ESCOLHENDO SUA MORADIA

Quando você se muda para NY e começa a procurar apartamento, esteja certo que será um dos piores momentos da sua chegada. Tudo é complicado, mas logo de cara você vai precisar fazer sua opção: gastando o mesmo valor, morar em um apartamento menor, mas em Manhattan, ou morar mais afastado em um apartamento com uma área consideravelmente maior? Claro, se você tiver bastante dindin poderá aliar facilmente as duas coisas, Manhattan + lugar com espaço + conforto. Sabe quanto custaria mais ou menos isso tudo? Pegaremos um exemplo, um apartamento de 2 dormitórios, 83m2, no Chelsea, que como vocês podem ver abaixo, não tem nada demais, custando por mês, a bagatela de US$4,450.00.
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Pra nós brasileiros de classe média, dois dormitórios é algo básico, mas aqui acaba sendo luxo. Casais solteiros na maioria das vezes, moram em um apartamento de 1 dormitório. Quando os filhos chegarem, aí sim talvez mudem para um de 2 dormitórios, mas muitas vezes apenas transformam o apê para que caiba mais um quarto para o novo membro da família.

Mas se você quiser economizar em torno de US$2,000.00 por mês e ainda morar em um de 2 dormitórios, 90m2, em um bairro bem localizado mas fora de Manhattan, (uns 25 minutos de metrô até o trabalho), a opção similar:
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As vantagens e desvantagens de morar em Manhattan:
Vantagens:
* Você está no meio do burburinho, tudo acontece lá.
* Na maioria das vezes chega mais rápido ao trabalho, nem sempre.
* Não fará parte dos “bridge and tunnels” que é a maneira que alguns babacas de Manhattan chamam as pessoas que moram no Brooklyn, Queens, Long Island, New Jersey, etc… (como se eu morando em Manhattan fosse uma pessoa, e no momento que mudasse pro Brooklyn eu me transformaria em outra totalmente)
* Mais fácil sair a noite, o táxi pra casa fica bem mais barato.

Desvantagens:
* O barulho das buzinas e dos bombeiros vão tirar o seu sono com certeza.
* Tudo é mais caro, aluguel, comida…
* Suas economias no banco serão bem menores.
* Você poderia estar morando em um apartamento bem maior, em um bairro bom, pagando o mesmo preço.

Se decidir ficar em Manhattan, ótimo, a maioria dos lugares lá é bom pra morar, só terá trabalho mesmo em achar um imóvel que valha a pena, combinar preço com o bom estado do apartamento. Se decidiu morar no Brooklyn e Queens, terá que escolher os lugares, pois existem locais BEM legais, mas muitos são bem detonados.
Quando você acaba de chegar de São Paulo, essa escolha se torna ainda mais difícil, pois estamos acostumados com lugares amplos, conservados e bairros “normais”. Aqui, existe de tudo, o bairro arborizado, residencial, o “cool”, industrial, e o “up and coming”, que é aquele bairro largado que está nos planos de futuros investimentos. Esses últimos normalmente estão localizados mais próximos à Manhattan, como Red Hook e Greenpoint que estão oferecendo várias opções de Lofts, seguindo a tragetória do velho Soho. Então o lance pro recém chegado é: esqueça suas referências do Brasil, você está em NY onde tudo é velho, caindo aos pedaços, caro, e as fachadas dos prédios, não são nada atraentes comparadas as do Brasil. Garagem pro carro? nem pensar, área de lazer então, é raridade, porteiro só para alguns.

