Os cavalos do Central Park


Sempre dou dicas do que fazer, comprar e ver em NY, mas hoje vou dizer o que NÃO fazer: o passeio de carruagem do Central Park. São 68 carruagens, uma média de 200 cavalos e 360 “motoristas”. Essa semana, mais um acidente com um cavalo aconteceu nas ruas da cidade, antecedido por um na semana passada, dia 26 de julho quando um táxi bateu em uma delas em plena quinta avenida. São várias pessoas e instituições que lutam contra essa atividade, algumas querendo acabar por completo, e outras como a New Yorkers for Clean, Livable and Safe Street que propõe um passeio alternativo talvez com alguns carros de época. A Coalition To Ban Horse-Drawn Carriages mais específica para a causa dos cavalos, e estão sempre pela cidade fazendo seus protestos e pegando assinatura para a petição que visa acabar de vez com essa prática na cidade. Uma prática aliás que ganha força por existir há muitos anos e ser uma tradição de família, que vai sendo passada para a nova geração.
Desde 1983 foram mais de 40 acidentes na cidade de Nova York envolvendo os cavalos, e vários deles causando a morte dos animais, nas ruas e dentro dos estábulos espalhados no meio da cidade, para onde vão a noite “descançar”. Esses estábulos são altamente perigosos, pegam fogo com facilidade, e como muitos são em prédios com mais de dois andares, fica ainda mais difícil a evacuação em caso de incêndio.
Outras razões não faltam para banir essa atividade:
1- Espaço
Nova York é uma cidade grande, com trânsito caótico que não comporta essa atividade. Imaginem cavalos no meio de bicicletas, taxis, ônibus, pedestres, e veículos de emergência? Receita para um desastre.
2- Maus tratos
A vida “útil” de um cavalo que trabalha nas carruagens de NY é abaixo de 4 anos. Se você comparar com os cavalos da polícia que trabalham em torno de 14 anos, já dá pra perceber o quanto são explorados. Depois que eles se aposentam, vão a leilão, e o destino é incerto, dizem que muitos acabam indo pro matadouro, virar comida para os humanos. Sem dizer que os cavalos ficam alí por mais de 9 horas em pé, muitos com sede, cansados, faça chuva, sol ou neve e muitas vezes ficam sem água suficiente para beber.
3- Fiscalização ineficiente
Existem leis para proteger os pobrezinhos, o problema é fazer elas valerem. O ASPCA através de doações, criaram um programa para fazer o cumprimento da lei, que são um tanto complicadas, mas com tantos cavalos nunca tem agentes suficientes para fazer a fiscalização. Algumas dessas leis são:
– férias de 5 semanas por ano para cada cavalo, que deve descançar no pasto, em um lugar ao ar livre
– Não trabalhar com temperaturas acima de 30 graus e nem temperaturas muito baixas
– Nenhum cavalo com machucado deve estar nas ruas.
– Controle de peso da carga que eles carregam.
Portanto se a lei não pode ser aplicada, o serviço não deveria existir
4- Saúde e ambiente
O cheiro nas redondezas do Central Park é simplesmente insuportável. As fezes e urinas acabam sendo limpas pelos serviço público, mas ainda assim a “caatinga” é forte. Moradores da área já cansaram de reclamar, não podem abrir suas janelas no verão, e até uma escola que fica ao lado de um dos estábulos já reportou a incidencia de alunos com problemas respiratórios.
Para quem vier a NY, tem milhares de coisas legais pra fazer, inclusive trocar a carruagem pelos pedicab, que são taxis de bicicletas, que podem fazer o mesmo passeio e por muito menos. Querem ajudar nossos cavalinhos? Assinem as petições!
http://www.ny-class.org/action/petition e também http://www.banhdc.org/petition.shtm
Acompanhe também pelo Facebook!
Não vou colocar foto dos cavalos mal tratados, pois muita gente não gosta de ver, mas quem quiser pode ver mais e também assistir alguns vídeos do abuso.
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Um quase acidente

