Pessoas e relacionamentos

Quando volto pro Brasil estranho muita coisa, e uma delas é o relacionamento com as pessoas. Estar em NY há 8 anos, sem muitos amigos e nem família acaba criando uma maneira de viver isolada dos problemas do cotidiano que toda família vive.
Tudo parece meio invasivo, a falta de poder fazer o que você quer a hora que bem entender, incomoda mais do que deveria. O telefone que toca demais, os vizinhos que falam demais, o excesso de compromissos sociais, muita gente num mesmo lugar acaba invadindo um espaço na gente que estava desocupado há muito tempo.
Ao voltar pro Brasil, além de se acostumar com a neura de olhar se vem motoqueiros pela esquerda com alguém na garupa, com os preços altos de tudo, em entender mesmo sem querer tudo o que falam ao seu lado, teremos que nos acostumar novamente a olhar pras pessoas, falar mais, ter mais paciência e se acostumar com as invasões diárias, que só percebemos quando não a temos mais.

“Foi por medo de avião, que eu segurei pela primeira vez a sua mão…”

Morro de medo de avião, mas ao mesmo tempo ele me fascina. Fico sempre hipnotizada vendo eles decolando e pousando, acho misterioso, grandioso, potente, amedrontador. Com a minha irmã na aviação o medo duplica, fico tensa, e como sou neurótica por natureza, já sofro por antecipação.
Depois que ela entrou nesse ramo, vejo com outros olhos todos os comissários e pilotos. Ela desvendou boa parte do mistério depois de me contar os “bastidores”. Fico horas ouvindo as histórias e acho uma delícia. Aprendo bastante também, já sei que não tem cozinha no avião, aquele lugar se chama “Galley”. Elas trabalham feito loucas, servindo, checando, contando, organizando. A classe executiva, pasmem, mesmo tendo apenas 22 lugares dá mais trabalho que a econômica, é muito mais frescura, mais cuidado, mais tudo. Sei o que as irritam nos passageiros, e é bem engraçado viajar sabendo o que elas pensam de cada situação que acontece no avião. Quando elas colocam aquela roupa, se transformam em moças sérias com obrigação de serem simpáticas. Algumas eu percebo que são simpáticas por natureza, em outras está explícito que estão mesmo representando um papel.
Algo que desmistificou, é que todo comissário é homossexual. Conheci váaaaarios amigos delas que são heteros com H maiúculo, e super galinhas. As comissárias não dão muita bola pra passageiro não, aliás elas tem uma certa implicância e eu acho hilário ela imitando “a gente” pedindo as coisas, reclamando e fazendo as coisas que elas mais odeiam, que é levantarmos quando ainda não fomos autorizados. As histórias que vem depois aaaaah são ótimas. Tem até algumas comissárias que ligam na cabine e avisam o piloto que tem gente em pé no momento do pouso, pois deveriam estar sentados esperando a autorização de abrir os cintos, então o piloto dá uma brecadinha assim bem “suave” pra colocar todo mundo no seu devido lugar.
Tem os bêbados, as crianças, puxa, tem muita história. Sabendo já disso, sem querer ser chata eu lavei a mamadeira da Luna no banheiro e quando contei pra ela, levei uma bronca. Não é bem assim, tem mãe que abusa sim, mas pedir pra lavar uma mamadeira é muito bem vindo.
Adoro quando ela conta dos famosos, que dormem, roncam, dão pitis. Em uma situação ela pegou a Luana Piovani indo pra Buenos Aires, dormindo de boca aberta, quase babando e a cabeça meio caída de lado. Pena que não tinha nenhum paparazzi. Falam que a Elba Ramalho não se dirige aos comissários, pede pra quem está com ela pedir sua comida, que o Cauã Raymond é ultra simpático, que a Angélica o Huck e o Joaquim voam de executiva mas a babá vai de econômica. Mas como é a Angélica, a babá pode invadir a área VIP pra ajudar a madame, e depois volta lá pro povão.
Curiosíissimos os contos, dariam um bom livro. Ela adora o que faz, apesar de ser um ambiente de muitas fofocas e intrigas. Imagine muita mulher junta o que poderia dar? Apesar de ela amar a profissão, que dá a oportunidade de poder conhecer várias cidades do mundo e do Brasil, eu sinceramente amaria que ela trabalhasse “em terra” mesmo. Queria que ficasse comigo, olhando eles pousando e decolando, mas lá no chão, quietinha e hipnotizada, como eu.