O que mais me fascina aqui em relação à moradia, é exatamente isso, você olhar um prédio por fora, não dar absolutamente NADA por ele, e quando entra, vê o paraíso! Adoro ficar olhando eles por fora e ficar imaginando o que eu encontraria lá dentro. Lofts enormes, maravilhosos, apartamento de estrelas, duplex, triplex, galerias de arte enfim, uma infinidade de coisas lá dentro que olhando de fora, não dáriamos um centavo. Vejam esses exemplos que estão à venda:

SOHO – US$28 milhões- US$2,530 condomínio
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SOHO – US$7.5 Milhões – US$2,250 condomínio
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SOHO – US$9.4 Milhões – US$6 mil condomínio

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Assim que cheguei em NY fui ver um apto que tinha um preço super convidativo, mas odiei o bairro. Dias atrás voltei lá pra ver um loft, e foi engraçado não ter mais aquela impressão que tive há 6 anos atrás. O Greenpoint é um bairro “up and coming” e tirei algumas fotos nessa última visita. Hoje apesar de não cair de amores pelo bairro, já vejo com outros olhos e moraria lá na boa. O Dumbo é um outro bom exemplo, era uma área industrial, feia, abandonada, hoje é um dos endereços mais caros do Brooklyn, o novo SOHO.

Dumbo/Brooklyn – US$3.9 Milhões- $1,243 condomínio
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Tarefinha difícil essa, qualquer lugar que escolha morar, a procura é árdua, e quando você achar, reze muito para que entre os 30 interessados, o dono escolha você.

Update: Eu fiz a troca, morei em Manhattan em um studio, mas preferi pelo mesmo valor, pegar um apê BEM maior, com lavanderia dentro (raridade) e o dobro ou mais do tamanho. Moro em um lugar mais residencial (no Brooklyn), há 2 quadras do parque, em um local super tranquilo onde você conversa com os vizinhos, vê as crianças brincando na rua, o que me lembra muito SP.

SEGURANÇA NO METRÔ

Depois dessa onda toda de atentado e o último em Londres, NY voltou a falar em segurança. Todos sabem que o maior alvo é o transporte público, mais especificamente o metrô. Desde 11 de setembro, várias formas foram discutidas, fizeram orçamentos de milhões de dólares, mas até hoje nada foi feito. Melhor, quase nada, na Central Station/42nd Street já existe um sensor para caso haja ataque com substâncias tóxicas e alguns policiais circulam com cães farejadores. Não é o suficiente.

Por muitos meses discutiram sobre o uso de detectores de movimento, sensores infravermelhos e programas de computador sofisticados para proteger a enorme infraestrutura de transporte, o metrô, túneis, pontes e paradas de ônibus. Ainda está difícil sair esse projeto, estimado em 600 milhões de dólares. Enquanto isso, ao menos uma boa notícia: Estão estudando implementar nos metrôs um sistema para que os celulares funcionem dentro das estações. Importantíssimo quando se trata de segurança, pois o único meio de contato com o exterior são os orelhões. Aliás podiam fazer grandes melhorias no metrô de uma das cidades mais importantes do mundo. Começando por acabar com os milhões de ratos que existem por lá.

Que tal colocar mais bancos? Os trens atrasam, não existe como em Paris o sistema de informar ao passageiro onde está o metrô mais próximo, ou quanto tempo ele irá demorar para chegar na estação. Temos que ficar alí esperando, sem saber por quanto tempo, e ainda esperar em pé. Se fosse no Brasil, é porque é país de terceiro mundo, mas estamos em NY! Claro, não dá para comparar o metrô daqui com o de SP, pois além de aqui as linhas serem MUITO mais velhas, elas são em números muito maiores, e funcionam 24 horas, o que dificulta a manutenção tanto pelo pouco tempo disponível e pelo custo. Mesmo assim acho que daria para ser melhor. Mas estamos em NY… aqui tudo pode.

Culturas e mais Culturas

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Desde que mudei para NY, venho observando e convivendo com pessoas de culturas totalmente diferentes. Hoje em dia nem estranho mais ouvir uma língua com som bizarro ao meu lado, estranho mesmo é ouvir alguém falando português. Durante esse tempo todo, nas indas e vindas solitárias no metrô pude observar costumes curiosos de cada povo. Claro, vocês podem dizer que não dá pra generalizar, mas não estou falando de todos e sim de uma grande quantidade que vejo por NY.