QUando cheguei em NY há 12 anos atrás comprei minhas panelas em uma loja que só vendia coisas de cozinha, até hoje elas estão aqui boas, a camada antiaderente intacta, sem amassados e com os cabos inteiros. Minha mãe queria comprar igual, mas não achei a marca em nenhum lugar, se é que tem alguma, elas não foram caras, acho que na época paguei 70 dolares por todo o set.
Como aqui não achava uma leiteira, que no Brasil usava bastante, trouxe de lá uma da Tramontina há uns 3 anos. Não sei se é uma marca boa, quando saí do Brasil não me ligava nessas coisas de casa, mas ao menos era uma conhecida. A diferença na qualidade é facilmente percebida, uma vezque com os mesmos cuidados, o antiaderente dela já está saindo. Até aí tudo bem, mas inaceitável é o parafuso que prende o cabo à panela, ficar folgado de tempos em tempos. Perdi as contas de quantas vezes já apertei, mas logo, ele afrouxa de novo.
Semana passada, aconteceu o que eu mais tinha medo, ao usar, o cabo se desprendeu da panela e derramou todo o líquido que tinha dentro. A minha sorte foi que estava colocando a água no fogo para ferver, e não tirando. Com a queda, foi água voando pra todo lado, inclusive no carrinho do Lorenzo, e nas suas perninhas. Minha vontade foi de jogar ela pela janela, acho um absurdo que isso aconteça com uma panela, podendo causar um sério acidente. Posso até estar errada, mas aqui nos EUA acho que uma coisa dessas não aconteceria jamais. As minhas, devem ser panelas do mesmo nível de valor das Tramontinas, mas a qualidade é milhões de vezes superior. Fica aqui minha indignação com tamanha irresponsabilidade.

A magrela em alta

Aqui você não tem seu celular roubado na rua, nem motoqueiros assaltando nas calçadas ou faróis. Pode deixar uma bolsa esquecida em algum lugar e encontrá-la no mesmo lugar depois de horas, ou até mesmo usar seu laptop no metrô ou em praças sem correr o risco de ser assaltado, mas nunca descuide de sua bicicleta. Nova York é a campeã em roubos nessa “modalidade”, sendo mais arriscado ter uma delas do que ter um carro.
Muitas pessoas, já acostumadas a ter a bicicleta roubada, usam até 4 cadeados para garantir a segurança, mas ainda assim, não adianta. Os ladrões são rápidos e muito caras de pau. A mais recente vítima do roubo foi o apresentador de telejornal da CBS Lonnie Quinn. Com sua bicicleta de U$2300.00 roubada quando estava estacionada em frente a sua academia de ginástica no Upper West Side, ele resolveu trocar o meio de transporte por patins. O cadeado que ele usava, um Kryptonite vem com seguro contra roubo de bicicletas de até 3000.00, mas a apólice exclui Nova York que é pelo quarto ano consecutivo a campeã entre as cidades onde mais roubam bicicletas.
Aqui no meu prédio, desapareceu o banco da bike do Sergio, que fica em uma sala do condomínio que é fechada e só os moradores tem a chave. Esse banco já era o segundo, pois os originais das duas, haviam sido roubados no ano passado quando fomos a uma festinha de criança e as deixamos estacionadas devidamente seguras, por duas horas. Nesse dia, tivemos que voltar a pé, com a Luna sentada na cadeirinha e o Sergio empurrando, e quando estávamos em uma das esquinas do East Village, um senhor que vende cacarecos na rua nos contou sobre o mercado negro de bancos de bicicletas na cidade. Ele sugeriu irmos até a próxima rua para comprar um banco mais barato, mas obviamente deveria ser roubado e não vamos alimentar um comércio do qual somos vítimas, e que só existe porque tem gente que compra. A boa notícia é que o ladrão aqui do prédio se arrependeu e resolveu, depois de 3 meses, devolver o banco e colocou exatamente no mesmo lugar de onde tirou. Vai entender…

