Banho de Sol

O pediatra do Lorenzo passou vitamina D para ser administrada todos os dias, e ainda disse que se ele estivesse tomando fórmula, nem precisaria, mas leite materno, sim, precisa (!?). A falta de sol nessa época do ano acaba causando a deficiencia dessa vitamina tanto no bebê quanto na mãe. Fiquei me lembrando das mamães que vejo sempre pela manhã andando com seus bebês no carrinho, e me senti até culpada em não me organizar pra também sair com ele mais cedo para tomar um solzinho. Resolvi ler a respeito do banho de sol, mas pro conforto da minha consciência, fica meio difícil fazer isso aqui, já que o bebê precisaria estar com a pele exposta o maximo que der. Meio difícil ter alguma parte exposta a não ser o rosto em temperatura abaixo de zero, muito menos roupa fininha, como sugere esse site. Banho de sol em casa também nem pensar, já que os raios que ativam a vitamina D no organismo não passam pelo vidro, e fora de cogitação deixar a janela aberta.
Falando nisso, foi outra coisa que o pediatra da Luna recomendou, abrir as janelas, para evitar a “secura”do ar dentro de casa. Com o aquecimento, o ar fica super seco, as narinas pedem socorro, a pele parece de cobra. Segundo ele, humidificador só serve pra juntar bactérias e não funciona, então o conselho é: vista-se o máximo que puder e abra as janelas. Tenho que confessar que a gente fica mal acostumado com esse conforto do quentinho dentro de casa, não sentir frio ao tirar a roupa pra tomar banho e nem sentir a bunda gelada quando vai ao banheiro. Qualquer friozinho que a gente sinta, já vamos la ajustar o aquecimento, antes de pensar em colocar alguma blusa e o mesmo acontece no verão, com o ar condicionado. Qualquer excesso de calor, corremos fechar a janela e ligar o ar, mesmo eu me forçando a lembrar que no Brasil eu passo calor e frio sem esses recursos, (já que nao tem aquecimento e nao tínhamos ar condicionado em casa), ainda assim me rendo ao conforto e fecho as janelas quando estamos no extremos das estações.

Vaquinha

Estou me sentindo uma vaca leiteira, literalmente. Tirando leite 3 vezes ao dia, nos dois seios simultaneamente, é aquela perfeita cena de fazenda mesmo. Sempre ouvia dizer que se ficasse na bombinha, a produção de leite iria diminuir, até secar, mas estou vendo o contrário. Tenho muito mais leite do que Lorenzo precisa, posso dizer que daria pra alimentar mais um, devo realmente ter o dobro do que ele toma. Ontem pela manhã tirei meio litro, esse copo que está na foto.
Depois de lotar o freezer com vários saquinhos de leite materno congelado, e não ter mais espaço, estou tendo que jogar fora. Dá MUITA dó, mas não tenho espaço para armazenar mais, então decidir fazer doação para um banco de leite. Aqui em NY, não achei nenhum, os que encontrei foram na internet e farei doação para um na Califórnia. Aliás, ainda não sei se vou ser aprovada, funciona mais ou menos assim:
Eles fazem uma pré-entrevista com você pelo site, preenchendo o formulário de perguntas sobre sua saúde e informações do parto e do bebê. Depois de 2 semanas, eles entrarão em contato para me informar dos próximos passos, que pelo que lí, será o exame de sangue. Mandarão alguém aqui para fazer meu exame, e depois se tudo for aprovado, passarei por mais umas entrevistas e receberei o material necessário para armazenar, e enviar, inclusive com as etiquetas da fedex. Entre o material, virá um termômetro de freezer, e terei que informá-los da temperatura que estou armazenando. Achei bem interessante, mas fiquei curiosa para saber por qual razão não existe um banco por aqui. Estou agora torcendo para que dê tudo certo, pois acho uma judiação ter que jogar fora tanto leite assim. Depois venho contar o resultado!