VENCEMOS!

UFA finalmente venci uma batalha que travo há mais de 8 anos, a guerra com os fios do meu computador.
É tanto fio, tanto fio, e foram tantas tentativas frustranntes em tentar resolver o problema, que ainda nem acredito que a solução era mais fácil do eu imaginava. Já comprei aqueles elasticos, velcros, uma minhoca que junta os fios, e até um projeto com canaletas fizemos, mas ainda assim nao ficava bom. Agora, com a Luna começando a engatinhar, tivemos que definitivamente achar uma solução, e eis que a idéia me veio a cabeça. Comprar uma madeirinha fina, que coloque atras da mesa, com um recuo para que os fios fiquem ali atras “embutidos” e não pra fora da mesa, que daria pra ver pela brecha atrás. Perfeito, maravilhoso, ainda mais que atras do gabinete, tem uma abertura enorme entao os fios que estao ali não ficam presos em elasticos etc, portanto quando eu quiser puxar a CPU, nada fica segurando. Conectar e desconectar cabos, não podia ser mais fácil. Perfeito, e devo o agradecimento da execução a minha querida visita que esteve por aqui, meu amigo Michael. O melhor de tudo é que ele faz tudo bem quietinho, começa e termina e a única coisa que fala é: onde tem chave de fenda? Mo você quer o furo aqui ou alí? Mô, cabou.
PERFEITO, NOTA 10! Nunca mais quero ver a cara desses fios.
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Reclamar cansa

Não aguento mais reclamar, reclamar, reclamar e reclamar.
Nesse último mês tive que fazer uma maratona de reclamações e tem mais algumas pendentes
– Reclamar na Ikea do meu sofá cama que tá ficando estranho
– Reclamar da minha mesa que tava soltando a folha
– Reclamar do social security da Luna que nunca chegou
– Reclamar com o zelador do prédio as trocentas coisas que ele tem que fazer aqui ainda
– Reclamar com o pessoal da mudança os danos e o sumiço do meu ipod
– Reclamar sobre o security deposit que o f*&^% da p *&^% do landlord não devolveu
AIIIIIII que stress!!!! não suporto pendências, não sossego enquanto tudo não estiver resolvido e sem nenhum preguinho martelando na minha cuca.

Eu só quero… sossêgo….

Eu não vejo a hora de sossegar. Sabe, chegar em casa e não ter nada pendente, poder escolher o que eu quero fazer? Isso já não acontece desde que a Luna nasceu, mas não por causa dela, e sim por todas as coisas que aconteceram depois do nascimento.
Ainda grávida recebi a notificação que eu deveria deixar o país para pegar a renovação do meu visto no Brasil. Foi apenas uma contagem de dias, a Luna nascer e corrermos pro Brasil. Então começou a corrida contra o tempo, tirar passaporte dela, correr atras de certidão, advogado, arrumar as coisas e isso tudo junto com as noites mal dormidas. Depois foi a adaptação no Brasil, os 3 meses vivendo meio acampados na casa da minha mãe. Chegando em NY de volta, começou a correria para achar apartamento, visitar os “pretendentes” . Achado, começam os preparativos para a mudança, arruma daqui e dalí e finalmente mudamos.
Agora, tem a arrumação do apê novo, chego em casa e a única coisa que devo fazer e pensar é qual caixa vou abrir e onde vou guardar. O que não cabe tem que vender, o que não vai vender tem que arrumar onde botar, esperar algumas resoluções para finalizar o quarto da Luna, acoxambrar algumas coisas pra pensar depois como solucionar, achar outra mesa de jantar pois devolvi a minha que começou a apresentar problemas, etc. Isso tudo depois que a Luna dorme, as 21:00 hrs, sendo que as 23 hrs já preciso ir dormir. São 2 horas para fazer tudo, ainda jantar e levar a Luana pra passear.
Eu sonho o dia que chegarei em casa, tudo vai estar arrumado, no lugar certo, e eu podendo escolher o que fazer depois das 21, assistir um filme, fazer o design do blog da Luna, brincar mais com a Luana, ler um livro. Esse é meu atual sonho de consumo.