Americanas: Elas adoram usar sandálias de dedo, tipo chinelão. Adoram também pintar as unhas dos pés de vermelho ou outras cores fortes como marrom, vinho etc. Muitas tem voz de taquara rachada, super estridente, fina, aguda (chata):-). Os homens usam as calça social muito lá em cima e ficam parecendo que vão pular brejo. Elas também fazem uma coisa bem engraçada. Saem de casa toda arrumada, roupa social e tênis no pé. O sapato social levam na bolsa e só colocam no pé quando chegam no escritório. Antes de sair, botam o tênis novamente e pernas pra que te quero. Em uma cidade onde você anda muito, tem que fazer isso mesmo e que se dane a moda.

Chineses: Algo bem notável é a mania de ficar falando ALTO um com o outro estando perto ou longe. Mas o longe, é desnecessário, às vezes no metrô tem lugar para sentarem ao lado um do outro, mas sentam longe e ficam berrando (conversando).

Latinos: Uma febre entre eles é uma bota da Timberland, aquela cor marrom claro, quase amarelo. Quase todos tem essa bota, o mesmo modelo sempre e nunca tiram a etiqueta de couro que vem pendurada. As meninas adoram as unhas postiças enormes e desenhadas. Nos lábios usam muito aquele contorno escuro com o batom mais clarinho.

Indianos: Os homens são meio “tarados”. Olham de um jeito estranho, dão cantadas esquisitas. O sotaque é sempre muito forte, mesmo o inglês sendo uma língua oficial na Índia.

Judeus Ortodoxos: É engraçado, as mulheres (muitas) usam perucas! Os homens se levantam do lugar deles no metrô se uma mulher senta ao seu lado. Uma vez, tinha dois homens sentados, com um lugar vago no meio. Uma mulher veio e sentou, na mesma hora os dois se levantaram. Ela até ficou olhando para os lados, meio sem entender o que havia acontecido.

Japoneses: O povo mais fashion, roupas sempre diferentes, descoladas e na maioria das vezes de marcas famosas e caras. Primeira vez que vi tanta japonesa loira, ruiva, cabelo vermelho, verde, azul…

O que será que eles falariam de nós brasileiros?

MAIS UMA HISTÓRIA DE AMOR EM NYC

Como diz a Thati, seria bom um dia da verdade, onde você pudesse falar TUDO que está pensando. Mas na prática não é bem assim que funciona. Ontem fui ao cinema e se fosse o dia da verdade, já ia começar logo antes do filme. Escolhemos o melhor lugar do cinema, pois ainda estava vazio. Vão chegando as pessoas, ao meu lado direito sentam duas meninas, mas PRA VARIAR, elas não sentam exatamente na cadeira ao meu lado, pulam uma. Essa hora no dia da verdade eu diria: &^%$*# porque você pula uma cadeira? Pra depois alguém vir encher meu saco?(já explico).

Ao lado do Sergio senta um casal e também PRA VARIAR, pulam uma cadeira, ou seja, uma cadeira vaga do meu lado outra do dele, virá um casal bem na hora de começar o filme, pedir para pularmos um assento pra lá, para que eles possam sentar juntos. Sim, esse casal que chegou atrasado, quase no começo do filme, ou até já com o filme começando, chega no cinema, pega o melhor lugar e ainda vem encher meu saco que já estou lá há 1 hora antes. No dia da verdade eu falaria pro outro casal “%^&*( dá pra vcs não pularem um assento por favor pois eu não tenho lepra?” e depois pra quem viesse pedir pra mudar de lugar diria “NÃO MUDO, vá sentar lá na cara da tela, quem mandou chegar essa hora?”. Maaaaas como não funciona assim, a gente reclama só com o marido, ou pensa sozinha ou conta até 10.

Eis que chega uma criatura sozinha e senta ao meu lado. Que bom, não está mais sobrando dois lugares e ninguém vem me encher o saco. A menina tira de um saco, um sanduíche, que com certeza comprou fora do cinema, pois lá dentro só vende pipoca, nachos, chocolates e balas. Um cheiro insuportável de manjericão entrando no meu nariz e ela não parava de comer. No dia da verdade eu falaria: “PQP dá pra guardar essa coisa fedida que está me enjoando profundamente, pois vc não deveria estar comendo esse sanduíche aqui dentro do cinema?” Contei até 10, reclamei baixinho só com o Sergio e beleza, começa o filme.