Boca de criança

A gente precisa mesmo ter muito cuidado com essas boquinhas moles das crianças. Sempre tomo cuidado com as coisas que falo, porque sei que Luna pode me colocar numa saia justa fácil fácil. Hoje no telefone com o tio Emerson, ela no maior papo, e diz:
“Sabe tio Emerson, a vovó soltou um PUM agora no banheiro”
Vovó ficou roxa. E eu vermelha de tanto rir.

A tal da amamentação.

Pois é, cá estou eu com o dilema amamentação novamente. Acho que nasci pra parir e não pra amamentar, estou quase convencida disso. Dessa vez a “culpa” foi mais minha que do hospital, pois o Lorenzo fez tudo direitinho, mas meu bico do seio rachou logo no primeiro dia. Durante a noite, depois de amamenta-lo a enfermeira veio buscar para levar para o berçario e eis o fantasma de novo, “o bebê ainda está com fome”. Ele chupava as mãozinhas loucamente, e já tinha mamado, e a pergunta veio novamente: “a senhora quer que a gente dê fórmula?”. Bem, que jeito? mas dessa vez, não quero apresentar-lhe a mamadeira, poderíamos dar fórmula com copinho? “Não senhora, aqui no hospital não fazemos esse método que é perigoso, apenas mamadeira”. De novo o mesmo filme, a fórmula, a mamadeira e eu já estava vendo acontecer o mesmo que foi com a Luna, o bebê não querer voltar pro peito. Deram a mamadeira, e eu apenas torcendo para que ele voltasse sem problemas e ele no dia seguinte, voltou a mamar no peito, sugando muito, e segundo as enfermeiras, com a pegada correta. Não havia motivo para fissura no bico do seio, mas ela estava lá, e piorando. Vim pra casa no dia seguinte com varios conselhos de diferentes enfermeiras, cheia de pomada lansinoh, usando 24 horas. Nada melhorava, só piorava, até que no terceiro dia, quando desceu o leite, já estava impossível de deixar ele mamar direto, então apelei para a bombinha pra retirada do leite. Comprei aquele protetor de bico, não adiantou, e nada de fechar, a cada retirada de leite, a rachadura abria e sangrava.
Foi assim por mais de uma semana, aliás foi assim até 7 dias atras quando uma mastite do lado esquerdo resolveu aparecer. Febre, dor, e antibiótico. Ainda estou em tratamento, pois a mastite foi embora, mas algo ainda acontece, uma dor interna aguda, seios doloridos, não consigo nem imaginar começar tudo de novo. Enquanto isso, Lorenzo mama o leite materno que retiro todos os dias, na mamadeira, e eu, fiquei escrava da bombinha. Se ele vai voltar ao peito? Não sei, ainda dói, e tenho até medo de tentar novamente… se a bombinha continuar a funcionar, o leite não acabar, vamos ficar assim. Ele está gostando, está super bem alimentado, nem perdeu os 10% de peso que recem nascido normalmente perde, em 3 dias de nascido ja estava com 6 pounds e 11 oz, e já está tomando 4 oz a cada mamada, o que o pediatra disse que é a quantidade que um bebê de 1 mês toma. O fantasma da amamentação realmente me persegue, mas dessa vez não estou com tanto medo dele assim.

nevasca e natal

Fazia tempo que não pegava uma nevasca boa em NY, todas as vezes que aconteceram, estávamos no Brasil, curtindo aquele calor delicioso. Minha mãe se aventurou bem no dia D, e foi às compras, tudo em liquidação pós Natal, aproveitou a Crate and Barrel, e a Zara. Não tive a mesma coragem, e o Lorenzo em casa me dá mais vontade de hibernar nesse inverno. Ai que saudades de passar essa época no Brasil, aquele clima de final de ano, de férias… indo viajar pra praia. I miss it soooo much! Pra piorar os amigos que vão pro caribe, pro Rio, litoral de SP, nos fazem a maior inveja postando em tempo real pelo Facebook móvel. Pra me consolar um pouquinho, e ficar feliz em estar aqui nessa época, recebi um email marketing de uma loja de brinquedos do Brasil que me fez lembrar o quanto gastei nuns presentes meia boca no ano passado, no Natal. Uma parcela do mesmo brinquedo no Brasil compra um a vista aqui.
natal em ny

Que parto!