Blogagem Coletiva – Pediatria nos EUA


Médico nos Estados Unidos é definitivamente diferente do que estamos acostumados no Brasil, inclusive os pediatras. Quando estamos grávidas, já somos aconselhadas a escolher um, que irá (na teoria) estar no hospital quando o bebê nascer e avaliar seu estado de saúde, inclusive assinar sua alta. Nas duas vezes que tive essa experiência aqui, nunca me perguntaram quem era o médico escolhido e muito menos ele esteve no hospital.
Alguns deles tem a política de não dar essa assistência hospitalar, e avisam que não visitam os recém nascidos no hospital. Os que praticam, promovem o chamado “open house” onde marcam um dia para os futuros papais irem conhecer a clínica e o médico. Fiz isso no nascimento da Luna, mas nem me preocupei quando foi a vez do Lorenzo, quem fez tudo foi o pediatra do hospital e depois fomos ao mesmo que atende a Luna hoje, em frente a minha casa.
Uma grande diferença é quando você tem filho homem e opta por fazer a circuncisão, que diferentemente do Brasil, ela será realizada na própria maternidade pelo seu ginecologista e não pelo pediatra. A primeira visita ao consultório acontece normalmente no segundo ou terceiro dia de vida, isso significa sair com seu minúsculo bebê na rua, pegar um metrô ou um taxi. A vacina contra hepatite é oferecida no hospital, mas os pais podem optar por dar no consultório do pediatra. A BCG que normalmente é a vacina que no Brasil é administrada ainda na maternidade, aqui nem é lembrada. De todos os pediatras que perguntei, nenhum dá e nenhum gosta. Mesmo quando com 1 mês tive que viajar com a Luna para o Brasil, minha pediatra me recomendou não aplicar, pois como eles realmente não confiam na vacina, disse que seria desnecessário pois sua eficácia é totalmente discutível.
Sempre tive a imagem de que ter filho era sinônimo de sair na madrugada pra levar ao hospital, já que meus amigos eram bons frequentadores dos pronto socorros de São Paulo. Me surpreendi quando percebi que aqui, praticamente se vai ao hospital apenas em uma super emergência. Em 4 anos, ainda bem, nunca fui a nenhum, todas as febres da Luna fora de hora, acionei o pediatra via um sistema de mensagem, que você deixa recado e ele lhe retorna. A primeira médica demorava um pouco, mas sempre ligava no mesmo dia para dizer quase sempre a mesma coisa, está com febre, dê o remédio, se não passar em três dias, ou se o remédio não fizer efeito, me ligue imediatamente que precisarei vê-la. Sempre foi pelo telefone que o médico me acalmava, me orientava e no dia seguinte se necessário eu levaria ao consultório.
As consultas são feitas nos primeiros dias, depois em 3 semanas, 2 meses, 4 meses, 6 meses, 9 meses e 1 ano. Quando precisei ir ao Brasil, tive um certo trabalho em resolver como fazer a vacinação, já que algumas coisas são diferentes, como por exemplo a vacina pneumococos, que aqui não é opcional, mas no Brasil em 2006 era. Como não estava incluída nas vacinas dadas no posto de saúde e nem o convênio cobria, fizemos particular no laboratório.
Aqui na terra do Tio Sam sentimos falta daquela consulta mais demorada, um atendimento mais cuidadoso e mais personalizado, me lembro que a primeira consulta da Luna na terrinha demorou 1 hora, com um médico super simpático que tirou todas as minhas dúvidas com a maior paciência. Em contra partida, aqui as coisas acontecem bem mais rápido, como por exemplo, os resultados dos exames vão direto para o médico, não são entregues para os pacientes, como no Brasil, que com eles em mão marcam o retorno ao médico, algo que pode levar até 1 mês ter o conhecimento do diagnóstico. Essa agilidade na minha opinião, é de grande importância, em 3 dias (média) o problema já foi diagnosticado, o paciente avisado e qualquer providência pode ser tomada imediatamente. Como sempre na vida de quem mora fora, perdemos de um lado e ganhamos de outro, basta se acostumar e aproveitar o que funciona bem em cada lugar.