Tirei da bolsa meu Kinder Bueno, aquele chocolate com recheio sabem?Da família do kinder ovo. Abri o pacote e no primeiro barulho do plástico, a comilona ao meu lado já olhou pra minha cara. Será que ela quer meu chocolate ou se incomodou com o barulho do plástico quando abri? Continuei comendo e claro como é pequeno, não demorou nem 1 minuto pra acabar de comer e a cada mexida no plástico ela olhava bem pra minha cara.

Eu me incomodo também com uma pessoa que leva um saco de salgadinhos pro cinema e fica alí fazendo aquele puta barulho de saco um tempão, afinal pra acabar com um pacote de salgadinho demora muito mais do que apenas abrir um chocolate pequeno e acabar com ele. O barulho ela só ouviu quando abri e quando eu tentava subir o chocolate de dentro da embalagem. No final da barra, ela solta alguma reclamação pra mim que eu fiz questão de não entender e ignorar, continuei olhando pra tela. Peguei minha outra barrinha, pedi pro Sergio abrir (quem sabe ele nao fazia ainda menos barulho do que eu). Nessa hora ela olhou novamente pra gente. Eu continuei comendo meu chocolate, e mais uns 3 barulhos de plástico ela vira pra mim e diz: “Isso é muito irritante!” Eu contei até 3, encostei perto dela pra não precisar falar alto, bem calminha e irônica e disse: “O cheiro do seu sanduíche também era BEM irritante”. Ela não teve respostas, claro. Ficou bem quietinha e eu guardei meu “plastico” já sem chocolate dentro da bolsa. Claro, fazendo mais barulho ainda, agora de propósito. Ela com cara de tacho, não esperava essa minha resposta NUNCA! Logo depois, alguns outros barulhos de plástico ecoavam pelo cinema, claro, MUITA gente compra balas, chocolates e que obviamente vão fazer barulho na hora de abrir.

Eu entenderia a folga dela em vir falar alguma coisa, se eu tivesse atendendo um celular, se estivesse com um saco de biscoito fazendo barulho contínuo… e mesmo assim, eu já tendo passado por essas situações, morrendo de vontade de reclamar, fiquei quieta. Americano é assim. Eles não pensam duas vezes antes de falar, se sentem incomodados, falam e pronto. Aí se é outro americano folgado, começa aquela discussão estúpida, que estamos tão acostumados a ouvir aqui pelas ruas e metrôs de NY. Tolerância -10.

Imigração

Aproveitando a onda da novela América, vou falar um pouco sobre a imigração. Não tenho muita experiência com a situação das pessoas ilegais aqui, pois não é esse meu status e também não conheço muita gente ilegal, mas vou dizer pelo que ouço algumas pessoas dizerem e o que vejo nos noticiários.

Existe um número ENORME de brasileiros ilegais aqui nos EUA, em torno de 600 mil a um milhão que estão aqui sem visto de permanência ou com ela vencida. Essas pessoas vieram pelo México ou com visto de turista e acabaram ficando depois da data limite para deixar o país. Boa parte dessas pessoas acabam no subemprego. Para trabalhar legalmente aqui não é tão simples, a pessoa tem que ser qualificada e trabalhar na área de formação acadêmica para obter o visto temporário de trabalho, o H1B.

Muito se fala em deportação, mas eu nunca vi e não conheço nenhum brasileiro que tenha sido deportado. Na verdade, esse tipo de trabalhador ilegal é interessante para os americanos. Se não fossem esses imigrantes ilegais trabalhando nas cozinhas, nas entregas, e nas delis quem iria fazer esse trabalho? Difícil ver americanos fazendo esse tipo de serviço. Garçon americano, só estudante e na maioria das vezes, é um emprego temporário para ter uma graninha para se sustentar durante os estudos. Fora isso, os ilegais são lucrativos para o governo americano pois muitos deles pagam as taxas normalmente, usando um Social Security Number falso, mas essas pessoas não se aposentam, vão embora muito antes desse dia chegar. Tudo aquilo que eles pagaram fica pro Social Security (como o nosso INSS), ou seja, o governo além de ter toda essa mão de obra, ainda sai ganhando financeiramente com os imigrantes.