Sou totalmente a favor do parto normal, não do natural… aliás a favor sou, mas não tenho coragem o suficiente pra encarar um deles, e nunca isso me passou pela cabeça, pois sou extremamente fraca pra dor e desistiria na primeira dor insuportável que aparecesse. Não esperei que tudo fosse acontecer tão depressa, sintam o drama:
7:30 da manhã – senti alguma coisinha vazando na cama, mas bem pouco, não era a bolsa estourada, não sei o que era mas algo era.
8:00 – Mancha de sangue, mas de acordo com o médico, só ligar se fosse sangramento como menstruação, não era o caso
8:15 – Aquele tal do “tampão” apareceu. Hora de ficar alerta, já avisei minha mãe que estava de orelhas em pé.
8:30 – Contrações começam, mas espaçadas. Plano: Sergio leva Luna a escola e minha mãe iria comigo pro hospital logo após deixar a Luna pronta, e depois ele iria direto pra lá. Começo a ligar pro médico e não consigo, a linha caía quando atendiam. Comecei a arrumar uma mochila de coisas já que a mala não estava pronta.
8:50 – Com as contrações aumentando e o intervalo entre elas já menos que 5 minutos, mudamos os planos e Luna não vai mais a escola, fica com minha mãe e vou com Sergio pro hospital. Já sentindo dores fortes fico aguardando ele sair do banho.
9:10 – Descemos pra pegar um taxi. As contrações estavam já bem fortes, não tem serviço de rádio taxi como em São Paulo, então ficamos esperando algum vazio passar, o que estava difícil, e chamar o car service com o nervosismo da dr, nem passou na cabeça, e quando passou não conseguíamos ligar. Desespero começando, aumentando.
9:20 – Taxi aparece
9:40 – (aproximadamente) Chego ao hospital
10:07 – Lorenzo nasce.
Esses 47 minutos, desde que peguei o taxi até ele nascer, me pareceram 1 ano de dor e sofrimento. Impossível existir uma dor maior que a dor do parto… em diversos momentos eu me desesperei por achar que não ia aguentar o tranco. Fui o caminho inteiro no táxi me contorcendo a cada 3 minutos, as vezes menos, toda vez que a dor vinha. Ao chegar no hospital, eu não via mais nada, de tanto que doía. Entrei pela entrada principal, já avisando ao segurança que estava em trabalho de parto, e ao invés de ele me trazer uma cadeira de rodas ou chamar alguém, me disse: “corra pro 12 andar”. Fiquei lá esperando o elevador como qualquer pessoa que estava alí, e de repente a bolsa estoura lá mesmo, esperando o elevador. Era MUITA água caindo pelas minhas pernas, encharcando minha calça, minha botinha de pano e minhas meias, parecia uma cachoeira, não parava… Chega então o elevador, eu nem tinha forças para ir até ele, que lotou rápido, e decidimos esperar o próximo. Eu só me lembro de entrar, gritar de dor, da tempestade de água escorrendo entre as pernas, o desespero de saber que eu não teria alívio daquela dor tão cedo, pois ainda teria que preparar várias coisas antes de receber a anestesia. Dentro do elevador as pessoas estavam quietas, como se nada tivessem vendo ou ouvindo, apenas uma se limitou a dizer: “está quase chegando”… e eu só via os botões 4, 6, 9, 11 acesos antes de chegar o 12 andar. Quando as portas abriram, eu não conseguia andar, só me encolher na parede, com o Sergio me segurando e pedindo força pra chegar, mas ao ouvir meus “urros” lá em cima, logo vieram com a tão difícil cadeira de rodas… direto pra sala de parto. Eu só dizia uma coisa além de berrar, “QUERO A EPIDURAL!” e só ouvia uma coisa: “Já vamos ver! “.