Promoções sem fim

Aqui é com certeza o país das liquidações “verdadeiras”. Uma das mais famosas, a Black Friday, arrasta multidões que começam a fazer fila nas portas das lojas no dia anterior, aguardando a abertura que normalmente acontece de madrugada. A Zara, tem uma imperdível no final do ano após o Natal, que se você der sorte, encontrará aquela roupa meio “carinha” que ficou namorando durante toda a estação, com um preço irresistível. Já comprei calças lá de 50.00 por 9.90, casaco de 150 por 60.00, calça masculina de 60.00 por 20.00 e por aí vai. A Gap sempre tem promoções durante o ano, aliás parece que sempre tem uma acontecendo, tanto que se não tiver nenhuma, nem entro pois sei que dalí uns dias alguma vai acontecer. Esse ano comprei um moleton para Luna que custava 40.00, por 20.00, e a promoção durou apenas 1 semana, quando voltei lá o preço dele tinha voltado ao normal, e nem sobrou nenhum para a liquidação de final de ano. O bacana é que ao contrário do Brasil, que liquida no final das coleções, aqui também tem promoções quando elas começam.
Um ótimo aliado para as consumistas são os cupons. Recebemos via correio, ou podem ser achados na internet, como esse que acabei de receber no email, que está tentador para quem quer comprar brinquedinhos da fischer-price, compre um e ganhe outro grátis. Para as mamães que como eu, são viciadas na Babies R’ Us um cupom bom aqui também, mas corram que é somente nessa sexta e sábado, e aqui isso não é papo não, no domingo, os preços estarão normais novamente.Tentador não?

Um dia a casa cai

Dia desses eu lí: após os 35 anos a mulher começa a perder massa muscular, ou seja, mais fácil de ficar flácida. Nunca me preocupei com idade, e como toda mulher do planeta, posso fazer uma lista das coisas que não gosto em mim e que gostaria de mudar, mas duas coisas que tenho que agradecer é ao meu metabolismo, que me permite ser bem despreocupada com calorias, e o fato de sempre parecer mais nova do que realmente sou. Isso deve ser mesmo genética, pois sempre acham que minha mãe é minha irmã, e minha irmã, com 33 anos, parece uma pirralha de 20. O mais legal ainda era quando me perguntavam quem era mais velha eu ou ela, e como sei que ela tem cara de pirralha, isso me deixava bem relax (e ela odiava). Enfim, nunca tive muito cuidados, não sou de usar cremes, de fazer exercícios (apesar de precisar por conta do colesterol) não gosto de maquiagem, não pinto o cabelo, nunca usei cremes para rugas. Há uns 3 anos atrás, quando os primeiros cabelos brancos começaram a aparecer, me recusei a pintar, pois sei que é um caminho sem volta, como não me incomodava, ele continuou como estava.
Como diz o título desse post, a idade também chega para todas, e nesses 2 últimos anos (difíceis por sinal), ela resolveu me dar um oi, percebo nas fotos como mudei. E parece que foi de repente, um dia acordei, e me achei diferente, sem gostar das minhas fotos como antes. Começei a me incomodar com os cabelos brancos, antes inofensivos, e principalmente depois da segunda gravidez, a tal da massa muscular que vai dando bye bye, também começou a me irritar.
Tudo chega um dia, e eu que nunca fui vaidosa, preciso registrar aqui o primeiro dia em que finalmente vou ter que começar a procurar tinta de cabelo (alguma sugestão?) e pensar seriamente no tal do silicone, quem me conhece sabe que isso é um momento histórico. Mas tudo bem, ainda estou na fase transitória, e jajá me acostumo com a nova realidade de finalmente parecer com a idade que tenho.