Como na novela, realmente o sonho americano não algo fácil de conseguir. Aqui se você vem para trabalhar em subemprego, você trabalha MESMO, em torno de 12 horas por dia. Normalmente essas pessoas dividem apartamento com outros imigrantes pois o aluguel aqui em NY é realmente bem salgado.

Outro problema em estar ilegal, é que você acaba ficando “preso” no país, sem poder sair para visitar a família no Brasil. Conheço pessoas que estão aqui há mais de dez anos, sem ver seus parentes. Além de toda a dificuldade, a saudade e a solidão acabam sendo outro grande impecilho para quem decide viver clandestinamente nos EUA. Imigrar é uma decisão que realmente deve ser pensada muito antes de ser tomada. Aqui, nem tudo são flores, mas por outro lado, também é a salvação e esperança para muita gente desesperançada com a crise e o descaso no nosso país.

ESSA GRINGAIADA…

omar says:
vie see foda
::Monica :: says:
HAHHHA
::Monica :: says:
Vai se fuder
omar says:
ooh
omar says:
ok i will use it on Ed’s email
omar says:
hahahaha

Adoro ensinar os gringos a falarem palavrão. Aliás acho engraçadissimo eles tentando nos imitar falando qualquer coisa. Hoje no almoço um deles disse que queria aprender um palavrão como o Fuck You. Ensinei, ele ficou repetindo várias vezes na mesa, depois me manda esse MSN.

Detalhe: Ed é o chefe (que tb nao entende nada de português) e depois disso ele ficou berrando no escritório a nova palavra que ele aprendeu, com uma pronuncia que só ele entendia. Corrigi e ele até que falou direitinho, disse que ia embora falando pra todo mundo na rua… Só aqui mesmo.

Almoço Difícil

Olha, acho que morar aqui foi um grande aprendizado para mim. Aprendi e me acostumei com muitas coisas como: ficar menos tolerante, mais rude, andar na rua sem segurar a bolsa com medo do ladrão, não depender mais de carro, acostumar com americano arrotando e soltando pum em público sem ser um “big deal”, poder trocar tudo que eu quero sem ter que responder nenhum questionário, esquiar, ficar de underwear em casa mesmo nevando lá fora, ser mal atendida, agir normalmente quando tem um louco berrando e fazendo coisas absurdas ao meu lado, poder xingar as pessoas em voz alta (rezando para não ser brasileiro), falar “bless you” (o nosso saúde) para TODO mundo que espirra, ficar preguiçosa com as “mil e umas utilidades” dos produtos americanos, que a cia telefônica aqui também é uma merda, que aliás MUITA coisa aqui é uma merda e a gente acha que é tudo de primeiro mundo, enfim, aprendi e me acostumei com quase tudo, mas algo que realmente não consegui me adaptar é com a comida.

Não suporto as comidas do dia-a-dia daqui. Claro que existem vários restaurantes muito bons, mas não dá pra comer isso todos os dias na hora do almoço. Aqui não temos vale-refeição e a comida não é lá tão barata, portanto, não há muita escolha. Não gosto do Mac, nem do Subway, nem esses outros fast foods. Podemos pedir comida chinesa, indiana, japonesa, tailandesa, mas nenhuma me satisfaz. Quero mesmo é o meu feijão com arroz, bife e batata frita. Minha comida por kilo, a feijoada, aquele franguinho temperado, AI QUE SAUDADE DA COMIDA BRASILEIRA! Queria tanto encontrar alguém que entrgasse todos os dias no escritório uma comidinha do brazuca, que sonho!. Sei que tem uma pessoa que faz isso, mas eu perdi o telefone, na época não estava trabalhando então comia em casa. Se alguém que more por aqui souber, please me avise! Pra piorar, não gosto de nada que eles tem para beber, aprendi a beber água também! Os sucos são horríveis e artificiais. Não gosto de refrigerante a não ser guaraná, como aqui não tem, fico sem. Tem uma porrada de porcarias, mas nada tão bom como meu santo guaranazinho. Poxa vida, será que dá pra alguém ter a brilhante idéia de vender comida brasileira pronta ou congelada para amparar os pobres tupiniquins famintos???

