É incrível acompanhar o aprendizado de uma criança bilíngue. Várias coisas me impressionam, outras acho graça, algumas são interessantes, tento entender como ela faz as associações. Já lemos várias coisas sobre o assunto, e a mais comum é afirmarem que em criança bilíngue começa a falar meio atrasado em relação às outras crianças. Outros negam essa afirmação, e eu por minha experiência, acho que isso varia bastante, no caso da Luna, ela começou a falar até antes do que algumas amigas dela da escola. O que acontece é que o vocabulário fica menor nas duas línguas em relação as outras crianças na mesma idade, afinal ela guarda juntando as duas línguas, muito mais palavras do que se estivesse aprendendo uma só. E é uma gracinha ver a mistura, o que falta em um ela completa com o outro.
“Mamãe, preciso de some privacy” ou quando quer falar pra gente ficar reto, ela diz “Papai, fica estreito” já que reto em inglês é “straight” que se parece com estreito em português e ela associa pelo som da palavra.
Curioso é ver como ela está tentando se virar com os verbos em português, já que a nossa conjugação de verbos é muito mais complexa do que a deles. No momento ela apenas usa presente e passado simples, então no português ela tenta fazer assim. Se ela aprendeu que o passado de “comer” é “comi” de “entender” é “entendi” ela agora transforma tudo pra esse tempo verbal, “eu gosti desse doce” “eu fazi isso” eu “acertí”. Curioso é ver a amiguinha também brasileira, falando exatamente do mesmo jeito, ou seja, é a mesma percepção da língua, a mesma dificuldade, a mesma maneira de aprender e raciocinar. E não é pela convivência, pois elas só se veem praticamente no final de semana, o que torna ainda mais interessante. Outra dificuldade bem típica, é colocar o adjetivo na frente, como ela faz no inglês. Por exemplo, ao invés de dizer “eu quero a minha bola roxa” ela diz”eu quero a minha roxa bola” ou como esses dias, que ela falou: “esse é um bonzinho cavalo” ou invés de “esse é um cavalo bonzinho”.
A gente não deixa de ficar babando ao vê-la falando inglês, pois por mais normal que seja, pra gente nunca é normal, nossa língua é o português e pronto, outra língua sempre vai soar diferente aos nossos ouvidos, e ver esse toco de gente dando um BANHO na nossa pronúncia é encantador. Ás vezes os sons das palavras saem tão diferente do nosso, e de uma maneira que a gente sabe que NUNCA vai conseguir falar, que eu e o Sergio nos entreolhamos e por dentro sabemos o que o outro está pensando: “putz essa humilhou hein?”. E o português dela também é sem sotaque ou seja, a danadinha fala bem nas duas línguas. Ela também nos corrige, nada mais justo, já que nós a corrigimos no português, aliás eu quase não a corrijo, porque acho a coisa mais fofa do mundo ouvir ela falando errado, mas repito depois o certo, e ela vai aprendendo e se corrigindo sozinha.
Vemos muitos brasileiros que os filhos não falam português de jeito algum, e mal entendem. Outros, os filhos entendem mas não falam, respondem em inglês apesar dos pais falarem em português. Aqui em casa adotamos a regra, só se fala e se responde em português. Se a Luna começa a nos responder em inglês, fingimos não entender, e ela tem que repetir na nossa língua, pois se a gente relaxar,o instinto natural é ela ouvir português e responder em inglês mesmo. Tem dado certo, e tão certo que ela as vezes se recusa a falar inglês com brasileiros, quando a gente quer mostrar o sotaque fofo. Se ela sabe que é brazuca, sabe qual língua usar e não tem paciência pros nossos pedidos para fazer “gracinhas”. Outra coisa bem curiosa, ela brinca sozinha em inglês, e mesmo com as amiguinhas brasileiras, preferem deixar o português de lado, já que sabem que ambas falam inglês. Ontem, vimos que ela também sonha em inglês! Ou seja, pessoal, é uma missão difícil fazer nossos filhos aprenderem, usarem e manterem a nossa língua ativa, requer MUITO esforço, paciência mas ainda mais, a persistência. Acho uma judiação ver os pais brasileiros falando em inglês com seus filhos, me dá até uma certa agonia, apesar de entender que as vezes pra nos fazer entender mais rápido o caminho mais fácil é o inglês, principalmente na hora da bronca. Entretanto, acredito que o esforço é compensador, vê-la falando as duas línguas, como nativa, é de babar, mais ainda do que já babamos!
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