Mãe, mãe e mãe e mais mãe

Escrevo esse blog desde 2003, já dei inúmeras dicas de Nova Iorque, falei das minhas saudades, revoltas, perdas, conquistas. Depois que me tornei mãe, muita coisa mudou, quando vejo promoções, vou correndo para a sessão infantil. Eventos que procuro, são pensando na Luna, minhas tardes no final de semana, que antes eram nas ruas da cidade, descobrindo vários cantos, coisas novas ea lojas descoladas, hoje gasto em playgrounds, cinema infantil, eventos para a baixinha. Zara agora, me interessa a kids, sem querer aprendi a usar as milhares de roupas que tenho no meu armário e não sentir falta de comprar coisa nova. O que dizer das fotos… no meu picasa o número campeão na parte onde ele contabiliza as fotos por pessoas, MONICA era o campeão disparado. Hoje, Luna já triplicou esse número, e Lorenzo está a caminho.
Estou dizendo tudo isso pois percebo que tenho escrito cada vez menos aqui no blog, e isso acontece por duas razões: falta de tempo, que agora divido entre dois babies, casa, marido e cachorra, e porque tambem percebo que tudo que penso em falar é relacionado a maternidade. Já falei tanto de NY, afinal são 12 anos aqui, que poucas são as coisas que soam como novidade, ou diferente paaara mim. Acho que estou precisando mudar para uma cidade nova, viajar ou variar o “cardápio” motherhood.

Verao, seja bem vindo

Segunda feira começa oficialmente o verão nos EUA, o que significa que as piscinas públicas e as praias abrem. Sim, a praia aqui fica fechada, desde o “labor day” que cai no primeiro final de semana de setembro, até o início do verão, em maio no memorial day.
A cidade nessa época se transforma, eventos pipocam de segunda a segunda, incluindo cinema ao ar livre em vários parques da cidade. As pessoas frequentemente pegam o almoço e vão comer nos parques, sentados na grama ou nos bancos da praça, não importa, o negócio é aproveitar ao máximo esses poucos meses de calor, antes de começar a se empacotar novamente. As mocinhas vestem seus bikinis, e na falta de praia na cidade, vão se bronzear em qualquer pedaço de grama e árvore que encontram pela frente. E que tal almoçar no Bryant Park, ouvindo blues e jazz no piano? mas se não der na hora do almoço, não se desespere, quem sabe no Happy Hour?
No verão, não falta o que fazer na cidade, para quem quer aprender a dançar, nada mal uma aulinha grátis a beira do Hudson. Imperdíveis também são os shows do Rumsey Playfield Concerts no Central Park, que amanhã terá Lady Gaga. Para quem quiser acordar bem cedo, pois os shows são para o jornal matinal da rede de televisão ABC, aqui vai a lista dos artistas até setembro:
May 27 Lady Gaga
June 3 The Go Go’s
June 10 Jennifer Hudson
June 17 Selena Gomez
June 24 Florence + the Machine
July 1 Beyoncé
July 8 Miranda Lambert
July 15 Brad Paisley
July 22 Goo Goo Dolls
July 29 Debbie Gibson/Tiffany
August 5 TBA
August 12 American Idol Top 11
August 19 Taio Cruz
August 26 TBA
September 2 Mary J. Blige
Eventos não faltarão, mais fácil mesmo é faltar pique para acompanhar todos eles!