That’s New York ou sou eu?

É incrível, mesmo. Fico pensando porque eu atraio tanta gente grossa pro meu lado. Tem gente que vive anos aqui e nunca passou por tanta situação desagradável como eu já passei. Em uma semana já foram 3 fora a da vendedora da loja. Parece até mentira ou que estou exagerando.

– Posso lhe ajudar?
– Sim, por favor, vocês tem casacos baratinhos?
(um olhar meio de desprezo do vendedor)
– Depende do que é baratinho pra você.
(na verdade pra minha irma que ta comprando em real, o baratinho é bem baratinho mesmo)
– Ah, uns 30-40 dólares
(risadinha irônica)
– Bom, então vai procurar em Chinatown.
– Não precisa não, pode ser aqui mesmo. Já comprei nessa mesma loja um casaco de 4 dólares.

****

Sentada no chão na Barnes & Noble vendo um livro sobre cães, quietinha, na minha… passa um fulano e começa a falar alguma coisa sobre eu estar ali lendo o livro no chão. Nao entendi direito o que ele falou, ele repetiu e nao entendi, aliás entender, entendi, mas não fazia sentido. Ele estava perguntando se eu fechava todos os livros daquela maneira, batendo. Eu estava apenas lendo, com ele aberto, nem mudando de página eu estava. Dessa vez ignorei.

***

Um apê super fofo anunciado no jornal.
– Oi gostaria de saber o valor do apartamento anunciado.
– É X, quando vc gostaria de mudar?
– Não tenho uma data ainda, estou apenas procurando prim…
– Ok,Ok, você só está fazendo eu perder o meu tempo!!!!
Tu tu tu tu tu tu tu tu tu tu desligou na minha cara.

HAJA SACO E PACIÊNCIA!!!

Welcome to NY

Depois de 4 meses fora, é estranho voltar. Pela primeira vez não senti falta alguma de NY. Acho que depois de 6 anos morando aqui eu já poderia voltar para o Brasil sossegada. Claro que ainda não fiz muitas coisas, mas acho que nunca irei chegar no ponto que direi: “Já fiz tudo que deveria ter feito aqui e posso voltar”. Sempre faltará alguma coisa pra fazer, mesmo estando aqui há 20 anos. Lí um post da Fernanda que caiu como uma luva nesse momento. Já cansei de muitas coisas aqui, entre elas o episódio que vou relatar abaixo.