Haja…

Agora estao ao menos falando em diminuir a idade da maioridade penal, algum sinal ao menos de um pensamento diferente. Mas sempre tem um CRETINOOOOOO pra falar asneira. Eu queria que um menor de 16 anos matasse a mãe do secretário de segurança pública, José Mariano Beltrame, pra ver se ele teria dúvidas sobre o discernimento do moleque. Pimenta no ^%$ dos outros é refresco mesmo. Como as coisas podem mudar num país se quando alguém pensa em mudar esse sisteminha falido, sempre tem aqueles babacas que não apoiam a idéia por ser radical demais. Fica na mesma entao? AH ME POUPE, tem que ter muita paciência mesmo, ou torcer para que aconteça com a familia dos opostos a penas maiores, o que aconteceu com a desse menino, porque ai eu quero ver nego defender penas menores e pensar no discernimento de um animal de 16 anos.
O secretário de Segurança Pública do Estado, José Mariano Beltrame, vê a idéia com desconfiança.
“Esse é um assunto que precisa ser muito amplamente debatido por todas as esferas da sociedade. Entendo que não devemos nos basear em maioridade ou menoridade penal, e sim de perceber no momento do ato praticado pelo menor se ele tinha discernimento daquilo que estava fazendo ou se não tinha.”

UFA! Cheguei!

Foi a viagem mais complicada da minha vida, mas enfim estou em casa. Depois conto tudo que aconteceu.
O gosto é de alegria por estar em casa, e de tristeza por ter ido embora. Foi uma choradeira só. Tudo por amor, amor e mais amor. É lindo ver o amor que minha mãe tem pela Luna, eu só tenho a agradecer. Nunca chorei tanto numa despedida, mas essa foi especial. Foi o chorar por estar deixando minha mãe e o Brasil, e chorar mais ainda por ver como ela estava sofrendo pela separação da neta, que ela ainda não tinha ficado muito longe, desde o dia em que ela nasceu. Aprendi com ela, ela reaprendeu com a gente e juntas cuidamos da Luna- ela relembrando coisas, eu aprendendo tudo novo, ela me contando sua experiência e eu contando o que há de novo, e o que mudou desde que eu e minha irmã nascemos. E assim, desde o dia 22 de setembro, minha mãe foi a pessoa fundamental, mais especial e mais importante nesse momento tão difícil que é conhecer um bebezinho e aprender a conviver com ele.
Não tenho nem palavras para agradecer tudo que ela fez por nós, aqui e lá. Mãe é mãe sempre… e a gente entende ainda mais esse amor louco e incondicional, quando viramos mãe também.

TURISTAS

Tenho visto o bafafá que está acontecendo devido ao filme “Turistas” que vai estrear nos EUA essa semana. Lá vamos nós de novo com essa ladainha de que vai prejudicar o turismo no país e bla bla bla. Isso é filme, não um documentário ou programa jornalístico. Se fosse assim, vários filmes que existem com crimes no México, tráfico de drogas na Colômbia e etc. deveriam ser vetados também. E o que dizer de filmes onde pessoas são torturadas, que são feitos em Londres, USA, ou em outros países? Deveriam ser vetados pelo país não concordar que isso ocorra em seu terrítório? Isso é FILME, FICÇÃO. Se estamos preocupados em não denegrir nossa imagem, deveriamos é melhorar a segurança nas cidades e efetivamente não deixarmos que nem turista e nem cidadãos sejam assaltados na saída dos aeroportos. Quanta hipocrisia, não é violento mesmo? Então mexa-se pra mudar isso, assim quando fizerem um filme sobre o nosso país que fale de violência, a carapuça nao encaixa tão perfeitamente e aí a doerá menos.