Acho que desde que cheguei a New York nunca tive uma vida social tão ativa quanto esses últimos meses, especificamente desde o último setembro, quando Luna começou a escola. Aqui as coisas funcionam um pouco diferente do Brasil em relação a fazer amizades, eu não me lembro minha mãe sendo amiga dos pais de coleguinhas meus, no máximo ela seria da minha melhor amiga, e convite para os pais jantarem em casa? Nunca vi. O pessoal aqui faz exatamente o contrário, não precisa ser amigo, basta ser colega de classe e pronto, os pais já marcam playdates, você conhece a casa deles, ficam amigos, almoçam, jantam. Por incrível que pareça, aqui os relacionamentos acontecem com mais facilidade, com mais desprendimento, talvez com menos intimidade. Os pais parecem viver muito mais a vida dos filhos, para os filhos, no mundo deles.
Todo final de semana, temos algum convite diferente dos pais dos amigos da Luna. Já fomos patinar no gelo com um deles, jantar na casa de outro, chocolate quente de outra amiguinha. Uma das vezes, após patinarem juntos no gelo, Sergio e Luna foram na casa da coleguinha, e as dez da noite, ainda estavam lá, ele tomando drink com o pai, enquanto as crianças mesmo cansadas, se divertiam aos montes.
Final de semana passado foi o campeão em atividades coletivas/sociais. No domingo, já com um playdate marcado na parte da tarde com a melhor amiga da Luna da escola antiga, uma mãe da amiga da nova escola pediu encarecidamente se poderíamos ficar com a filha dela na parte da manhã, pois não tinha conseguido babá e teve um trabalho de urgência para fazer. Das 10AM a 1PM foi uma, e das 3PM as 6PM foi outra, mas essa a mãe ficou junto, e enquanto o Sergio fazia sala, eu corria na cozinha para assar o bolo de cenoura, os pães de queijo e os mini-quiches. As 6PM em ponto (coisa boa de americano) ela se arrumou para ir embora (meus amigos brasileiros eu adoro que fiquem!). Nesse mesmo dia, outro pai manda sms pro Sergio dizendo que a filha dele queria brincar com a Luna, mas respondemos que ela estava com a “agenda cheia” então ele marcou pro dia seguinte (segunda era feriado) para as 10 da manhã. Esse era um playdate drop-off, em que o pai apenas larga a criança aqui e vem buscar depois. Foi brincadeira das 10AM as 12:30PM com direito a almoço e pingos de molho de macarrão na parede. A 1:30PMcorremos os 3 (eu e as crianças) para uma festinha de aniversário, essa finalmente brasileira. Ressaca total, a casa uma zona descomunal.
Próximo final de semana já recebi 2 convites, da mãe da mesma menina da segunda feira, para mais um get together, um passeio com as crianças até o memorial de 11 de setembro. Logo depois, outro SMS apitando no meu celular, convite da mãe da amiguinha chamando para um jantar na casa delas, sexta ou sábado. Cansei! O pior é que todo mundo faz isso na maior naturalidade, mas nem sempre seu espírito bate com o dos pais. Alguns são muito estranhos, uns falam bastante, outros meio mudos. Estou acostumada a fazer amizade com pessoas que tem algo mais em comum comigo além do entrosamento das crianças. Acho esquisito, aliás várias coisas nesses playdates são esquisitas, que merece outro post. Para mim, que nesses últimos anos tive uma vida social bem modesta, está sendo uma mudança e tanto, estou precisando reativar várias coisas já adormecidas há anos! Mas, o que não fazemos pelos filhos, não é mesmo?
Noosssa, adorei ler isso! Sei bem como ess acoisa de playdate funciona e achava mega estranho alguns pais/stiuacoes. Fiquei ateh tonta, lost track dos inumeros events hahahaa
Olá Mônica, conheci seu blog pq estou tentando decidir se passo as férias em Cancun ou em NY. Aí te encontrei e achei seu post delicioso. rs
Espero que destes eventos saia alguma amizade mais profunda, da que nós brasileiros estamos acostumados.
Abraços,
Luana.
Monica, sinto a mesma coisa, uma amizade meio forçada né? Mas acho muito legal os pais aqui se dedicarem dessa forma aos filhos. Voce fazer amizade com os pais dos amigos acho que incentiva bastante coisa, e evita tb varios problemas.
Na verdade, não vejo que seja uma diferença cultural, mas de geração. Os meus pais tbém não tinham muito envolvimento com os pais dos meus amigos. Mas hoje, aqui no Brasil tbém está do mesmo jeito daí. Os pais marcam programas, organizam passeios, viagens de final de semana e “forçam” uma amizade que as vezes nao combina muito. Tudo em função do entrosamento dos fillhos. Na cidade que eu moro, que é na serra carioca. nem é tanto, mas no Rio, minha irmã tem evento todos os finais de semana. A vida social dele se resume à atender às demandas dos filhotes…
Monica, sera que voce poder publicar no seu website a manifestacao em NY http://www.crueldadenuncamais.com.br
01/28 noon at Union Square.
Obrigada!
Sou a organizadora.
Também acho que por aqui (Brasil) a coisa tá ficando meio parecida .Mas na maiorira das vezes os encontros acontecem só entre as crianças , ou seja , os pais deixam a criança e vem pegar mais tarde. Também marcamos encontros , mas só com as famílias que temos afinidade .Se meu filho tem afinidade com uma criança que não temos afinidades com os pais , convidamos só a criança.Bjos
Oi Mônica!
Eu sei que é meio cansativo, mas acho isso saudável de todas as maneiras, para todo mundo.
Aqui onde moro, no Brasil, tento fazer isso mas é muito difícil, as pessoas parecem cada dia mais indisponíveis e desconfiadas, pelo menos nas duas cidades de interior que morei. Aí nem vem junto nem deixam os filhos virem, preferem mantê-los presos em casa (por medo, nem pra rua as crianças não vão, eu acho isso um horror e um exagero completo, ainda mais no interior).
Aposto que vai fazer bem pra você, além de muito bem pras crianças ver esse entrosamento e boa vontade entre os adultos. Acho muito positivo pro nosso espírito e mente nos misturarmos com quem é diferente de nós também.
Bj e boa sorte!
Playdates are something that are relatively new here. When I was a kid, playdates didn’t exist – we would go to our friends’ houses or they would come to ours or we would meet at the park, the street, etc. I was surprised when my brothers and sisters started having kids about how rigid socializing seemed to become (that’s only my perception), with parents having to establish playdates in order to social their kids. It seems foreign to me – and I’m American! – but I don’t know… I guess it works for my siblings on some level. I’m not really sure where playdates came from or how they evolved.
(also: Comecei ler o seu blog muitos anos atras – 2002? – para praticar portugues (which I haven’t done in a while – oof, it’s difficult), but I haven’t visited in a while. Congratulations on your ‘new’ baby! You have a beautiful family.)
Acho isso tudo um pe no saco!! Ainda bem que minha filha vai para a aescola nos suburbs. E eu moro na cidade. Assim nao tem essa! a unica pessoa que me relaciono eh com uma vizinha que tem a filha na mesma escola. Acho muito forcado e artificial. Fins de semana sao para curtir em familia, ou com amigos verdadeiros.
Adorei o depoimento da Megan. Eu pensei que essa fosse uma tradicao americana de sempre. Que interessante. Acho que a nossa geracao esta ficando louca com essa coisa de por os filhos como centreo do universo. acho perigoso ate para o casamento.