Fui com a minha irmã a uma loja chamada Terra Nova. Levamos várias blusas para o provador, tiramos do cabide e íamos colocando as que já tinhamos provado em cima de um puff que ficava lá no meio dos provadores. Sim, estava uma bagunça, mas ainda estávamos provando, vendo qual levar, qual deixar. A menina que toma conta do provador veio perto da gente e disse: “De quem é essa bagunça aqui, de vocês?” Eu disse que sim e ela pediu para que colocassemos no cabide. PQP, eu ainda estava provando as roupas, mesmo assim, ela não precisava implicar com isso, afinal normalmente as vendedoras é quem acabam colocando de volta no cabide, não os clientes. Como eu ignorei a última frase dela, ela foi chamar a gerente. Eu achei que ela só podia estar ficando maluca, aí falei que eu ainda não tinha acabado de provar a roupa, e ela me responde: “Porque não me disse isso? você me ignorou, não respondeu nada” Nossa, tão difícil perceber né que ainda estávamos provando, precisava eu dizer? Fiquei revoltada com esse comportamento que é tão comum aqui nessa cidade, não, ainda não me acostumei, e nunca vou me acostumar. Aqui aquele ditado é muito bem colocado: “os incomodados que se mudem”. As pessoas não tem o mínimo respeito nem educação. Tratam os clientes como se eles fossem ninguém, apenas uma pessoa a mais na loja para encher o saco. Eu procuro não arrumar encrenca, mas em situações como essa, eu não consigo engolir o sapo, senão depois me dá congestão. Quando devolvi as roupas eu perguntei se assim estava bom, todas no cabide, assim ela teria menos trabalho para fazer. A menina ficou com muita raiva, começou a berrar, eu respondia de volta e a “gerente” apareceu de novo. A menina berrava e falava pra gerente que tinha pedido “por favor” para que nós colocássemos a roupa no cabide depois que acabássemos. Além de louca é mentirosa. Por incrível que pareça a gerente mal ouvia o que eu dizia, só prestava atenção na menina que falava cada vez mais alto e então me pediu desculpas por obrigação e ainda foi consolar a “vítima”. Me poupe… é a segunda vez que eu tenho problemas em uma loja e o gerente ao invés de ser alguém que vai ensinar como as coisas tem que ser feitas, passa a mão na cabeça apoiando o destrato com os clientes. Fora os “next” grosseiros nas filas dos caixas, os “excuse-me” mal educados que não aguento mais ouvir. Pode ser que isso passe nas próximas semanas, mas a minha vontade agora é refazer minha malinha e dizer bye bye pra sempre.

911 funciona

Bom não queria entrar muito em detalhes sobre o que me aconteceu semana passada, mas resumindo, tive uma emergência médica e fiquei 2 dias no hospital. O que mais me impressionou é a eficiência e a rapidez do 911. A emergência acontece, você chama e rapidinho eles estão aqui. Desde que mudei pra cá eu vejo todo mundo falando do 911, se tem algum problema, chama e eles vêm atender. Uma vez que precisei foi quando socorri a velhinha que havia caída no chão, que aliás naquela ocasião eles demoraram, talvez pq não fosse uma “emergência”. Vira e mexe vejo carro de bombeiros, polícia sempre atendendo à algum chamado na vizinhança. Se fosse no Brasil e eu tivesse passado mal, não iria ligar pro 190, não sei pra quem ligaria, enfim, aqui pela primeira vez precisei e funcionou direitinho. Vieram bombeiros e paramédicos em menos de 5 minutos.

Fui levada pro hospital e descobrimos que emergência é gratuito, pois quando o bombeiro perguntou o hospital de nossa preferência, pedimos um que atendesse o nosso convênio, foi aí que ele nos informou que atendimento de emergência é de graça. Já estou ficando conhecedora dos locais de emergência, primeiro foi na montanha de ski, que desci a montanha sendo puxada pelos “salva-vidas” naquela maca que vai deslizando (uma delícia). Depois foi a emergência no Charles de Gaule e agora a primeira aqui em NY, acho que pra compensar minha imuninade durante a infância e adolescência, deixava os hospitais e acidentes para a minha irmã :-). Aliás falando nela, lembrei de um caso em que ela precisou ser levada às pressas ao hospital e minha mãe teve que levá-la de carro, no maior trânsito, pedindo pelo amor de Deus para abrirem passagem e rezando para não bater o carro. Num caso desse deveria ter chamado a ambulância do hospital? Vem rápido? Dá pra confiar? Não sei como funciona esse serviço de emergência no Brasil, sempre vi as pessoas da própria família socorrendo e levando pro hospital de carro.

O atendimento aqui é qualquer nota. Não é o caos do Brasil, mas tá longe do que nós imaginamos de um atendimento de primeiro mundo, aliás bem longe. Alguns médicos bem simpáticos, outros nem tanto, mas sempre muito cautelosos, exagerados. Acho que porque aqui um processo deve ser coisa comum então precisam realmente tomar muito cuidado. Assinei um documento algo do tipo “against medical recomendations” pois eu estava saindo do hospital contrariando as recomendações do médico que queria me segurar lá por mais um dia para esperar fazer um exame que eu poderia muito bem voltar e fazer depois. Aí todo o cuidado acaba, se você assina o documento isentando-o, pode ir embora sem problema algum.