Bike x Pedestres x Carros

Desde que nos mudamos para Manhattan, mudamos também nosso principal meio de transporte. Estando no Brooklyn, não tínhamos como escapar do metrô, todos os dias. Em 2005, quando morávamos em outra parte do Brooklyn, usávamos o ônibus expresso, e agora o transporte da vez é a bicicleta. Sergio leva e busca Luna na escola com ela, faça sol, chuva ou mesmo neve, lá vão os dois se aventurar pelas ciclovias, munidos de capas, capacete, bota de chuva, e mochila. Acontece que há uma guerra declarada entre elas, os carros e os pedestres. Como em São Paulo, os motoqueiros são odiados, aqui quem assume esse papel, são os ciclistas. Até hoje não entendo, como uma cidade como Nova Iorque tem tão pouca moto e tanta bicicleta. Os couriers, que fazem o papel dos motoboys, entregam tudo pedalando, os entregadores de comida, que são muitos aqui, cortam os carros, sobem nas calçadas, andam na contramão, fazem barbeiragens, e então ganham a antipatia das pessoas, assim como os motoboys de SP ganharam. O ruim, é que os ciclistas legais, que respeitam a lei, acabam pagando o pato, agora a policia de NY está em cima, multando além daqueles que não páram no semáforo junto com os carros, andam fora da ciclovia, ou não respeitam as leis. Está pegando no pé de todos, só esperando uma falha, nem que seja mínima. Agora pasmem com a estupidez da polícia, ela simplesmente parou o seu carro em cima da ciclovia, e começou a multar os ciclistas que estavam fora dela, mas o detalhe é que eles estavam fora dela justamente pra desviar do carro deles que estava ocupando o espaço onde eles deveriam estar. Precisou que alguns mostrassem a eles a incoerência para que pudessem então colocar a viatura do outro lado da rua. Dã!
Os pedestres não prestam atenção, e eu me incluo nessa, sempre esqueço de olhar se vem bicicleta e invado a ciclovia quando estou aguardando o sinal abrir. Como pedestre, odeio os ciclistas de delivery, como ciclista odeio os pedestres. Carros, parecem não saber que ciclovia é para bicicleta, param, estacionam, e trafegam por elas. Os taxistas fecham, os ônibus amedrontam, os pedestres dão sustos, e pedalar vai ficando perigoso. A cidade tem investido bastante na criação desses espaços exclusivos, mas ainda falta muito respeito da parte dos motoristas para que elas realmente possam cumprir sua função. Já existe até um site onde os ciclistas podem colocar, anonimamente, fotos de infrações juntamente com a placa do infrator.
Nesse verão, eu já planejava pedalar levando o Lorenzo na cadeirinha, já que em vários países da Europa os pais já levam junto assim que eles conseguem sentar (ele só andou de bike na minha barriga, como mostra a foto abaixo). Resolvi da uma espiada na lei, já que estão a fim de faturar aplicando multas e descobri que aqui, só pode estar na bicicleta como carona, crianças a partir de 1 ano de idade, dançamos. Entre outras coisas, descobrimos que buzina é obrigatório, e luzes a noite também. Crianças menores de 14 anos são obrigadas a andar de capacete, e pedalar na calçada é proibido, a não ser que seja criança menor de 12 anos e a bicicleta de aro menor que 26. Veja mais regras aqui.
Acho que nesse verão, terei que me contentar mesmo em ser pedestre, e lembrar de prestar atenção, principalmente na ponte do Brooklyn, onde as bicicletas tem seu lugar exclusivo, mas os turistas desavisados e embasbacados com a vista, não percebem que estão no lugar errado, e levam inúmeros gritos de “excuse me”, “bike lane” dos ciclistas enfurecidos.

