, que ia e voltava, e dessa vez ele ficou totalmente fechado. Fui recebendo as noticias via sms, e imaginem, eu tinha deixado o BR com 1 gol e passes lindos, antes de sair de casa. Saio do metrô no médico, e só noticias péssimas do jogo. Enfim, já com o jogo perdido, entrei no consultório, e ela disse que era uma infecção externa, mas estava bem feinha. Pegou um “sugador” e com ele começou a fazer a limpeza do canal.Eu que já estava enjoada, fui ficando ainda mais, e pensei, bom o máximo que vai acontecer é eu vomitar aqui. É um procedimento incômodo, eu sentia algo na minha garganta, líquido mas ela nao estava aplicando nada, apenas sugando. Avisei que estava passando meio mal, ela me ofereceu água. Estava sentindo meus lábios perdendo a cor, tontura, e a ultima coisa que me lembro foi pedir pra deitar e devolver o copo dágua no balcao, pois não conseguia tomar.Quando acordei, estava no chão, com pano úmido na testa, 3 mulheres me olhando e chamando meu nome.
Desmaiei, e achei que tivesse sido colocada no chão por elas, mas não, eu CAÍ no chão. A mulher disse que foi tão rápido que ela tava pegando a medicação e nem viu. Perái, eu aviso que estou passando mal, ela sabe que isso pode ocorrer, que estou sentada numa cadeira, como ela não ficou do meu lado? Caí e ne sei também se bati em algum lugar, mas poderia ter enfiado a cabeça em alguma quina, ter me machucado seriamente. Detalhe, isso porque estou grávida hein, imagina se não estivesse. Ela disse que acontece, algumas pessoas em sensibilidade ao procedimento e desmaia. Fui procurar na internet pois queria entender melhor a razão, e descobri.
Foi o estímulo ao Vagus Nerve conhecido também como ” Cranial Nerve X”, as it is the 10th cranial nerve. Em português é chamado de Nervo Vago ou Décimo nervo cranial. Ele passa pela região do ouvido e tem ramificações que se estendem por vários pontos,como a nuca,a boca e até o coração. Esse nervo que também controla as batidas cardíacas e a pressão arterial, ao ter sido estimulado na limpeza do ouvido, provavelmente desacelerou o coração, causou a queda de pressão e eu desmaiei. Quarta feira, devo fazer a limpeza novamente, e nada impede que eu possa ter essa mesma experiência, mas agora vou peir pra amarrar o cinto de segurança.