Entrando na sala, fomos tirando a roupa logo, correndo, toda molhada e água ainda descendo. Era MUITO líquido, que eu não tinha visto na gravidez da Luna, quando a bolsa também se rompeu, acho que a do Lorenzo explodiu, não apenas estourou! Dentro da sala só se ouvia um coisa “EPIDURAL!” I NEED EPIDURAL!” e a residente logo depois de pedir calma pra me examinar avisa que estou totalmente dilatada. Chegam enfermeiras, e minha médica já avisada, estava a caminho. Cada enfermeira que se apresentava eu perguntava “Voce pode me dar a Epidural?” e ouvia a mesma resposta: “vai ser mais rápido você começar o parto e tentar empurrar do que esperar o soro inteiro que você precisa tomar antes de receber a anestesia”. Não, aquilo não estava acontecendo, não podia imaginar ter um filho com parto natural assim, com aquela dor insuportável sem ter nada pra aliviar. Continuava a pedir a anestesia e falando pro Sergio que eu não aguentava mais aquela dor horrível, que parecia infinita. A residente estava pronta pro parto, pois a médica ainda não havia chegado, e quando chegou logo em seguida, nem tempo de se trocar teve, a cabecinha já estava embaixo e eu já tinha decidido começar a empurrar pra me livrar da dor o mais rápido possível.
Começamos o push, e eu mal conseguia seguir as direções das médicas de segurar minhas pernas abertas e pra tráz. Sergio que ficou tentando segurar e me fazer segurar, pois eu precisava ficar na posição correta. Quando achei e avisei que ia desmaiar, ouvi uma dizer: “Ah pode deixar que quando a contração vier ela acorda”. E em 5 “pushs” ouvi um pedido para parar um pouco, não sei se o cordão estava no pescoço ou se era porque eu estava fazendo rápido demais e poderia “rasgar” mais do que o necessário. Parei um pouco, e recomecei, foi quando vi a cabecinha dele saindo, a parte mais dolorosa do processo, depois das malditas, horrendas e macabras contrações. Logo depois veio a sensação de alívio, quando o resto do corpinho saiu, parecendo que tinha sabão, e essa sensação foi simplesmente maravilhosa. Com a Luna eu não senti já que estava anestesiada, ou então senti menos.
Lorenzo não chorou logo de imediato, precisou de ajuda pra começar a respirar, e fiquei preocupada até ouvir o seu chorinho. Como a Luna, ele chorou muito pouquinho… mas senti por ele não ter vindo direto pros meus braços, e ter ido pro bercinho primeiro para fazerem o pulmãozinho funcionar. Fiquei algumas horas anestesiada mentalmente, com todo o sufoco que passei, as dores, a correria, tentando entender direito como tudo aconteceu. Obviamente, não deu pra filmar, quem fez o parto foi a residente já que a minha médica não teve tempo de se trocar, mas ela ficou lá ao lado acompanhando tudo. Todo mundo correndo, e nem meus sinais vitais foram monitorados, não deu tempo, só deu tempo de conectar os do bebê. Se o Lorenzo um dia reclamar que o parto ele não foi filmado, como o da Luna, vou dizer que a culpa não foi nossa. Ele que não esperou!
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Lorenzo!

birth_announcement3.jpgComo foi com a Luna, a Lua virou… Lorenzo chegou… dia 13/12/2010, de nova pra crescente. Estava esperando que fosse na virada da Lua do dia 21, já que a data prevista era dia 25, mas ele se antecipou BEM, e resolveu escolher uma data de aniversário melhorzinha pra ele 🙂 Cheguei do hospital hoje, e depois volto pra contar a aventura que foi esse parto… pro meu desespero, totalmente natural, pois não deu tempo pra nada, nem pra médica se trocar. Pensem em cena da novela das oito, e transformem em realidade, foi mais ou menos assim! depois conto os detalhes! Estamos bem, e cansados!
see you later!