Ser mãe em NY

Feliz dia das mães atrasado para todas as leitoras mamães desse blog! (comecei a escrever no dia das mães, mas só acabei hoje, sorry!)
Ah, ser mãe não é uma tarefa fácil não, e pela minha experiência, a parte mais difícil e delicada dessa jornada, sem dúvidas, é a educação. Como é difícil tentar fazer o certo, saber se o que julgamos ser o certo, realmente é a melhor opção e quais as consequências futuras, mas tenho certeza que a todo momento estamos sinceramente tentando acertar e fazer o melhor.
O cenário que sempre me imaginei mãe, foi no Brasil. Sonhei em ver meus filhos frequentando a casa dos avós nos almoços de domingo, arrumando a mala deles e o porta – malas do carro para passar o final de semana na praia, com os amigos e uma cervejinha gelada, deixá-los brincando lá embaixo com os amigos do prédio, passar a manhã de sábado na piscina, chegar do trabalho e encontra-los prontos para jantarmos, porque alguém já teria feito a parte chata de arrumar a casa, cozinhar, e organizar a bagunça. Assim poderíamos, antes de dormir, contar historinhas sem a pressa de depois ter que ir arrumar as coisas (louça suja, roupa suja e etc) para não acumular pro dia seguinte, e ainda conseguir dormir cedo para não ficar um zumbi no dia seguinte. Também sonhava em ver meus filhos com um uniforme das escolas que eu admirava na minha infância, encadernar seus livros e conversar com o “tio da perua” que viria trazê-los em casa todos os dias. Ter direito a fila especial quando grávida no banco, supermercado, e ter o parto em um hospital confortável, com quarto privativo, e enfeitezinho de maternidade na porta, cheia de cuidados e bom atendimento, e companhia durante a noite inteira.
Aconteceu que fui mãe, como eu sonhava, mas com um cenário completamente oposto. Não vamos na casa dos avós almoçar, eles só se encontram no máximo 2 x ao ano, e perdem a maioria de suas gracinhas. A praia é só de avião, ou então de trem, sem direito a porta malas cheio, com direito a agua gelada, que nem consigo entrar para um mergulho, nem cervejinha gelada olhando pro mar. Nada de ajudante diariamente, arrumo a cozinha, faço o jantar, dou banho, arrumo o banheiro, arrumo o quarto, lavo roupa, durmo tarde e acordo cedo. Todo dia escolho uma roupa para ela ir a escola, onde ela vai de bicicleta com o pai, todos os dias. Se o trajeto é feito de carrinho, é no braço que carregamos escadas abaixo. A gravidez ou bebê de colo não me dá preferência em nada, a não ser no metrô que algumas pessoas oferecem seu lugar para eu me sentar. O parto foi em hospital com quarto dividido, atendimento que deixa muito a desejar, e sem companhia durante a noite, pois no quarto dividido isso não é permitido.
Como estou fazendo o exercício de ficar feliz onde estiver, me desapegar das minha idealizações e esperar que tudo saia como imaginei, tenho que dizer que ser mãe em NY é também poder andar com seu filho sem a preocupação em cada esquina que alguém poderá te assaltar, levar seu carro com seu filho dentro ou ele levar um tiro de bala perdida. É poder dar uma qualidade de vida melhor, com tantas opções de lazer gratuita na cidade, acesso a cultura com muito mais facilidade, possibilidade de conviver com tantas pessoas de culturas diferentes, economizar em escola, já que aqui a escola pública realmente funciona e é boa. É também poder comprar roupas, sapatos e brinquedos sem ferir tanto o orçamento doméstico, poder comprar mais livros, viajar mais barato, e andar a pé pela cidade inteira.
Ser mãe é muito bom, mesmo que você ouça mais de 500 vezes por dia aquela voz que nunca cansa, te chamando “mamaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaae” . Mesmo que seu sono nunca mais seja o mesmo de antes, que vá demorar muito ainda para você consegui ficar na cama até que tenha dois digitos antes dos dois pontinhos do relógio, e que você tenha mais prazer em ir a uma festinha de criança barulhenta do que ir a um barzinho badalado. Só a gente consegue entender como apenas um sorriso, e um “I love you mommy” tem a capacidade de fazer tudo isso ser possível.

Luna pegou essas sacolas de presente que temos em casa, fez um desenho e colocou dentro de cada uma, para me dar de surpresa de presente do dia das mães. Linda…
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